Orquestra de Câmara da USP celebra 30 anos com concertos especiais
Série de apresentações comemorativas começa nesta quinta-feira (13), no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo
- Data: 13/02/2025 08:02
- Alterado: 13/02/2025 08:02
- Autor: Redação
- Fonte: Agência SP
Fundada em 1995 – há exatos 30 anos, portanto -, a Orquestra de Câmara (Ocam) da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP já contribuiu para a formação de mais de 600 músicos e se consolidou entre as principais orquestras profissionalizantes de São Paulo. Para celebrar essas conquistas, ela vai realizar uma série de concertos ao longo de todo o ano, começando com a pré-temporada Imersão Ocam no Tomie, que prevê quatro concertos nesta semana no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo.
Esses concertos acontecem de quinta-feira a domingo e comemoram também os 10 anos da parceria entre a Ocam e o Instituto Tomie Ohtake, iniciada em 2015. No primeiro deles, nesta quinta-feira (13), às 19h, o Grupo de Cordas da Ocam, sob regência de William Coelho, apresenta o espetáculo Latitudes, que “visa conectar São Paulo com o cenário musical internacional”, como explica o diretor artístico da Ocam, professor Ricardo Bologna. Para isso, o grupo vai tocar composições dos brasileiros Camargo Guarnieri e Cibelle Donza e dos europeus Edvard Grieg, Gerald Finzi e Gustav Holst. Em homenagem ao centenário de Luciano Berio (1925-2003), duetos do compositor italiano para violino serão intercalados ao longo da apresentação.
A proposta do Grupo de Cordas é promover uma “viagem sonora”. Nas redes sociais da Ocam, o regente William Coelho afirma: “No repertório, há obras para cordas das mais expressivas do Romantismo até algumas menos conhecidas, além de destacar os compositores brasileiros, os grandes Camargo Guarnieri e Cibelle Donza”. Além de compositora, a paraense Cibelle Donza é diretora artística da Orquestra Filarmônica da Amazônia (Filma).
Na sexta-feira (14), também às 19h, será a vez de o Grupo de Sopros, sob regência de André Bachur, apresentar o concerto Magnética, que lembrará os 60 anos da morte do compositor francês Edgar Varèse (1883-1965), conhecido por marcar a composição no século 20 com sonoridades ousadas e estruturas inovadoras. Octandre, uma das obras mais importantes de Varèse, está no repertório. Serão tocadas também a Serenata nº 12 para Sopros, de Wolfgang Amadeus Mozart, Noneto, de Ronaldo Miranda e A Coisa Ficou Russa, de Léa Freire. Essa seleção de obras explora diferentes timbres e texturas sonoras, como explica o regente André Bachur, num vídeo divulgado na internet. “A força eletromagnética das cadências e dos contrastes vai permitir ao público sentir toda a atração, a repulsão e tudo o que esse campo sonoro pode nos fazer imaginar.”
Já no sábado (15), às 16h, e no domingo (16), às 11h, a Ocam oferecerá o mesmo concerto, em que será exibida a peça musical A História do Soldado, de Igor Stravinsky. Essas apresentações terão a participação especial do compositor Arrigo Barnabé, que fará a narração, e a interpretação dos sete músicos do Ensemble Ocam, um conjunto sinfônico reduzido, que inclui um percussionista e dois representantes de cada grupo de instrumentos: metais, madeiras e cordas.
Composta em 1918 – ainda durante a Primeira Guerra Mundial – a partir de contos populares russos, A História do Soldado acompanha um soldado sendo convencido a vender seu violino, símbolo da própria alma humana. Nesta versão da Ocam, o soldado não é europeu, como na obra original, mas um brasileiro voltando para casa, quando encontra um estranho que mais tarde revela ser o diabo. Arrigo Barnabé encarna tanto o soldado como o diabo, criando diálogos dinâmicos e teatrais entre os dois personagens.
O regente Ricardo Bologna destaca a peça como atração principal do fim de semana. “É uma das referências da música clássica e, principalmente, da música revolucionária que foi composta na primeira metade do século 20. Stravinsky veio para quebrar as barreiras e tradições de quando a música era mais romântica.” A História do Soldado é uma obra de referência, remodelada ao longo do século para atender os mais diferentes públicos. O vocalista da banda Pink Floyd, Roger Waters, por exemplo, já modernizou a trama no disco narrado The Soldier’s Tale.
Parceria entre Ocam e Instituto Tomie Ohtake
Abrir a temporada comemorativa no Instituto Tomie Ohtake reforça um dos principais objetivos da Ocam, segundo Bologna: apresentar a orquestra para a cidade. “A primeira coisa, mais importante, é levar os concertos para fora da Universidade para formar outros públicos lá fora”, afirma.
Justamente com esse objetivo a Ocam firmou a parceria com o instituto, em 2015. Na ocasião, o então regente titular e diretor artístico Gil Jardim estava à procura de espaços para tocar por São Paulo. Foi o fundador do Instituto Tomie Ohtake, o arquiteto Ricardo Ohtake, que sugeriu o átrio do museu, ambiente onde a Ocam já apresentou mais de 60 concertos abertos ao público desde então.
Ali, na ausência de um palco, orquestra e plateia dividem o mesmo espaço físico. O público pode experimentar o concerto lado a lado com os músicos, conectando-se de forma mais interativa. “Esse espaço permite que o público fique muito perto da orquestra, como se estivesse imerso dentro da música que a gente toca”, destaca Bologna.
Apresentações ao longo do ano
Desde quando foi fundada pelo maestro e professor Olivier Toni, em 1995, a Ocam é ligada ao Departamento de Música da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP. Orquestra profissionalizante, ela é formada por estudantes de música de diferentes escolas, que atuam como instrumentistas bolsistas. O ingresso nela se dá por meio de processo seletivo, realizado anualmente. Entre 2001 e 2023, a Ocam foi dirigida pelo maestro Gil Jardim. Desde 2024, tem direção artística e regência de Ricardo Bologna, professor da ECA.
A programação comemorativa de 2025 inclui apresentações na USP, no Instituto Tomie Ohtake e em outros espaços da cidade, ainda a serem definidos. Entre os convidados especiais, a Ocam deverá receber a Orquestra Sinfônica Heliópolis, regentes e solistas convidados, como os pianistas Eduardo Monteiro, Cristian Budu e Rogério Zaghi, a clarinetista Camila Barrientos, a violinista Eliane Tokeshi e o violonista Edelton Gloeden. As datas dessas apresentações ainda serão divulgadas.
A integração com a sociedade é o valor que marca a atuação da Ocam, como nota Ricardo Bologna. Além de apresentar concertos, a a orquestra age com compromisso social: desde 2021, já arrecadou nove toneladas de alimentos para comunidades carentes de São Paulo, incluindo o Ceasa e o bairro São Remo, em São Paulo, e aldeias indígenas do bairro do Jaraguá, também em São Paulo.
Serviço
Os concertos da pré-temporada Imersão Ocam no Tomie, da Orquestra de Câmara (Ocam) da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, acontecem nesta quinta-feira, às 19h, sexta-feira, às 19h, sábado, às 16h, e domingo, às 11h, no Instituto Tomie Ohtake (Rua Coropés, 88, Pinheiros, em São Paulo). Entrada grátis, sem necessidade de retirada de ingressos.