Moradores de Jacarepaguá, RJ, enfrentam extorsão de traficantes
Criminosos cobram taxas para estacionar e para a manutenção de barricadas na região
- Data: 06/02/2025 11:02
- Alterado: 06/02/2025 11:02
- Autor: Redação
- Fonte: G1
Os residentes da Grande Jacarepaguá, localizada na Zona Oeste do Rio de Janeiro, têm denunciado um cenário preocupante de extorsão por parte de traficantes, que cobram taxas para estacionar e para a manutenção de barricadas na região.
Nos últimos dois anos, o Comando Vermelho ampliou seu domínio em áreas antes controladas por milicianos ou que estavam fora do alcance de facções criminosas, adotando práticas de extorsão para acesso a serviços essenciais.
A Rua Araticum, situada no Anil, ilustra a rapidez com que o crime organizado se estabeleceu nesta localidade. Anteriormente conhecida por sua tranquilidade, essa via residencial, próxima à Floresta da Tijuca e a trilhas que conduzem a cachoeiras como a do Quitite, transformou-se em um ponto crítico de confrontos entre traficantes e milicianos.
O delegado adjunto da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), Leandro Costa, comentou sobre a escalada da violência: “A Rua Araticum ficou marcada como a Rua da Morte, devido ao elevado número de homicídios decorrentes dos conflitos entre as facções”. Desde o início deste ano, foram registradas 15 mortes apenas nesta rua, colocando-a como a segunda mais letal da região, atrás da Cidade de Deus.
As disputas pelo controle territorial entre tráfico e milícia resultaram em um aumento alarmante no número de homicídios. Em dois anos, contabilizaram-se 684 assassinatos na Grande Jacarepaguá.
Com a presença do tráfico na área, as táticas utilizadas pelas milícias foram incorporadas, incluindo a cobrança por serviços públicos e particulares. Moradores são obrigados a pagar mensalidades para acessar serviços básicos como água, luz e internet.
Recentemente, uma nova cobrança chamada “Taxa de Barricada” foi imposta aos comerciantes. Este tributo é destinado à construção de obstáculos nas ruas com o intuito de barrar o acesso policial. “Se não pagarmos, somos forçados a fechar nossos estabelecimentos“, afirmou um morador que preferiu não ser identificado.
A situação se agrava com relatos de que os traficantes também estão se apropriando de serviços existentes. Agora, oferecem internet própria aos moradores a preços exorbitantes, reforçando ainda mais seu controle sobre a comunidade.
Interceptações telefônicas revelaram conversas entre membros do tráfico discutindo estratégias para maximizar seus lucros através da exploração e roubo. Um traficante conhecido como Juan Breno Malta Rodrigues demonstrou preocupação com furtos em sua operação e sugeriu que os envolvidos deveriam trabalhar para o tráfico em vez de furtar.
A polícia tem tentado monitorar essas atividades criminosas. O delegado Leandro Costa mencionou que investigações recentes ajudaram a esclarecer como as quadrilhas operam na região e facilitou novas ações policiais contra o crime organizado.
Por outro lado, o secretário de Segurança Pública do Rio afirmou que as operações policiais aumentaram nos últimos meses com o objetivo de recuperar o controle da situação em Jacarepaguá. Segundo Victor Santos, “é crucial que o estado demonstre sua presença efetiva na região para restaurar a confiança da população”.
A Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) também se pronunciou sobre as informações obtidas durante as investigações relacionadas ao tráfico. Informaram ter realizado diversas revistas no presídio onde um dos envolvidos está detido e prometeram rigor na apuração das circunstâncias relacionadas às comunicações ilícitas entre os criminosos.