Festa junina supera carnaval em popularidade no Brasil
Festa Junina se destaca como o evento popular mais frequentado nas capitais brasileiras, revela pesquisa
- Data: 31/01/2025 07:01
- Alterado: 31/01/2025 07:01
- Autor: Redação
- Fonte: Agência Brasil
Crédito:Marcello Casal Jr./Agência Brasil
Uma pesquisa realizada pelo Instituto JLeiva Cultura & Esporte, com apoio do Itaú e do Instituto Cultural Vale, revelou que a festa junina é o evento popular mais mencionado pelos moradores das capitais brasileiras. De acordo com o levantamento intitulado “Cultura nas Capitais“, 78% dos entrevistados afirmaram ter participado de festas juninas nos últimos 12 meses, superando outras festividades, como os desfiles de carnaval, que atraíram 48% do público.
A análise foi apresentada por João Leiva, diretor da JLeiva Cultura & Esporte, que ressaltou a predominância das festas juninas em comparação ao carnaval. “Em nenhuma capital a festividade de carnaval superou a festa junina na preferência popular. No Recife, a diferença entre as duas ficou dentro da margem de erro, com 74% para festas juninas e 71% para o carnaval. Nas demais capitais, a diferença foi superior a 10 pontos percentuais”, explicou.
Leiva sugeriu que a maior descentralização das festas juninas pode ser um dos fatores que explicam sua popularidade. Essas celebrações ocorrem em escolas e igrejas católicas, alcançando um público diversificado e abrangente. Ademais, as festas juninas são realizadas ao longo de um período mais extenso do ano, diferentemente do carnaval.
“A diversidade de eventos e a ampla distribuição geográfica contribuem para um maior acesso às festas juninas. Contudo, mesmo os grandes eventos dessa natureza não têm o mesmo alcance midiático que os grandes desfiles de carnaval”, acrescentou Leiva.
Sertanejo é o Gênero Musical Preferido
A pesquisa também revelou que o gênero musical sertanejo é o favorito em 15 das 27 capitais do Brasil, sendo mencionado por 34% dos entrevistados como um de seus três ritmos preferidos. O sertanejo ultrapassa a soma dos percentuais de samba (11%) e pagode (18%). Em ordem decrescente de popularidade entre os gêneros musicais estão: MPB (27%), gospel (24%), rock (21%), pop (17%), forró (16%) e funk (11%). O samba aparece na oitava posição, à frente do rap (9%).
Leiva observou que o sertanejo apresenta uma característica interessante: é amplamente apreciado em todas as faixas etárias, exceto entre os jovens de 16 a 24 anos, onde ocupa a quarta posição na preferência musical.
A pesquisa foi conduzida entre 19 de fevereiro e 22 de maio de 2024 e ouviu 19.500 pessoas acima de 16 anos nas 26 capitais brasileiras e no Distrito Federal.
Diversão Fora de Casa
Embora o cinema seja considerado a principal atividade cultural fora de casa, apenas 48% dos entrevistados frequentaram salas de cinema no último ano. Curiosamente, um terço dos participantes nunca visitou um museu e 38% não assistiram a nenhuma peça teatral durante esse período.
Leiva destacou que atividades culturais realizadas em casa ou em ambientes acessíveis tendem a ser mais citadas pelos participantes. Os dados mostram que o maior acesso se dá através da leitura (62%) e jogos eletrônicos (51%), que não necessitam deslocamento.
O estudo indica uma queda no consumo de atividades culturais entre 2017 e 2024, exceto para jogos eletrônicos. Essa diminuição afetou principalmente homens e indivíduos das classes sociais mais baixas. A pandemia de covid-19 pode ter influenciado essa mudança nos hábitos culturais, conforme apontado por Leiva.
Perfil do Público Cultural
A pesquisa revela que aqueles que mais participam de atividades culturais são predominantemente brancos, jovens e possuem maior escolaridade e renda. As mulheres demonstram maior interesse por atividades culturais, mas frequentemente enfrentam barreiras para participar. Entre os idosos, a exclusão cultural é alarmante: muitos deles relataram não ter participado de nenhum evento cultural no último ano.
A escolaridade tem uma correlação direta com o acesso à cultura; quanto maior o nível educacional, maior é a participação em eventos culturais. Por exemplo, enquanto apenas 9% das pessoas com ensino fundamental assistiram a peças teatrais, esse número sobe para 40% entre aqueles com ensino superior.
As disparidades econômicas também são significativas: apenas 3% das pessoas das classes D/E compareceram a concertos em comparação aos 20% da classe A. Para Leiva, melhorar a educação e promover uma distribuição equitativa da renda são fundamentais para aumentar o acesso à cultura no Brasil.
Em conclusão, o levantamento evidencia tanto os desafios quanto as oportunidades para promover uma maior inclusão cultural no país. A descentralização dos equipamentos culturais é essencial para garantir acesso equitativo às diversas manifestações culturais disponíveis.