Trump Anuncia Novo Decreto para Expansão de Detenção de Imigrantes em Guantánamo
Trump anuncia plano para ampliar prisão em Guantánamo e deter 30 mil imigrantes irregulares; polêmica reacende debate sobre imigração e direitos humanos.
- Data: 29/01/2025 22:01
- Alterado: 29/01/2025 22:01
- Autor: redação
- Fonte: Folhapress
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, revelou um novo decreto nesta quarta-feira (29) que visa a preparação de uma instalação na prisão de Guantánamo, localizada na ilha de Cuba, com a capacidade para acolher até 30 mil imigrantes em situação irregular detidos no território americano.
Durante um evento na Casa Branca, Trump afirmou: “Temos 30 mil camas em Guantánamo para deter os piores criminosos e estrangeiros ilegais que ameaçam o povo americano. Alguns deles são tão perigosos que não podemos confiar nos seus países de origem para mantê-los, pois não queremos que retornem. Isso aumentará nossa capacidade de detenção imediatamente. É um local difícil de escapar”.
O presidente também fez referência à situação da Venezuela, alegando que o crime naquele país caiu 77% após a deportação de membros de gangues e traficantes para os Estados Unidos, embora não tenha apresentado evidências para sustentar sua afirmação.
A prisão em Guantánamo foi inaugurada em 2002 durante a administração de George W. Bush, como uma resposta aos ataques terroristas de 11 de setembro do ano anterior. Desde então, a instalação tornou-se sinônimo de controvérsias envolvendo práticas de tortura e gerou grande preocupação entre as administrações subsequentes.
Em fevereiro do ano passado, a Folha esteve presente na base militar americana em Guantánamo e acompanhou o depoimento do psicólogo James Mitchell, considerado um dos arquitetos das “técnicas avançadas de interrogatório” empregadas pela CIA em locais secretos conhecidos como “black sites” durante os primeiros anos da Guerra ao Terror.
Essas práticas incluíam métodos como o afogamento simulado (waterboarding), golpes contra a parede (walling) e privação prolongada do sono. Além disso, alguns prisioneiros foram submetidos à “hidratação retal”, um procedimento considerado por advogados como estupro.
Embora Barack Obama tenha banido tais práticas durante seu governo (2009-2017) e tentado fechar a prisão sem sucesso, Trump reverteu o foco ao indicar que poderia reinstituir o waterboarding. Após isso, recuou da proposta. O atual presidente Joe Biden também defendeu o fechamento da instalação, mas não deu prioridade à questão como seu antecessor.
A Secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, juntamente com Tom Homan, ex-czar da fronteira sob Trump, discutiram a proposta com jornalistas. Homan esclareceu que já existe um centro para migrantes na instalação há várias décadas e que a intenção é expandir essa estrutura existente. Ele mencionou que o ICE (Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas) seria responsável pela gestão do local.
Noem acrescentou que a Casa Branca busca utilizar os recursos já disponíveis para implementar a proposta: “Estamos indo atrás desses caras,” afirmou.
A nova medida foi anunciada por Trump durante a assinatura da lei Laken Riley, a primeira legislação aprovada pelo Congresso sob sua administração. O caso de Riley, assassinada por um imigrante irregular posteriormente condenado à prisão perpétua, alimentou a retórica anti-imigração que permeou a campanha do republicano e seus aliados no Congresso.
Conforme estipulado no decreto, as autoridades federais serão obrigadas a prender qualquer imigrante detido ou acusado de crimes graves como roubo, agressões ou homicídios.