Lula busca corrigir rumores sobre Pix e reconquistar confiança dos empreendedores
Campanha esclarecedora será voltada para autônomos e pequenos empresários, após crise gerada pela falsa taxação.
- Data: 19/01/2025 14:01
- Alterado: 19/01/2025 14:01
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: FOLHAPRESS
Crédito:Marcelo Camargo/Agência Brasil
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está tomando medidas para lidar com o aumento da insatisfação entre autônomos e empreendedores, exacerbada pela crise envolvendo o sistema de pagamentos Pix. A administração reconhece a urgência em restabelecer o diálogo com esses grupos, que se tornaram alvo de desinformação e fake news.
Aliados do presidente observam que a relação com os trabalhadores autônomos já estava complicada e piorou com a propagação de boatos sobre uma possível taxação nas transações feitas via Pix. Em resposta, a Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) notificou na última sexta-feira (17) as agências de publicidade sobre a necessidade de criar uma campanha esclarecedora voltada para esses públicos.
A campanha, ainda em desenvolvimento, será focada principalmente nos empreendedores, que são os mais afetados pelas recentes decisões. Essa não é a primeira vez que Lula enfrenta a necessidade de corrigir informações incorretas dirigidas a esse grupo. Durante sua campanha eleitoral de 2022, o presidente precisou refutar alegações de que seu governo pretendia eliminar os microempreendedores individuais (MEI), originadas por Jair Bolsonaro (PL).
Na época, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ordenou a remoção das postagens de desinformação. Com a crise do Pix, o governo reconheceu que perdeu o controle da narrativa e decidiu recuar, mas ainda há receios de que os danos não se limitem a essa reversão.
Críticas à medida da Receita Federal
Conselheiros próximos a Lula argumentam que a medida da Receita Federal, que aumentaria a fiscalização sobre transações, deveria ter sido evitada, já que faltou planejamento político adequado. Segundo esses aliados, nem mesmo a equipe econômica entendeu completamente as repercussões, pois não houve discussão prévia com a Casa Civil ou com o Ministério de Micro e Pequena Empresa, liderado por Márcio França.
A forma como as novas regras foram divulgadas também foi criticada, com a necessidade de articulação com líderes e instituições capazes de facilitar um diálogo eficaz com os cidadãos. Nath Finanças, influenciadora do Conselhão, foi citada como exemplo de alguém que poderia ter ajudado nessa comunicação.
Antes mesmo de assumir oficialmente a Secom, Sidônio Palmeira solicitou uma campanha informativa sobre o monitoramento da Receita Federal em relação ao Pix. No entanto, um dia antes de sua posse, o ministério pediu uma estratégia digital para combater a desinformação sobre a falsa taxação. Na noite anterior à revogação da medida, a Secom comunicou à agência Calia, responsável pela campanha, sobre o cancelamento da ação publicitária.
Desafios contínuos no diálogo com empreendedores
A comunicação com autônomos e empreendedores tem sido um desafio constante para o governo desde as eleições. O discurso alinhado ao bolsonarismo encontrou ressonância nesse público, evidenciado pelo bom desempenho de Pablo Marçal (PRTB) nas periferias de São Paulo, com uma plataforma voltada ao empreendedorismo.
Lula também tem se esforçado para apoiar esse segmento com iniciativas como o programa Acredita, que busca expandir o acesso ao crédito para pequenos empresários e famílias de baixa renda. Apesar de ser considerado um grande passo, o programa enfrentou obstáculos devido à falta de tempo para um evento formal de lançamento.
A oposição explorou os medos sobre o Pix, sugerindo que microempreendedores seriam penalizados pela nova abordagem da Receita Federal. Embora membros da equipe econômica tenham tentado desmentir essa narrativa, as preocupações persistiram, especialmente após um vídeo viral de Nikolas Ferreira (PL-MG), que amplificou o medo entre os empreendedores.