Turismo em Guarujá sofre queda com viroses e falta d’água; comerciantes buscam soluções
Desafios no turismo em Guarujá: queda de visitantes, surtos de virose e falta d'água ameaçam a temporada de verão na Baixada Santista.
- Data: 18/01/2025 14:01
- Alterado: 18/01/2025 14:01
- Autor: redação
- Fonte: Folhapress
Crédito:Governo de São Paulo/Divulgação
A movimentação na praia de Pitangueiras, em Guarujá, na Baixada Santista, foi notável em uma terça-feira de verão. Contudo, a observação de Clebson Borges da Silva, um comerciante local com uma década de experiência, revela que a frequência de visitantes está aquém do esperado para a temporada. Assim que avistam uma nova família se aproximando, os comerciantes locais rapidamente tentam oferecer seus serviços, competindo entre si em uma abordagem quase lúdica.
Recentes investimentos do Governo de São Paulo em infraestrutura para melhorar o acesso ao litoral, como o túnel Santos-Guarujá e a construção da terceira pista na rodovia dos Imigrantes, não parecem ter traduzido-se em satisfação dos turistas. Questões como surtos de virose, arrastões e problemas no abastecimento de água têm gerado descontentamento e cancelamentos significativos nas reservas hoteleiras. Segundo dados da Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo (Fhoresp), a Baixada Santista registrou cerca de 19% de cancelamentos.
Arthur Veloso, presidente do sindicato da região, declarou que este foi o “pior começo de ano” para o setor turístico nos últimos anos. Embora haja expectativas de recuperação nos próximos meses, muitos comerciantes, como Clebson, acreditam que só verão melhora nas finanças durante eventos como o Carnaval e a Semana Santa.
Em um esforço para reverter a percepção negativa sobre Guarujá, o prefeito Farid Mali (PL) compartilhou um vídeo onde consome água do mar na praia de Pitangueiras, incentivando os turistas a visitarem a cidade. Os registros iniciais do surto de virose revelaram 1.326 casos no primeiro fim de semana do ano; na semana seguinte, esse número caiu para 520.
No entanto, turistas como Marisele dos Anjos e Simone Moraes notam que a quantidade de visitantes diminuiu consideravelmente. Ambas atribuíram essa queda à crise financeira e aos recentes casos de gastroenterite relacionados ao norovírus. Marisele relatou ter passado mal na virada do ano, enquanto Simone percebeu um aumento nas reclamações sobre os preços dos aluguéis em sua propriedade.
A falta d’água é outro problema enfrentado por moradores locais. As duas amigas confirmaram que a pressão da água retornou recentemente nas residências após períodos críticos. A insatisfação culminou em um protesto contra a Sabesp no dia 18 de janeiro. José Manoel Gonçalves, engenheiro e presidente da Associação Água Viva, afirmou que a cidade carece de infraestrutura adequada por parte da companhia responsável pelo saneamento.
Gonçalves também comentou sobre o impacto do surto viral: “A população que chegou aqui acabou contaminada. Isso causou um mal-estar geral e afetou o comércio local.” A segurança na praia conta com uma presença reforçada da Guarda Civil e da Polícia Militar, através da Operação Verão, que adicionou 3.000 policiais às ruas. A Secretaria da Segurança Pública do Estado relatou uma redução de 35% nos roubos e furtos durante o período festivo comparado ao ano anterior.
No entanto, casos recentes de arrastões ainda geram apreensão entre os frequentadores das praias. Caique Amaral, um jovem visitante, relatou preocupação constante tanto com possíveis assaltos quanto com os riscos associados ao surto viral.
Marco Antônio de Couto Perez, secretário municipal de Defesa e Convivência Social, minimizou as preocupações com segurança ao afirmar que eventos semelhantes ocorrem em todas as cidades, mas ganham mais destaque quando acontecem em Guarujá. Ele também expressou otimismo sobre uma recuperação no turismo local.
Problemas semelhantes foram observados em Bertioga. Maria Eduarda Lisboa decidiu vender presilhas na praia local para escapar da crise em Guarujá, comentando que as pessoas estão hesitantes em visitar devido à insegurança percebida na região vizinha. Na área gerida por Maria Luisa Amparo, dona de um restaurante e loja de biquínis, alguns clientes cancelaram suas reservas após o surto viral. Apesar disso, não foram registrados óbitos ou internações pela doença.
A falta d’água persiste como um desafio significativo durante a alta temporada. A prefeitura reconheceu que a população flutua drasticamente durante os feriados, passando de 62 mil para 500 mil habitantes. A gestão municipal assegura ter realizado obras emergenciais para mitigar os problemas e mantém diálogo contínuo com a Sabesp.
A administração estadual também se comprometeu a monitorar a situação das infecções e a qualidade da água potável nas praias afetadas.