Argentina Registra Menor Taxa de Homicídios em 25 Anos sob Gestão de Javier Milei

Argentina registra menor taxa de homicídios em 25 anos sob governo Milei; medidas polêmicas geram críticas e aumento da presença policial.

  • Data: 17/01/2025 01:01
  • Alterado: 17/01/2025 01:01
  • Autor: redação
  • Fonte: Folhapress
Argentina Registra Menor Taxa de Homicídios em 25 Anos sob Gestão de Javier Milei

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Na Argentina, a situação da segurança pública ganhou um novo contorno sob a presidência de Javier Milei, especialmente em um ano eleitoral que promete renovação parcial do Congresso. A administração atual celebra não apenas a movimentação política, mas também uma conquista significativa: a taxa de homicídios atingiu o menor patamar em 25 anos.

De acordo com dados oficiais, no primeiro ano de governo, o índice de assassinatos por 100 mil habitantes caiu para 3,8, representando a menor marca desde que os registros começaram, em 2000. Essa redução posiciona o país entre as nações com as taxas mais baixas da América Latina.

O total de homicídios dolosos registrados foi de 1.810, o que significa uma diminuição de 11,5% em comparação a 2023. As quedas mais acentuadas ocorreram na província de Santa Fe e na cidade de Rosário, notoriamente afetadas pela violência do narcotráfico. Em Santa Fe, os assassinatos despencaram em 55%, enquanto em Rosário a redução foi ainda mais drástica, alcançando 65%. Esses números representam os menores índices registrados nessas áreas em pelo menos uma década.

A ministra da Segurança, Patricia Bullrich, figura proeminente do governo e ex-candidata presidencial, destacou essas estatísticas em sua comunicação. Bullrich, que já integrou um grupo guerrilheiro durante a ditadura militar argentina (1976-1983), é amplamente popular, com índices de aprovação frequentemente superiores aos do próprio presidente Milei.

A escalada da violência na Argentina não é um fenômeno recente; no entanto, os especialistas se questionam sobre o motivo pelo qual uma solução eficaz parece ter surgido agora. Gustavo Gonzalez, professor da Universidade Nacional do Litoral e especialista na área, atribui a melhoria à colaboração entre o governo nacional e o provincial.

“A formação de uma aliança que favoreceu a coordenação entre as forças de segurança foi fundamental para melhorar a distribuição dos recursos e garantir um comando unificado”, explica Gonzalez.

Essa estratégia conjunta, chamada Plano Bandeira, levou à drástica queda na taxa de homicídios em Rosário, que passou de 19,92 por 100 mil habitantes em 2023 para apenas 6,84 no ano seguinte. A cidade, conhecida como berço de ícones do futebol mundial como Lionel Messi e Che Guevara, havia sido anteriormente marcada pela violência ligada ao tráfico de drogas e grupos organizados.

A colaboração entre Bullrich e Maximiliano Pullaro, governador de Santa Fe e ex-ministro da Segurança provincial, demonstra um alinhamento político significativo. Pullaro pertence à União Cívica Radical, que tem colaborado com o governo Milei apesar das divisões internas. Além disso, a Prefeitura de Rosário também está sob o controle de um aliado político.

A atual sinergia entre diferentes forças políticas é notável em um contexto onde as interações anteriores foram marcadas por tensões. A nova abordagem tem levantado especulações sobre possíveis acordos secretos entre autoridades e membros do narcotráfico; no entanto, Gonzalez afirma não haver evidências concretas que sustentem essa teoria.

Ele destaca também o aumento da presença policial nas ruas como um fator crucial para a redução dos crimes. Em Rosário, os homicídios ocorridos em espaços públicos diminuíram 68%, enquanto aqueles registrados dentro das residências reduziram 57%.

A expectativa é que a taxa de resposta das instituições judiciais locais aumente conforme o número de casos diminui. Dados recentes indicam que a Argentina pode se tornar o segundo país com a menor taxa de homicídios na América Latina e no Caribe, atrás apenas de El Salvador.

Com uma taxa de 1,9 homicídio por 100 mil habitantes em 2024, El Salvador lidera este triste ranking. Comparativamente, países como Peru estão projetando taxas superiores a cinco homicídios neste mesmo ano devido ao aumento dos crimes violentos. Já no Chile e no Brasil as taxas observadas foram significativamente maiores: 6,3 e 18,7 homicídios por 100 mil habitantes respectivamente.

Entretanto, investigações estão sendo realizadas acerca de eventuais abusos nas práticas policiais sob a gestão atual. A política adotada por Milei e Bullrich ainda está se configurando e suscita críticas devido a medidas controversas implementadas recentemente.

Entre estas ações está a redução da idade mínima para porte de armas de 21 para 18 anos e o estabelecimento do “protocolo antipiquetes”, que autoriza o uso das forças nacionais para controlar manifestações públicas sem necessidade prévia de autorização judicial. A ONG Anistia Internacional relatou que mais de mil pessoas foram feridas em protestos em função da atuação violenta das forças de segurança neste ano.

Mariela Belski, diretora-executiva da Anistia Internacional na Argentina, criticou as políticas do governo afirmando que “transformam o direito ao protesto pacífico em um crime” e alertou sobre os riscos à integridade física e liberdade individual dos cidadãos.

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  • Data: 17/01/2025 01:01
  • Alterado:17/01/2025 01:01
  • Autor: redação
  • Fonte: Folhapress









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