Relatório Municipal Reitera Proibição de Caronas em Motocicletas em São Paulo

Prefeitura reforça proibição e 99 contesta com novo serviço.

  • Data: 14/01/2025 22:01
  • Alterado: 14/01/2025 22:01
  • Autor: redação
  • Fonte: Folhapress
Relatório Municipal Reitera Proibição de Caronas em Motocicletas em São Paulo

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Um grupo de trabalho instituído pela Prefeitura de São Paulo apresentou um relatório final que conclui pela falta de segurança nas caronas em motocicletas, mediadas por aplicativos de celular. O documento, elaborado por especialistas da administração municipal, foi divulgado em julho de 2024 e classifica a prática como um “grande risco à saúde pública”.

O estudo se opõe à legalização do transporte de passageiros por meio de motos, baseando-se em estatísticas que evidenciam os motociclistas como os principais afetados por acidentes fatais no trânsito. De acordo com o relatório, essa modalidade “não se alinha aos parâmetros de segurança viária, considerando as particularidades da cidade de São Paulo”. Atualmente, o serviço permanece proibido na capital há dois anos.

A empresa 99 anunciou, em 14 de julho, o lançamento do serviço de transporte por motocicletas na cidade, contrariando a proibição vigente. Em defesa de sua posição, a empresa argumenta que a restrição viola a Política Nacional de Mobilidade Urbana (PNMU), que foi aprovada em 2018 e permite o transporte individual de passageiros via aplicativos para motos.

A 99 ressalta que a legislação confere às prefeituras a capacidade de regulamentar e fiscalizar a atividade, mas não autoriza a proibição total do serviço. Essa interpretação já foi respaldada por decisões anteriores do Tribunal de Justiça de São Paulo, que derrubaram proibições semelhantes em municípios como São Bernardo do Campo e Franco da Rocha.

Por outro lado, a gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) refuta esse entendimento, apontando cláusulas da mesma PNMU que conferem ao município o poder de regulamentação e fiscalização sobre o transporte por aplicativo.

Um trecho da legislação determina que apenas motoristas que atendam a requisitos específicos estabelecidos pela autoridade de trânsito e pelo poder público municipal podem operar o serviço. A interpretação desta norma tem gerado divergências entre as empresas e a prefeitura.

O relatório elaborado pelo grupo técnico adverte que a introdução comercial das caronas em motocicletas resultaria em um aumento da circulação desses veículos nas vias urbanas, o que eleva as preocupações relacionadas à segurança viária.

Este grupo foi constituído em janeiro de 2023, após o anúncio semelhante pela Uber. Na ocasião, a prefeitura havia emitido um decreto suspendendo indefinidamente as caronas mediadas por aplicativo. O objetivo era avaliar os impactos da nova modalidade e decidir sobre sua autorização ou manutenção da proibição; ao fim dos trabalhos, optou-se pela continuidade da proibição.

Após 13 reuniões com representantes das empresas e técnicos municipais, o relatório foi finalizado. O prefeito Nunes anunciou que a prefeitura tomará medidas legais contra o novo serviço e reforçará a fiscalização. Ele afirmou ter mantido diálogos com representantes da 99, reiterando que não existe autorização para as caronas em motocicletas.

“Não permitiremos que essa empresa opere aqui e cause tragédias. São assassinos”, declarou o prefeito durante uma coletiva.

A 99 respondeu alegando ter buscado diálogo com as autoridades municipais sem sucesso. A companhia defende que seu serviço não deve ser confundido com o mototáxi regulado pelas prefeituras, comparando-o à diferença existente entre táxis tradicionais e caronas oferecidas por aplicativos.

No comunicado sobre seu novo serviço, a 99 destacou que implementou mais de 50 recursos voltados à segurança dos usuários. Entre eles estão alertas visuais e sonoros para controle de velocidade, monitoramento em tempo real das corridas e um botão de emergência disponível 24 horas.

A empresa também promove ações educativas, como treinamento online para motoristas sobre direção defensiva e orientações para passageiros sobre comportamentos seguros durante as viagens. Atualmente, tanto a 99 quanto a Uber oferecem caronas em motocicletas em diversas cidades da região metropolitana.

No período entre janeiro e novembro deste ano, São Paulo registrou 935 mortes no trânsito — uma média superior a duas fatalidades diárias — representando um aumento próximo a 13% em comparação ao ano anterior. Os dados do Infosiga indicam que o número de motociclistas mortos saltou de 318 para 384 nesse mesmo intervalo temporal.

Em todo o estado, foram contabilizados 2.390 óbitos envolvendo motociclistas, correspondendo a mais de 40% do total de mortes no trânsito.

Após o anúncio da 99, o SindimotoSP — sindicato dos motociclistas do estado — manifestou-se contra o novo serviço. O sindicato afirma que tal iniciativa desrespeita normas vigentes e pode contribuir para um aumento no número de vítimas fatais.

Embora contrário às caronas mediadas por aplicativos em motos, o relatório sugere que o uso dos chamados tuk-tuks (triciclos com cabine) poderia ser menos prejudicial. A liberação desse tipo de transporte é uma demanda da empresa Grilo, atualmente autorizada apenas para entregas.

No entanto, qualquer autorização para os tuk-tuks estaria condicionada à criação de uma regulamentação específica e estudos adicionais para implementar um projeto piloto com requisitos mínimos estabelecidos previamente.

A Grilo tem pressionado a prefeitura para que avance nessa regulamentação, mas até agora não houve publicações oficiais sobre as novas regras.

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  • Data: 14/01/2025 10:01
  • Alterado:14/01/2025 22:01
  • Autor: redação
  • Fonte: Folhapress









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