Pacientes denunciam clínica de estética e apontam deformações em procedimentos
Investigados por complicações em procedimentos estéticos, Karine Gouveia e Paulo Cesar Dias Gonçalves, proprietários da clínica de alto padrão, estão detidos há cerca de um mês.
- Data: 14/01/2025 20:01
- Alterado: 14/01/2025 20:01
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: FOLHAPRESS
Crédito:Arquivo Pessoal
Em Goiânia (GO), os proprietários de uma clínica de estética de alto padrão, Karine Gouveia e Paulo Cesar Dias Gonçalves, estão sob investigação por supostas lesões causadas a seus pacientes. Os empresários encontram-se detidos há aproximadamente um mês.
O delegado Daniel Oliveira, da Polícia Civil, informou que até dezembro do ano passado, 60 denúncias haviam sido registradas contra a clínica. As queixas não se limitam a Goiás, incluindo relatos de pacientes oriundos de outras regiões do Brasil e até do exterior, todos alegando complicações após procedimentos estéticos realizados no local.
A defesa dos réus classificou a prisão como “absolutamente ilegal”, argumentando que a acusação promove uma condenação pública antes da conclusão das investigações, o que caracterizaria um abuso de autoridade. Os advogados mencionaram o famoso caso da Escola Base em São Paulo como um exemplo desse tipo de situação. Com mais de oito anos de operação e 30 mil procedimentos realizados, Karine e Paulo César afirmam que não tinham intenção de infringir a lei.
A equipe jurídica, composta pelos advogados Romero Ferraz Filho, Tito Souza do Amaral e Caio Victor Lopes Tito, ressaltou que é essencial analisar cada caso individualmente. Eles destacaram que alguns pacientes não seguiram as orientações pós-procedimento adequadas.
A reportagem da Folha conversou com quatro ex-clientes da clínica que relataram resultados aquém do esperado após os tratamentos estéticos. A maioria dos entrevistados teve conhecimento da clínica através das redes sociais. Segundo informações da Polícia Civil, influenciadores e celebridades recebiam tratamentos gratuitos em troca de divulgação dos serviços oferecidos pela clínica.
A psicóloga Vânia Maria da Silva Ribeiro, 45 anos, compartilhou sua experiência após investir R$ 18,1 mil em botox e preenchimento labial entre 2019 e 2021. Inicialmente informada sobre o uso de ácido hialurônico nos procedimentos, Vânia descobriu posteriormente que havia recebido óleo de silicone. Ela relatou: “Fui persuadida a realizar intervenções em áreas que não havia planejado, resultando em problemas estéticos significativos.” Após enfrentar complicações como bolsas nas pálpebras, ela se sentiu tão angustiada que tentou extrair o produto por conta própria.
Outro depoimento veio do empresário Marcelo Campos de Oliveira, que também passou por procedimentos na região nasal e enfrentou feridas e deformações como consequência. Ele declarou: “Esse trauma afetou profundamente minha autoestima; estou agora em uma situação financeira complicada para realizar uma correção.” Wellika do Nascimento Silva, advogada e também afetada pelos procedimentos, expressou seu desespero ao perceber as mudanças indesejadas em sua aparência.
A agente de seguros Kenia Alves, 53 anos, procurou os serviços da clínica há seis anos para aplicar botox e acabou convencida a fazer um procedimento adicional. Após alguns meses, desenvolveu caroços na área tratada.
Além dos proprietários, outros dois profissionais envolvidos foram detidos: o dentista Daniel Ferreira Lima e a biomédica Jessica Moreira dos Santos. Embora tenham sido liberados sob medidas cautelares com uso de tornozeleira eletrônica, suas atuações continuam sob análise.
A defesa de Daniel alegou que ele era apenas um funcionário da clínica e sempre buscou garantir a segurança dos pacientes. Em depoimento à polícia, ele afirmou ter realizado cirurgias sem a devida qualificação ou autorização dos pacientes para isso. A biomédica confessou que as diretrizes da empresa previam oferecer novas cirurgias em caso de complicações antes de considerar o reembolso aos pacientes.
As investigações revelaram que Karine Gouveia supervisionava procedimentos invasivos, incluindo cirurgias exclusivas para médicos – como rinoplastia e lipoaspirações – realizadas sem exames prévios ou condições adequadas em centro cirúrgico.