Justiça da Espanha condena quatro homens por violência homofóbica contra brasileiro
Sentenças de até 24 anos de prisão e indenização à família marcam o desfecho de um crime que gerou repercussão mundial.
- Data: 08/01/2025 20:01
- Alterado: 08/01/2025 20:01
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: FOLHAPRESS
Crédito:Reprodução
Na última quarta-feira (8), a Justiça da Espanha proferiu penas que variam de 10 a 24 anos de prisão para quatro indivíduos envolvidos no assassinato de Samuel Muñiz, um homem gay de origem brasileira brutalmente agredido até a morte em Corunha. O caso, que chocou a sociedade espanhola, gerou discussões sobre homofobia e violência contra a comunidade LGBTQIA+.
Samuel Muñiz, que atuava como técnico de enfermagem, foi atacado nas proximidades de uma boate em Corunha, cidade galega com cerca de 250 mil habitantes. O crime ocorreu em julho de 2021, quando Samuel tinha apenas 24 anos, e muitos jovens estavam aproveitando a reabertura dos estabelecimentos noturnos após o relaxamento das restrições pela pandemia de Covid-19.
O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, manifestou seu apoio à família de Samuel e expressou indignação diante do crime. A brutalidade do ataque gerou protestos e uma forte reação da comunidade LGBTQIA+, que apontou a homofobia como a motivação central.
Diego M.M., principal réu, recebeu 24 anos de prisão devido à agravante de discriminação por orientação sexual. O tribunal informou que Diego iniciou as agressões acreditando erroneamente que Samuel estava filmando-o durante uma videochamada com sua amiga Lina.
Na noite do crime, por volta das 3h da manhã, Lina e Samuel saíram para fumar e realizaram a videochamada. Durante a conversa, Diego, ao passar pelo local, se sentiu ameaçado e iniciou a intimidação. Mesmo com as tentativas de explicação de Samuel e Lina, Diego proferiu ameaças violentas. Samuel reagiu verbalmente, mas foi agredido fisicamente.
A agressão se intensificou quando Diego retornou ao local acompanhado por outros homens. Samuel foi perseguido e agredido com socos e chutes, caindo inconsciente. O ataque brutal durou cerca de um minuto e só cessou quando os agressores perceberam que a vítima não se movia mais.
O tribunal destacou a falta de empatia e crueldade dos réus, que deixaram Samuel ferido e desamparado na via pública.
Além de Diego M.M., Alejandro F.G. e Kaio A.S.C. foram condenados a 20 anos e 20 anos e seis meses, respectivamente. Alejandro M.R., envolvido indiretamente ao impedir que Samuel buscasse ajuda, recebeu 10 anos de prisão.
A namorada de Diego também foi julgada, mas foi absolvida por falta de evidências que comprovassem sua participação no crime. A sentença obriga os quatro condenados a pagar uma indenização de € 303 mil (cerca de R$ 1,91 milhão) à família de Samuel.
Samuel Muñiz era filho de um brasileiro e uma espanhola, vivendo na Espanha desde sua infância. Ele trabalhava em uma casa de repouso para idosos. Seu pai, em entrevista anterior ao assassinato, afirmou que Samuel era pacífico e não se envolvia em brigas ou comportamentos problemáticos.