Endividamento atinge 73 milhões de brasileiros
De acordo com a pesquisa, os brasileiros com idades entre 41 e 60 anos representam a maior fatia da população com nome restrito
- Data: 30/12/2024 18:12
- Alterado: 30/12/2024 18:12
- Autor: Redação
- Fonte: Agência Brasil
Economia
Crédito:Marcello Casal Jr. - Agência Brasil
Um levantamento recente realizado pelo Serasa revelou que aproximadamente 73,10 milhões de brasileiros enfrentam dificuldades financeiras e estão endividados. Os dados, coletados em outubro, indicam que este é o segundo maior registro do ano, apenas superado pelos números observados em abril. A entidade considera essa tendência um sinal claro de crescimento da inadimplência no país.
A pesquisa também aponta que a faixa etária mais afetada por restrições de crédito são os indivíduos entre 41 e 60 anos, representando 35,1% do total. Na sequência, encontram-se as pessoas de 26 a 40 anos com 34,0%, seguidas por aqueles acima de 60 anos com 19,2% e os jovens de 18 a 25 anos com 11,8%.
A professora Liliam Carrete, especialista em administração e finanças da FEA-USP, destaca que enfrentar o início de 2025 sem dívidas será um desafio considerável. Segundo ela, o cenário atual é desfavorável para contrair novos empréstimos, já que as taxas de juros estão nos níveis mais altos dos últimos anos.
“Endividar-se implica assumir compromissos financeiros que acarretam altos juros, o que pode consumir parte significativa da renda futura. O ideal seria reduzir ao máximo os gastos e priorizar a quitação das dívidas existentes para começar o novo ano com o menor endividamento possível”, orienta Liliam.
A especialista ressalta que embora seja fundamental conter os gastos, essa tarefa pode ser complicada devido às tentações típicas do período festivo. “Muitas vezes sentimos a necessidade de recompensar nossos esforços ao longo do ano. Contudo, é mais prudente fazer sacrifícios agora do que arcar com juros elevados durante todo o ano de 2025”, aconselha.
Renegociação como Alternativa
Outro ponto crucial abordado por Liliam é a importância da renegociação das dívidas logo no início de 2025. Quando os débitos atingem um patamar elevado em relação à renda – comprometendo mais de 30% do salário – é necessário agir imediatamente. “É recomendável começar pela renegociação das dívidas mais onerosas, como as relacionadas ao cartão de crédito”, sugere.
Liliam também enfatiza que muitos indivíduos podem se encontrar em uma situação financeira crítica. Em tais casos, é essencial identificar quais dívidas são prioritárias e necessárias para a sobrevivência. “É vital garantir recursos para alimentar a família e manter a moradia; assim, priorize pagamentos como o financiamento da casa. Já no caso do financiamento do carro, pode-se optar por parar os pagamentos ou até mesmo vender o veículo, caso isso se torne necessário”, explica.
Embora os empréstimos possam parecer uma solução viável, mesmo as opções com garantias como o crédito consignado podem apresentar taxas elevadas. “Começando em torno de 15%, essa taxa representa apenas a mínima estipulada pelo mercado; as instituições financeiras frequentemente aplicam juros ainda mais altos. Portanto, mesmo considerando o consignado, o custo pode ser bastante oneroso. A melhor alternativa continua sendo evitar novas dívidas sempre que possível”, conclui Liliam Carrete.