O que a periferia pode esperar da nova gestão de Ricardo Nunes?

Após vitória apertada, prefeito enfrenta expectativas altas em áreas críticas como transporte, saúde, habitação e cultura, refletindo desafios para atender as demandas da periferia paulistana

  • Data: 30/12/2024 09:12
  • Alterado: 30/12/2024 09:12
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Folha
O que a periferia pode esperar da nova gestão de Ricardo Nunes?

Prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB)

Crédito:Wilson Dias/Agência Brasil

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Após uma vitória apertada nas eleições municipais de 2024, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) celebrou com a frase “A periferia venceu”. Contudo, as comunidades da periferia paulistana permanecem atentas e com expectativas elevadas em relação ao futuro da cidade e à nova gestão que se inicia em 2025.

Expectativas em transporte público

Lidiane do Nascimento, uma moradora de 27 anos do bairro Vila Marte, no Sacomã, expressou sua esperança de que Nunes tenha a coragem necessária para cumprir suas promessas de campanha, especialmente no que tange a melhorias no transporte público, na saúde e na redução da população em situação de rua. “O transporte é o que mais me preocupa; atualmente, as opções são limitadas e os ônibus demoram muito”, declarou.

Com uma população estimada em 261 mil habitantes, o Sacomã ocupa a quinta posição entre os bairros mais populosos da capital, segundo o Censo 2022. O Mapa da Desigualdade de 2023 aponta que o distrito está classificado em 66º lugar no quesito acesso a transportes públicos. O plano de governo do prefeito prevê a finalização de oito corredores de ônibus e a construção de seis novas faixas durante seu próximo mandato. Entretanto, entre 2021 e 2024, apenas 6,8 km desses corredores foram efetivamente construídos.

Concorrência eleitoral acirrada

A eleição deste ano foi marcada por uma competição acirrada. No primeiro turno, Nunes obteve apenas 25 mil votos a mais que o segundo colocado, Guilherme Boulos (PSOL). Pablo Marçal (PRTB), que ficou em terceiro lugar, não conseguiu avançar para o segundo turno por uma diferença de apenas 0,97% dos votos.

Juliana dos Santos, residente do Jardim Santa Barbará em São Mateus, manifestou suas preocupações em relação ao futuro: “Minhas expectativas são baixas. Sinto receio do que ele poderá fazer e duvido que atenda às necessidades da periferia”.

Além das promessas eleitorais, os moradores enfrentam questões imediatas como a recente crise de falta de energia que afetou milhões na capital paulista. Bianca Elias, de 28 anos e moradora de Pirituba, relatou sua ansiedade diante das quedas frequentes de energia: “Quando chove, temos medo. A falta de luz tem sido um problema constante desde o ano passado”.

As tempestades ocorridas em novembro de 2023 e outubro de 2024 deixaram milhões sem eletricidade, evidenciando a fragilidade da infraestrutura urbana.

Demandas das comunidades periféricas

Isac Félix (PL), vereador reeleito com 62.275 votos na Vila das Belezas, destacou a necessidade urgente de investimentos nas áreas de saúde, habitação e educação como prioridades para a nova gestão. Anderson Jorge, morador de Paraisópolis há mais de duas décadas, também anseia por melhorias na saúde pública: “É essencial construir um hospital aqui; as filas no AMA já não são mais suportáveis”.

A comunidade de Paraisópolis é uma das maiores favelas do Brasil com cerca de 58 mil habitantes e ainda carece de instalações esportivas adequadas. Anderson comentou sobre a condição precária da pista de skate local: “Ela está praticamente inativa; poderia haver melhores espaços esportivos”.

Dheison Silva (PT), eleito vereador com 30.575 votos e natural do Grajaú, criticou a centralização das atividades culturais e esportivas na cidade. Ele pretende trabalhar para garantir que os equipamentos públicos atendam as comunidades periféricas: “Cada espaço deve ser um local para socialização e cultura”.

No que diz respeito à cultura, Kalei Silva, um produtor cultural de 28 anos do Jaçanã – um dos distritos menos favorecidos nesse aspecto –, expressou ceticismo sobre avanços significativos: “Historicamente, sempre há cortes nos orçamentos destinados à cultura e educação”. A previsão orçamentária para a Secretaria da Cultura em 2025 é inferior à do ano anterior.

Kalei enfatizou a importância da vigilância contínua sobre as ações da prefeitura: “Precisamos estar atentos para garantir que não sejamos esquecidos novamente”.

Enquanto as comunidades aguardam ansiosamente pelo início do novo mandato em janeiro de 2025, as promessas feitas durante a campanha eleitoral permanecem como faróis para suas esperanças e exigências por mudança.

Definição do secretariado

Ricardo Nunes já definiu a maior parte do secretariado para 2025, priorizando alianças políticas com partidos como PL e MDB. Entre as nomeações, destacam-se Angela Gandra nas Relações Internacionais e Rodrigo Ashiuchi no Meio Ambiente. A escolha para a Educação ainda é incerta, mas deverá refletir a força das coligações que sustentam o novo governo.

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  • Data: 30/12/2024 09:12
  • Alterado:30/12/2024 09:12
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Folha









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