Real acumula desvalorização de 21,5% em 2024
A pressão cambial, as altas taxas de juros dos EUA e a desconfiança sobre o pacote fiscal do governo agravam a instabilidade do real, mas analistas apostam na recuperação com ajustes econômicos
- Data: 18/12/2024 11:12
- Alterado: 18/12/2024 11:12
- Autor: Redação
- Fonte: Terra
Crédito:Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Na terça-feira, (17), o dólar encerrou o dia em alta, cotado a R$ 6,09, após alcançar a marca de R$ 6,20 durante as negociações. Este aumento da moeda norte-americana representa um novo recorde histórico e reflete as crescentes preocupações do mercado em relação à situação fiscal do Brasil.
No acumulado do ano de 2024, o real já acumula uma desvalorização de 21,52%, conforme os dados do índice Ptax. Este desempenho coloca a moeda brasileira entre os cinco piores resultados desde o ano 2000 e é comparável ao cenário crítico observado durante a pandemia de Covid-19, segundo Einar Rivero, analista da Elos Ayta, em entrevista à CNN.
Rivero destacou que a perda de valor do real é indicativa de um “cenário de pressão cambial persistente e desafios econômicos”. A manutenção das taxas de juros elevadas pelo Federal Reserve dos Estados Unidos tem ampliado a atratividade dos títulos americanos em comparação com as moedas de mercados emergentes, exacerbando essa situação.
Pacote Fiscal
Além disso, a desconfiança dos investidores em relação ao pacote fiscal apresentado pelo governo no final de 2023 tem contribuído para essa instabilidade. Muitos analistas acreditam que as medidas propostas não são suficientes para restaurar o equilíbrio nas contas públicas.
“A desconfiança do mercado acerca da trajetória fiscal do país continua a impactar o câmbio. O pacote fiscal divulgado no final do último ano não foi capaz de convencer os investidores”, afirmou Rivero.
A história mostra que o real é vulnerável a flutuações e crises; entre os anos 2000 e 2024, a moeda brasileira passou por 15 anos de desvalorização e apenas 10 anos de valorização. Essas oscilações geralmente ocorrem em períodos marcados por instabilidade política, recessões ou choques globais.
Ajustes Fiscais
Apesar do cenário desafiador atual, Einar Rivero expressa otimismo quanto à possibilidade de recuperação do real, desde que sejam implementadas melhorias na gestão econômica e ajustes fiscais mais efetivos. “A moeda brasileira tem potencial para recuperações significativas durante períodos de ajuste econômico e melhora nas condições globais”, enfatizou.
Para o ano de 2025, o analista projeta que o desempenho da taxa de câmbio estará atrelado à adoção de uma política fiscal mais sólida, crescimento econômico acelerado e um ambiente externo menos restritivo. “A resiliência cambial do Brasil ainda dependerá de reformas estruturais e uma gestão econômica mais previsível”, concluiu Rivero.