Bugios-ruivos são devolvidos à natureza após cuidados da Prefeitura de São Paulo
Plano de reintrodução busca preservar essa espécie em extinção e restaurar o equilíbrio ecológico
- Data: 25/11/2024 09:11
- Alterado: 25/11/2024 09:11
- Autor: Redação
- Fonte: Prefeitura de São Paulo
Bugios-ruivos
Crédito:Prefeitura de SP
Cinco bugios-ruivos que estavam sob cuidados da Prefeitura de São Paulo foram devolvidos à natureza neste mês. Uma das espécies de primatas mais ameaçadas do mundo, esses animais foram alvo de apreensão ou encontrados feridos e ficaram em tratamento intensivo no Centro de Manejo e Conservação de Animais (CeMaCAS), um local de referência na América Latina, onde receberam vacinação contra a febre amarela.
Inicialmente, os primatas passaram por cuidados médicos veterinários, além de uma bateria de exames clínicos de sangue e de imagem. Depois, foram avaliados em relação à viabilidade de seu retorno à natureza.
Foi um verdadeiro treinamento de sobrevivência na selva. O processo de reabilitação também incluiu a adaptação da dieta, constituída basicamente por folhas e frutos de árvores nativas, o fornecimento de água em ocos de árvores e bromélias, a avaliação do comportamento frente à presença humana e sua capacidade de deslocamento nos galhos da copa das árvores.
Antes da liberação dos indivíduos na mata, os bugios foram mantidos em um recinto de aclimatação por aproximadamente 15 dias. Esse tipo de soltura é denominado “soltura branda”, em que o recinto se mantém aberto, com fornecimento de alimentação, para que os animais possam retornar em caso de necessidade.
Devido à ameaça de extinção da espécie, a reintrodução à natureza somente foi autorizada após um rigoroso protocolo aprovado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICmBio) e por um comitê formado por pesquisadores e especialistas de diversos órgãos e áreas.
Em razão da importância da preservação dos bugios para o meio ambiente e da ameaça de extinção, há um grande trabalho desenvolvido pela Divisão da Fauna Silvestre (DFS) da SVMA, em parceria com a Fundação Florestal e com o Instituto de Pesquisas Ambientais da Semil, Rotary Club Tremembé, Instituto Ampara Animal, Instituto Pasteur de SP e Instituto de Medicina Tropical da USP.
Segundo Edson Montilha, biólogo e especialista em primatas da Fundação Florestal, “após os eventos da febre amarela, boa parte dessa população foi dizimada, existindo hoje apenas alguns grupos isolados que estão sendo acompanhados pelo Programa de Monitoramento de Biodiversidade MonitoraBioSP”.
Com objetivo de estudar os padrões de vida, como comportamentos referentes à interação com o ambiente e convívio em grupo, estado de saúde, rotas de deslocamento, tipos de alimentação e padrões de reprodução – especialistas acompanharão o grupo inicialmente durante 30 dias consecutivos, com o auxílio de coleiras com emissão de sinal VHF, adquiridos com apoio do Rotary Club de Tremembé, Rotary Foundation e Rotary Club de Saronno na Itália, assim como os recintos de aclimatação e outros insumos.
O monitoramento desses animais é feito pelos técnicos da SVMA e pela equipe do Instituto Ampara Animal e continuará a ser realizado após os 30 dias de rastreamento.
O bugio-ruivo, também conhecido como “barbado”, é um primata de grande porte e coloração bem avermelhada, que habita a Mata Atlântica. Vivem em grupos de três a 10 indivíduos, sendo um macho dominante, algumas fêmeas, indivíduos jovens e filhotes. Esses animais têm um papel ecológico muito importante na dispersão de sementes e na associação com outras espécies da fauna, como certas espécies de besouros. A principal característica dos bugios é a sua vocalização, sendo possível ouvi-los a quilômetros de distância.
Eles também contribuem para a manutenção das florestas e redução de impactos ecológicos – como o controle de alterações climáticas e equilíbrio da biodiversidade.
As ações de reintrodução dos bugios-ruivos ao seu habitat natural tiveram início em 1996, devolvendo indivíduos saudáveis e aptos, a fim de garantir a manutenção e a proteção das populações da espécie no município.
Importância do trabalho da Divisão da Fauna Silvestre
A DFS conta com profissionais qualificados, responsáveis pela fauna silvestre, a partir das solicitações de resgate, identificação das espécies e atendimentos dos animais feridos ou em situação de risco. Atualmente, destaca-se pelo atendimento veterinário com suporte laboratorial, que visa não apenas a recuperação, mas a reabilitação, triagem e destinação de animais silvestres, devolvendo-os à natureza ou repatriando-os.
Em 2022, a Divisão realizou a imunização de 38 animais contra o vírus da febre amarela após um surto nos anos de 2017 e 2018. A vacinação contra a febre amarela teve um resultado satisfatório e foi realizada em parceria com o Instituto de Medicina Tropical da USP e do Instituto Pasteur de São Paulo.
Parque Estadual da Cantareira
O Parque Estadual da Cantareira, local de soltura, é uma das mais importantes Unidades de Conservação do estado. O parque também é considerado um dos maiores parques urbanos do mundo e, durante muito tempo, teve as maiores populações de bugios-ruivos existentes no bioma Mata Atlântica.