Uruguai vai às urnas decidir futuro político
No segundo turno presidencial, eleitores escolhem entre a continuidade de centro-direita com Delgado ou a guinada à esquerda liderada por Orsi, em uma disputa acirrada e decisiva para o país
- Data: 24/11/2024 08:11
- Alterado: 24/11/2024 08:11
- Autor: Redação
- Fonte: Estadão
Crédito:Marieta Cazarré/Agência Brasil
Neste domingo, 24 de novembro, o Uruguai se prepara para decidir seu futuro político em um segundo turno eleitoral que promete ser acirrado. Os eleitores terão a oportunidade de escolher entre a continuidade do atual governo de centro-direita liderado por Luis Lacalle Pou ou uma mudança para a esquerda com o candidato Yamandú Orsi, representante da Frente Ampla. As pesquisas indicam uma ligeira vantagem para Orsi sobre seu oponente conservador, Álvaro Delgado, do Partido Nacional, embora essa diferença permaneça dentro da margem de erro estatística.
Com 57 anos, Orsi enfrenta Delgado, de 55 anos, pela liderança de uma das democracias mais estáveis da América Latina. O próximo presidente sucederá Lacalle Pou em março, que conclui seu mandato com alta aprovação popular, uma vez que a Constituição do Uruguai proíbe reeleições consecutivas. A candidatura de Orsi é vista como a esperança da Frente Ampla para retomar o poder perdido em 2019 após 15 anos de liderança contínua, incluindo dois mandatos de Tabaré Vázquez e um de José Mujica.
Entre os eleitores que apoiam Orsi está Silvia Martínez, uma trabalhadora doméstica de 60 anos, que expressa saudade dos tempos sob a gestão da Frente Ampla. “Nós, que estamos na base da sociedade, somos os mais afetados”, afirma Silvia, depois de participar de um comício com Mujica. O ex-presidente de 89 anos desempenhou um papel crucial na campanha de Orsi, atuando como estrategista principal e engajando-se ativamente apesar de sua saúde debilitada.
Primeiro Turno
No primeiro turno das eleições realizado em 27 de outubro, Orsi conquistou 43,9% dos votos, insuficientes para evitar um novo confronto com Delgado, que obteve 26,8%. Delgado, no entanto, assegurou apoios significativos de outros candidatos derrotados no primeiro turno, elevando sua base potencial para cerca de 47,7%.
Manuel Cigliuti, um jovem assistente administrativo de 24 anos, é um dos que apoiam Delgado. Ele valoriza as conquistas do atual governo em áreas como economia e segurança pública. No entanto, analistas como Eduardo Bottinelli apontam para uma disputa extremamente equilibrada e ressaltam que o resultado pode ser decidido por uma margem estreita similar à eleição passada.
Independentemente do vencedor deste pleito apertado, espera-se uma transição pacífica e cooperação entre os partidos rivais dado o cenário parlamentar dividido: enquanto a Frente Ampla conquistou maioria no Senado com 16 das 30 cadeiras disponíveis, a coalizão governista obteve controle da Câmara dos Deputados com 49 dos 99 assentos.
Embora ambos os candidatos prometam impulsionar o crescimento econômico e reduzir o déficit fiscal sem aumentar impostos, suas abordagens divergem na política externa; Orsi prioriza fortalecer laços no Mercosul enquanto Delgado busca maior integração global. A segurança pública permanece como principal preocupação dos eleitores uruguaios nesta eleição decisiva.