Agressões contra pessoas LGBTQIAP+ no Rio de Janeiro aumentam
Casos de transfobia preocupam com mais de 140 registros
- Data: 07/11/2024 14:11
- Alterado: 07/11/2024 14:11
- Autor: Redação/AI
- Fonte: G1
LGBTQIA+
Crédito:Marcelo Camargo/Agência Brasil
Nos últimos meses, a rede municipal de saúde do Rio de Janeiro registrou um aumento preocupante no número de atendimentos a vítimas de violência motivada por identidade de gênero ou orientação sexual. De acordo com dados divulgados pela Secretaria Municipal de Saúde, entre janeiro e outubro deste ano, foram contabilizados 451 casos de agressões contra a população LGBTQIAP+, representando um acréscimo de 3,6% em comparação ao mesmo período do ano anterior, que registrou 435 incidentes.
Um dos dados mais alarmantes é o referente à transfobia, responsável por mais de 140 notificações. Entre as vítimas, mulheres trans aparecem com destaque na busca por atendimento médico nas unidades municipais. Este cenário ilustra uma crescente necessidade de medidas eficazes para combater a discriminação e a violência contra essa comunidade.
O caso da cabeleireira Ágatha Taringa exemplifica a brutalidade enfrentada por muitas dessas vítimas. Em 2021, Ágatha foi violentamente atacada na Estação Deodoro enquanto se dirigia ao trabalho. O ataque resultou em ferimentos graves, incluindo fraturas na arcada dentária, e necessitou de atendimento emergencial no Hospital Municipal Albert Schweitzer. Apesar da gravidade do ocorrido, o medo de represálias futuras levou Ágatha a não formalizar uma denúncia junto às autoridades policiais.
Desde 2014, os episódios de violência são documentados no Sistema de Informações de Agravo de Notificações Compulsórias (Sinan), oferecendo uma base para análises que podem subsidiar políticas públicas mais robustas. O projeto Grupo Pela Vida, localizado no Centro do Rio, desempenha um papel fundamental ao fornecer suporte psicológico, social e jurídico às vítimas. Segundo Maria Eduarda Aguiar da Silva, advogada e coordenadora jurídica do projeto, os dados compilados auxiliam na elaboração de relatórios que visam à formulação de estratégias eficazes para enfrentar a violência contra a comunidade LGBTQIAP+.
Ágatha Taringa atualmente integra a equipe do Grupo Pela Vida como assessora, dedicando-se ao acolhimento e orientação de outras vítimas que compartilham experiências semelhantes à sua. Ela enfatiza a importância do apoio mútuo e da solidariedade: “No passado, fui acolhida aqui quando precisei; hoje, estou aqui para acolher aqueles que também sofrem com o preconceito”.