Criminosos inovam e usam carros e brinquedos para esconder armas e drogas
Essas táticas são detalhadas na série "Rotas", apresentada pelo telejornal RJ2
- Data: 06/11/2024 10:11
- Alterado: 06/11/2024 10:11
- Autor: Redação/AI
- Fonte: G1
Crédito:Reprodução/RJ2
Em uma tentativa constante de driblar as autoridades, organizações criminosas que operam no Rio de Janeiro têm desenvolvido métodos cada vez mais sofisticados para o contrabando de armas e drogas. A criatividade dos criminosos inclui o uso de tecnologia avançada para esconder os itens ilícitos em veículos e brinquedos, além da formação de alianças entre facções para otimizar a logística do tráfico.
Essas táticas são detalhadas na série “Rotas”, apresentada pelo telejornal RJ2, que trouxe à tona casos emblemáticos. Em um dos episódios, um fuzil foi encontrado dentro de um dinossauro de plástico, comprado nos Estados Unidos, demonstrando a ousadia e o planejamento meticuloso dos contrabandistas. Outro caso envolveu um carro equipado com um compartimento secreto, acessível apenas por meio de um cartão magnético, contendo drogas, armas e dinheiro.
As rotas utilizadas para o transporte desses produtos ilícitos são variadas e abrangem diferentes estados brasileiros. De acordo com investigações policiais, três trajetos principais se destacam. A rota mais utilizada tem origem no Paraguai, passando pelas fronteiras com Paraná e Mato Grosso do Sul, por onde trafegam cocaína e fuzis até o Rio. Outra rota parte da tríplice fronteira entre Brasil, Peru e Colômbia, segue pelo Rio Solimões e adentra o Sudeste brasileiro, transportando principalmente cocaína e skank. A terceira rota emerge do Mato Grosso, na fronteira com a Bolívia, passando por São Paulo antes de alcançar o Rio.
As operações dessas facções são coordenadas em uma espécie de consórcio criminoso. Cada organização assume uma parte do trajeto: desde a obtenção das drogas na origem até a sua chegada ao destino final. No Rio de Janeiro, as substâncias são frequentemente armazenadas antes de serem enviadas ao exterior.
O delegado da Polícia Federal, Bruno Humelindo de Oliveira, destaca essa especialização das organizações criminosas como uma evolução estratégica no cenário do tráfico. Essa complexa rede criminosa ilustra a mudança geopolítica do crime no Brasil e a importância do Rio como centro de distribuição de armas e drogas.
A polícia também observa um aumento no uso da tecnologia pelos criminosos. O caso do carro com compartimento magnético apreendido na Rodovia Presidente Dutra evidencia essa tendência. Além disso, vídeos capturados pela Polícia Rodoviária Federal revelam esconderijos engenhosos em veículos nas fronteiras com o Paraguai.
A entrada desses produtos ilícitos no Rio não se limita às estradas. Aeroportos também são pontos críticos. Apenas no primeiro semestre deste ano, a Receita Federal interceptou drogas avaliadas em mais de R$ 740 mil em bagagens de passageiros. Os Correios no Aeroporto do Galeão representam outro desafio: peças de armas são frequentemente apreendidas em remessas internacionais vindas principalmente dos Estados Unidos e Alemanha.
O avanço tecnológico possibilitou a importação ilegal de peças desmontadas, posteriormente montadas em oficinas clandestinas no Brasil. Itens cotidianos como kits de ferramentas e brinquedos são usados para camuflar essas remessas ilegais.
Nos primeiros seis meses de 2024, as apreensões no setor postal do aeroporto somaram quase seis milhões de reais em valor estimado das drogas interceptadas, sublinhando a escala e a sofisticação das operações criminosas atualmente em curso.