Derrotas nas eleições precipitam disputa interna pelo comando do PT

Disputa interna no PT acirra prolongada após mau desempenho eleitoral

  • Data: 25/10/2024 20:10
  • Alterado: 25/10/2024 20:10
  • Autor: redação
  • Fonte: Folhapress
Derrotas nas eleições precipitam disputa interna pelo comando do PT

Crédito:Fernando Frazão/Agência Brasil

Você está em:

O mau desempenho eleitoral do PT precipitou uma disputa pelo comando do partido, cujo atual mandato se encerra apenas no dia 30 de junho. Colaboradores diretos do presidente Lula passaram a defender até mesmo a antecipação da saída da presidente da sigla, deputada Gleisi Hoffmann (PR), hipótese só possível em caso de renúncia -o que ela descarta. 

Segundo relatos, a possibilidade de Gleisi deixar a presidência do PT já em fevereiro foi citada pelo ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, durante uma reunião dos dois com Lula. 

Na conversa, o presidente perguntou a Gleisi sobre o processo eleitoral do partido, a ser iniciado em 2025. A deputada respondeu que seu mandato termina em junho. Padilha a questionou se não seria em fevereiro, o que ela negou. 

A briga pela condução do partido é travada dentro da força política liderada por Lula, a CNB (Construindo um Novo Brasil). O presidente atua para deter a implosão da tendência em meio à troca de acusações de seus integrantes. 

Enquanto uma ala da CNB prega a renovação da direção do partido (tendo à frente o prefeito de Araraquara, Edinho Silva), outra responsabiliza ministros de Lula pelo resultado do PT nas urnas. 

Em desabafos após o primeiro turno, dirigentes do PT chegaram a afirmar que Lula é blindado por ministros bajuladores hoje instalados na chamada cozinha do Palácio do Planalto, todos petistas. 

Gleisi rejeita a possibilidade de deixar o cargo antes do previsto e diz que ficará até o fim de seu mandato. Ela nega que Lula tenha sugerido a antecipação da sua substituição e afirma que pretende cumprir seu mandato conforme acertado com o próprio presidente. 

Seu mandato foi prorrogado a pedido de Lula. Em dezembro de 2022, após ter sido eleito presidente, ele afirmou a aliados que Gleisi seguiria à frente do partido e, portanto, não seria ministra em seu governo. 

A ideia era evitar que uma disputa fosse deflagrada no primeiro ano de seu mandato, prejudicando os preparativos para a corrida municipal. Gleisi lembra que não há como antecipar a eleição interna e diz que pretende conduzir o processo. 

“Vou ficar até o fim do mandato. E conduzir a sucessão. Esse foi meu compromisso, inclusive com o presidente Lula”, diz ela. 

A presidente do PT tem classificado de legítima a candidatura de um nome do Nordeste. Esse gesto é entendido como uma prova de resistência ao nome de Edinho. 

Ele é o preferido de Lula para a vaga. Ministro do governo Dilma Rousseff, Edinho atuou na coordenação de campanha do presidente em 2022. A derrota neste mês em Araraquara (SP), cidade da qual é prefeito, tem sido usada para debilitar sua candidatura. 

O partido tinha expectativa de vencer na cidade com a ex-secretária da Saúde Eliana Honain, apadrinhada de Edinho. Apesar de ser apontada como favorita em pesquisas eleitorais, ela foi derrotada por Luis Claudio Lapena Barreto, o Dr. Lapena, do PL. 

Diante desse cenário, integrantes da sigla afirmam ser necessário que um representante do Nordeste seja alçado ao posto, já que a região foi a responsável pela vitória ao petista na última eleição à Presidência. 

Nesse contexto, é lembrado o nome do líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE). A interlocutores ele diz que tem um acordo com a cúpula do partido e lideranças do Ceará para tentar o Senado em 2026, o que o impossibilitaria de ser presidente do PT. 

Apesar disso, no entanto, tem afirmado que só tratará desse assunto após o segundo turno das eleições. A interlocutores afirmou que esse foi um pedido da própria Gleisi, para que ele não tomasse nenhuma decisão antes dos resultados do segundo turno. 

Guimarães tem se dedicado à campanha de Evandro Leitão (PT) em Fortaleza. Na capital cearense, o petista tem como adversário o deputado federal André Fernandes (PL), apoiado por Jair Bolsonaro. 

Defensores da candidatura de Guimarães dizem que uma vitória em Fortaleza, capital mais populosa do Nordeste, impulsionaria o nome do deputado para ser presidente do partido, já que ele sairá fortalecido nesse cenário. 

Ex-presidente do PT de São Paulo, o deputado estadual Emídio de Souza rechaça a ideia de condicionar a escolha do presidente do partido à performance eleitoral. 

“A escolha do presidente do PT nunca esteve vinculada ao desempenho eleitoral. E, sim, ao perfil. Acho que, neste momento, Edinho tem o perfil ideal para reposicionar o PT na sociedade”, diz ele. 

Petistas enxergam, por trás dessa disputa, a eleição presidencial de 2026. À frente do partido, Gleisi tem feito críticas à política econômica conduzida por Fernando Haddad (Fazenda), apontado como um nome para a sucessão de Lula caso o presidente não busque a reeleição. 

As críticas de Gleisi a teriam afastado do núcleo do governo. Hoje, uma das hipóteses para a antecipação de sua saída seria um convite para um ministério, em uma reforma ministerial. 

A sucessão no PT entrará formalmente em pauta a partir da segunda-feira (28), quando o comando do partido fará um balanço das eleições. O calendário do processo interno será definido em dezembro, durante reunião do diretório nacional. Mas petistas calculam serem necessários pelo menos três meses para a eleição da nova direção do partido. 

Compartilhar:

  • Data: 25/10/2024 08:10
  • Alterado:25/10/2024 20:10
  • Autor: redação
  • Fonte: Folhapress









Copyright © 2024 - Portal ABC do ABC - Todos os direitos reservados