Especialistas sugerem confederação entre Israel e Palestina tomando desejo de paz como pressuposto
Poderiam ser dois Estados -Israel e Palestina- solução com a qual hoje concorda Joe Biden, mas não os árabes da Cisjordânia e de Gaza ou os judeus israelenses.
- Data: 07/10/2024 20:10
- Alterado: 07/10/2024 20:10
- Autor: redação
- Fonte: Folhapress
Crédito:Imagem ilustrativa gerada por IA
A faixa de terra entre o Mediterrâneo e o rio Jordão é um laboratório para o exercício da supremacia israelense. Mas precisa ser bem mais que isso caso se cogite no longo prazo uma solução segura e pacífica também para os palestinos.
Teoricamente, outra alternativa seria a de uma confederação entre os dois grupos étnicos e religiosos.
Tampouco uma solução fácil, mas ela é objeto de uma longa e minuciosa proposta que está na revista Foreign Affairs. O texto é assinado pelo palestino Omar Dajani e pelo israelense Limor Yehuda. Os dois são professores e diplomatas e, sobretudo, ativistas pela paz no Oriente Médio. Afirmam acreditar que é possível a harmonia entre os dois grupos hoje apartados por guerras, terrorismo e cidades reduzidas a montanhas de entulho.
Os dois admitem liderar uma tarefa bastante difícil. Mas acreditam estar diante de um laboratório semelhante ao da Suíça em 1848, que a partir de diferenças nacionais criou entre franceses, alemães e italianos uma próspera confederação política. E se for para esticar o exemplo, seria também uma confederação o bloco de 27 países da atual União Europeia.
Dajani e Yehuda dão a entender que a solução de dois Estados precisa ser discutida pelos interessados como um preâmbulo para uma eventual solução confederada. A menção aos dois Estados é mais fácil de explicar e mais recorrente. Está na linguagem diplomática do Itamaraty e de países como França, Alemanha ou Reino Unido.
E também foi associada a uma solução ideal em julho por Kamala Harris, depois de um encontro com o premiê Binyamin Netanyahu. Os dois Estados, disse a vice-presidente dos Estados Unidos e agora candidata democrata à Casa Branca, são “o único caminho que garante que Israel continue sendo um Estado judeu e democrático seguro, e que garante que os palestinos possam finalmente ter a liberdade, a segurança e a prosperidade que eles merecem”.
De certo modo, dois Estados e confederação correspondem em bons momentos a um objeto institucional muito semelhante. As duas soluções exigem o mesmo desprendimento em questões delicadas como o estatuto de Jerusalém como capital dos dois Estados.
Os dois cientistas políticos também descem a detalhes como o da representatividade política dos cidadãos. Um eleitor judeu fixado na Cisjordânia elegeria representante para o Knesset, o Parlamento dos judeus e dos 2 milhões de árabes residentes em Israel. Mas palestinos que se instalassem na cidade judaica de Haifa votariam para o Parlamento palestino. Os dois grupos só votariam localmente para as Câmaras municipais, onde seria inevitável a mistura dos grupos étnicos na mesma instituição.
Apesar de esmiuçarem sua proposta em detalhes institucionais bastante exaustivos, o israelense Yehuda e o palestino Dajani partem do pressuposto de que a paz é um objetivo comum e que inexistiriam no Oriente Médio países ou forças políticas que se interessam infelizmente pela preservação de uma situação aguda de conflito.
Há o papel de estraga-festa para o qual estão amplamente credenciados países como a Síria e o Irã, ou grupos antissemitas como o Hamas e o Hezbollah.