Projeto utiliza drones em processo de reflorestamento de áreas devastadas pelas chuvas em São Sebastião
As sementes de árvores são inseridas em biocápsulas sustentáveis e espalhadas por via aérea nos pontos em recuperação
- Data: 07/10/2024 13:10
- Alterado: 07/10/2024 13:10
- Autor: Redação
- Fonte: ARTESP
Projeto utiliza drones em processo de reflorestamento de áreas devastadas pelas chuvas em São Sebastião
Crédito:Divulgação: Tamoios
Em fevereiro de 2023, fortes chuvas deixaram um rastro de destruição em São Sebastião, no litoral norte de São Paulo. Choveu 683 milímetros em apenas 24 horas, provocando mais de 800 pontos de deslizamento. A tragédia causou 64 mortes somente na Vila do Sahy, bairro mais afetado pela tempestade.
No processo de reconstrução da cidade, uma das principais medidas foi encontrar soluções para a restauração socioambiental de 851 cicatrizes de deslizamento e mais de 200 hectares de Mata Atlântica devastada, a fim de evitar futuros desastres ambientais e proteger a comunidade.
Para a restauração ecológica dessas áreas, o método escolhido foi a dispersão aérea, por meio de drones, e sementes de árvores nativas inseridas em biocápsulas, com a finalidade de otimizar a germinação e atingir locais inacessíveis e de alta declividade. A iniciativa é conduzida pelo projeto “Restaura Litoral Norte”, da ONG Instituto Conservação Costeira (ICC), que conta com financiamento e apoio da concessionária Tamoios.
Até o momento, foram dispersados 750 quilos de sementes, o equivalente a 77 milhões de grãos. O processo de dispersão ocorre mensalmente, desde janeiro deste ano. Foram priorizadas espécies pioneiras, que naturalmente são encontradas na região, como guapuruvu, embaúba, crindiúva, quaresmeira, aroreira pimenteira, entre outras. O uso de espécies nativas da Mata Atlântica mantém a integridade da vegetação e acelera seu restauro.
Para Danilo Leme Souza, especialista de Meio Ambiente da Tamoios, as ações de reparação aos impactos causados pelos eventos climáticos extremos são possíveis. “Esse projeto envolve empresas públicas e privadas, mostrando que a sinergia entre atores engajados é capaz de trazer impactos positivos à sociedade. Além disso, a recuperação de áreas degradadas por meio de formação de florestas é uma oportunidade e uma ferramenta para aumentar a segurança frente à crise climática”, destaca.
Economia criativa e tecnologia inovadora
A região está imersa no maior remanescente contínuo de Mata Atlântica do Brasil e do mundo. O objetivo é restaurar 204 hectares de mata degradada com milhões de sementes de espécies de árvores nativas em áreas de Unidade de Conservação e zonas de amortecimento, com a divisão em sete setores de operação na Costa Sul de São Sebastião (Jureia, Juquehy, Barra do Sahy, Baleia, Toque-toque, Ilhas e Boiçucanga). O processo de semeadura deve ser concluído em novembro.
A tecnologia é inovadora, 100% brasileira e promove o reaproveitamento de recursos. Seu desenvolvimento provém da empresa Ambipar Group. As biocápsulas sustentáveis, que seriam descartadas pela indústria farmacêutica, são feitas de material biodegradável e o nitrogênio presente na cápsula auxilia na germinação das sementes. O adubo orgânico utilizado tem alta concentração de matéria orgânica funcional, derivado de resíduos de Estações de Tratamento de Efluentes (ETE) do processo produtivo da indústria de celulose e sobras de biomassa.
Resultados e prevenção de riscos
Desde a tragédia em 2023, a dispersão de sementes tem demonstrado efetividade na recuperação da cobertura vegetal nas cicatrizes. Já foram reflorestados 144,95 hectares e 70% do projeto de semeadura está concluído. Em paralelo, estão sendo realizadas ações de Educação Ambiental nas escolas da Costa Sul de São Sebastião, em parceria com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemanden). O objetivo é orientar a população sobre como se prevenir dos riscos existentes na área.
“Por meio de palestras, oficinas e ações educativas, esses jovens são capacitados em protocolos para a prevenção de riscos climáticos, como o monitoramento de chuvas e a criação de mapas sobre as áreas de risco. Por consequência, essas atitudes podem ajudar a reduzir sua vulnerabilidade frente às mudanças climáticas e desastres”, explica Fernanda Carbonelli, diretora executiva do ICC.
Além das instituições escolares, o projeto multiplica o conhecimento para os bairros afetados pela tragédia por meio de palestras e oficinas. “Há impactos positivos para o meio ambiente, por meio da recuperação das cicatrizes, e pelas diversas atividades que são desdobradas para as comunidades. Nós acreditamos que a união de forças transforma a sociedade”, conclui Souza.
O projeto “Restaura Litoral Norte” é realizado com o patrocínio da concessionária Tamoios, Gerando Falcões e uma rede de patrocinadores privados, além do apoio do Ministério Público Federal (MPF), Ministério Público de São Paulo (MP-SP), Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo, Fundação Florestal e Prefeitura de São Sebastião