Linha 2-Verde terá primeira mulher a controlar um Tatuzão
Sherry Romanholi vai ser responsável por controlar o maior Tatuzão da América Latina, usado na expansão da Linha 2-Verde do Metrô
- Data: 03/10/2024 11:10
- Alterado: 03/10/2024 11:10
- Autor: Redação
- Fonte: Agência SP
A engenheira Sherry Romanholi em meio à estrutura do Tatuzão
Crédito:Agência SP
Os 100 metros de comprimento, 500 toneladas e mais de 2 quilômetros percorridos pelo Tatuzão que abre espaço para a Linha 2-Verde vão ter uma mulher no comando. A engenheira civil Sherry Romanholi, 27 anos, vai ser a primeira mulher a controlar um Tatuzão na América Latina. Ela participa há quase dois anos da obra que vai conectar a Vila Prudente à Penha pelo Metrô a ser entregue em 2026.
A primeira função de Sherry nas obras de ampliação da Linha 2-Verde foi de logística. Ela esteve envolvida no transporte do Tatuzão da China para o Brasil. Batizado de “Cora Coralina”, este é o maior Tatuzão da América Latina. A roda de corte possui 11,66 metros de diâmetro e sua operação envolve 150 pessoas divididas em três turnos diários.
A equipe que atua junto a Sherry no controle do Tatuzão é composta por engenheiros, mecânicos, técnicos e eletricistas. Com experiência em engenharia mecânica, elétrica e civil, ela foi escalada para ser a controladora do Tatuzão. Sherry disse que aprendeu no dia a dia a controlar o Tatuzão, apesar dos três andares e diversos compartimentos da tuneladora.
No controle do Tatuzão
“Conheci a máquina em situações do dia a dia. Para pilotar, há outros processos fora da máquina. Precisamos conhecer cada parte dela, a parte da lubrificação e os tipos de graxa… Preciso saber como tudo funciona”, ela relata.
A cabine de comando é estreita e tem uma parede preenchida por diversas telas que transmitem imagens em tempo real da dianteira e traseira do Tatuzão. Abaixo das telas, há um painel repleto de botões que controlam várias partes da máquina, da esteira que escoa o material escavado até a roda de corte passando pela peça que libera graxa.
O Tatuzão percorre de 10 a 15 anéis de concreto por dia, o que corresponde a um trajeto de cerca de 15 metros. Nesse percurso, a tuneladora retira 154 metros cúbicos de terra, o que seria o equivalente a cerca de 150 caixas d’água residenciais, por exemplo. “O que eu mais gosto é quando está correndo tudo bem. A gente trabalha para que tenha segurança e para que a máquina e o túnel fiquem estáveis”, conta.
O trabalho de Sherry será de grande magnitude sob vários aspectos. Além da dimensão física da obra, há também uma grande responsabilidade nela. Isso porque o Tatuzão passa por debaixo de casas, shoppings e outros estabelecimentos. Cada metro percorrido pela tuneladora deve ser calculado para respeitar as condições físicas do espaço. Esse trabalho também envolve um coordenador da máquina e da escavação.
Sherry “não tinha vivência dentro de obra”, como ela define. Há três anos formada como engenheira civil, seu trabalho se dava principalmente em um ambiente de escritório. Do computador, ela passou para o chão de obra. “Eu ficava somente no escritório, não tinha vivência no campo. No computador estava tudo ok, mas aqui é diferente e eu prefiro.”
O campo em que Sherry atua e pelo qual é apaixonada desde criança, o da engenharia, é predominantemente masculino. Por isso, ser a primeira mulher a pilotar o equipamento de uma obra tão importante é motivo de alegria. “Me sinto privilegiada e honrada. Tenho certeza que, eu estando aqui, virão outras que se inspirem e entrem na construção civil. Estou percorrendo um caminho que vai servir de espelho para outras pessoas”, relata incentivando que mais mulheres ingressem na carreira.
Expansão da Linha 2-Verde
A ampliação da linha 2-Verde ocorre entre a Vila Prudente e a Penha. Serão 8,4 km de vias e oito novas estações, cruzando a zona leste de São Paulo.
Quando pronto, o novo trecho vai agilizar o trajeto dos moradores da região leste e facilitar a chegada às demais regiões de São Paulo, além de redistribuir a demanda de passageiros nas demais linhas de metrô e trem, trazendo mais conforto às pessoas.
A conexão com a Linha 3-Vermelha vai beneficiar 1,2 milhão de pessoas diariamente e ajudará a diminuir os tempos de trajeto da população da zona leste e redistribuir o fluxo de passageiros de toda a rede sobre trilhos.
Maior e melhor obra do Brasil
A obra de expansão da Linha 2-Verde do Metrô rendeu à Companhia neste mês de agosto o prêmio “Melhores e Maiores Obras 2024” do Instituto Nacional de Engenharia, na categoria Mobilidade-Metrô.
A premiação considerou obras concluídas e em andamento em todo o país, que foram avaliadas por uma comissão de engenheiros e especialistas da área que olham desde elementos técnicos até os principais benefícios promovidos à sociedade. Ao todo, foram 19 subcategorias que analisaram obras de edificações, indústrias, mobilidade e infraestrutura.
Para concorrer ao prêmio, o Metrô apresentou sua maior e mais complexa obra em andamento, que é uma das maiores de infraestrutura da América Latina, construindo mais 8,3 km de vias e oito novas estações, entre Vila Prudente e Penha.