Em ato contra o STF, Bolsonaro diz que o Senado precisa pôr freio em Moraes
Ex-presidente não citou Ricardo Nunes nem Pablo Marçal em manifestação na avenida Paulista
- Data: 07/09/2024 17:09
- Alterado: 07/09/2024 17:09
- Autor: Redação
- Fonte: Júlia Barbon/Folhapress
Manifestação bolsonarista contra o ministro Alexandre de Moraes, na avenida Paulista, neste sábado (7)
Crédito:Reprodução/YouTube
Em discurso a uma multidão de apoiadores na avenida Paulista neste sábado, 7 de Setembro, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que o Senado precisa pôr freio no ministro do STF Alexandre Moraes e afirmou que “só anistia [aos presos dos ataques golpistas de 8 de janeiro] trará pacificação” ao país.
Ele não citou o prefeito Ricardo Nunes (MDB) nem Pablo Marçal (PRTB), que chegou de surpresa ao final de sua fala. Os dois candidatos à prefeitura de São Paulo brigam pelos votos dos eleitores conservadores do ex-presidente.
A última vez que Bolsonaro discursou na Paulista foi em fevereiro deste ano.
Acuado diante de investigações em torno de uma trama golpista, o ex-presidente convocou milhares de apoiadores e fez um discurso no qual maneirou a conhecida agressividade contra o STF, disse buscar a pacificação do país e pediu anistia aos presos pelo ataque golpista de 8 de janeiro de 2023.
“O que é golpe? É tanque na rua, é arma, conspiração. Nada disso foi feito no Brasil”, disse. “Agora o golpe é porque tem uma minuta do decreto de estado de defesa. Golpe usando a Constituição? Tenha paciência”, disse o ex-presidente, ao admitir a existência de um texto nessa linha.
Bolsonaro fez as declarações protegido por um colete à prova de balas e de escudos posicionados por seus seguranças, em cima de um trio elétrico e ao lado de aliados como o governador Tarcísio, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, o pastor Silas Malafaia e Nunes, que ainda buscava seu apoio.
O ato daquele domingo lotou ao menos quatro quarteirões da Paulista, mas havia bolsonaristas espalhados em cerca de dez quarteirões da avenida, no total. A Secretaria da Segurança Pública do governo Tarcísio estimou 750 mil presentes na ocasião, enquanto a Polícia Militar disse que não foi responsável pelo cálculo.
No ano passado, primeiro ano do governo Lula (PT), Bolsonaro não convocou ato para o 7 de Setembro, data que virou um marco durante sua gestão. Ele apenas postou um vídeo com imagens do desfile cívico de 2022, que mostrava uma multidão tomando as ruas de Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo, com a legenda “Deus, Pátria, Família e Liberdade”.
Na ocasião, o ex-presidente também postou vídeos do 7 de setembro de 2018, após ter levado a facada quando fazia campanha em Juiz de Fora (MG). Ele publicou um vídeo do avião em que decolou após o atentado e outro chegando na capital paulista e sendo retirado da aeronave em uma maca.
O senador Flávio Bolsonaro (PL) também postou nas redes imagens aéreas do ato de 2022 em Brasília e escreveu “foi pouca gente, mas foi de coração”. Na legenda, ele disse ainda: “Brasília, 7 de setembro de 2022! Em 2023 faltou o principal: VOCÊ, o povo!”.
Declarado inelegível pelo TSE até 2030 por ataques e mentiras sobre o sistema eleitoral, o ex-presidente foi indiciado neste ano pela Polícia Federal em inquéritos sobre as joias e a falsificação de certificados de vacinas contra a Covid-19.
Além desses casos, Bolsonaro é alvo de outras investigações, que apuram os crimes de tentativa de golpe de Estado e de abolição violenta do Estado democrático de Direito, incluindo os ataques de 8 de janeiro de 2023.
Parte dessas apurações está no âmbito do inquérito das milícias digitais relatado pelo ministro Alexandre de Moraes e instaurado em 2021, que podem em tese resultar na condenação de Bolsonaro em diferentes frentes.