Dólar abre em alta nesta quinta (22) e volta a ultrapassar R$ 5,50
Na quarta-feira, o dólar fechou em leve queda de 0,08%, a R$ 5,481, e a Bolsa brasileira renovou o recorde histórico pelo terceiro pregão consecutivo, com alta 0,28%, aos 136.463 pontos
- Data: 22/08/2024 09:08
- Alterado: 22/08/2024 09:08
- Autor: Redação
- Fonte: FOLHAPRESS
Dólar
Crédito:Valter Campanato/Agência Brasil
O dólar começou a sessão desta quinta-feira (22) em alta, refletindo o que está ocorrendo em outros mercados no exterior.
Às 9h05, a cotação da moeda subia 0,46%, a R$ 5,5073, ultrapassando a casa dos R$ 5,50. Os investidores aguardam novos dados econômicos em busca de sinais sobre a trajetória dos juros nos Estados Unidos.
Na quarta-feira, o dólar fechou em leve queda de 0,08%, a R$ 5,481, e a Bolsa brasileira renovou o recorde histórico pelo terceiro pregão consecutivo, com alta 0,28%, aos 136.463 pontos. Na máxima do dia, chegou a tocar os 137 mil pontos pela primeira vez.
Os mercados foram embalados pela repercussão da ata da reunião de julho do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA), amplamente esperada por guardar sinais sobre a trajetória dos juros americanos.
A minuta indicou que a grande maioria dos diretores de Política Monetária está inclinada a um corte na taxa a partir da próxima reunião, marcada para setembro, “se os dados permanecerem dentro do esperado”.
Vários deles inclusive se mostraram dispostos a um corte na própria reunião de julho, cuja resolução foi por manter a taxa inalterada na faixa de 5,25% e 5,50%.
O documento ainda trouxe que “muitos” diretores consideraram a taxa restritiva, com argumentos de que, em meio a um resfriamento contínuo das pressões inflacionárias, nenhuma mudança nos juros poderia acentuar a desaceleração da economia.
“O Federal Reserve tem um mandato duplo, isto é, ele olha para a inflação e para o mercado de trabalho. Muitos dirigentes notaram que os riscos para a inflação diminuíram, enquanto os de desemprego aumentaram”, afirma Camila Abdelmalack, economista chefe da Veedha Investimentos.
“Na prática, esses comentários são argumentos para o início do ciclo de flexibilização monetária por lá.”
O Fed trabalha com a meta de inflação em 2%, e, nas últimas leituras, os indicadores têm mostrado uma desaceleração na alta de preços. Somado a isso, temores em relação ao estado do mercado de trabalho têm criado uma ansiedade adicional sobre o início do ciclo de afrouxamento monetário americano.
A ata foi publicada horas depois de outra importante divulgação do calendário americano: a revisão de dados de emprego dos 12 meses até março de 2024, que mostrou que os EUA criaram bem menos vagas do que o divulgado anteriormente.
A estimativa para o total de empregos criados no período de abril de 2023 a março de 2024 foi reduzida em 818 mil. Com isso, as autoridades do Fed poderão considerar que o mercado de trabalho foi mais brando do que se pensava anteriormente ao avaliarem o ritmo das reduções de juros.
“O mercado de trabalho tem sido, nas últimas semanas, o principal vetor para os próximos passos do Fed na condução da política monetária”, afirma André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online, plataforma de transferências internacionais.
“A revisão mostra que a economia dos Estados Unidos caminha para uma desaceleração, o que aumenta a possibilidade de que o Fed adote uma postura mais contundente na próxima reunião, em setembro.”
O destaque da semana, porém, começa nesta quinta-feira e vai até sábado: o encontro de autoridades de bancos centrais em Jackson Hole, no estado de Wyoming, nos EUA.
O evento mais aguardado é o discurso de Jerome Powell na sexta-feira. Os mercados dão como certo que o início do ciclo de afrouxamento será no mês que vem. A magnitude do corte, porém, divide opiniões: 61,5% dos investidores esperam redução de 0,25 ponto percentual e 38,5%, de 0,5 ponto, segundo a ferramenta CME FedWatch.
A expectativa é que, com o discurso de Powell, as projeções de corte tomem um rumo único.
O dólar costuma se depreciar à medida que o Fed reduz os juros. Em tese, a moeda americana se torna comparativamente menos atrativa em relação a outras divisas quando os rendimentos dos títulos ligados ao Tesouro dos EUA, chamados de treasuries, caem.
A mesma lógica se aplica à Bolsa brasileira e a outros mercados acionários. Quando há queda nos treasuries, considerados os ativos mais seguros do mundo, os investidores se voltam aos de maior risco. Isso explica, em grande parte, a atual disparada do Ibovespa.
Na cena doméstica, o mercado também teve o BC (Banco Central) no radar. O presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, afirmou em entrevista que a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) da próxima reunião está indefinida.
“Há opiniões divergentes no grupo sobre o balanço de riscos, se são simétricos ou não. A gente vai decidir no próximo Copom”, disse.
Após a última reunião sinalizar a possibilidade de subir juros, o mercado passou a precificar uma alta de 0,5 ponto percentual na reunião de setembro. Com as falas de Campos Neto, essa possibilidade fica mais incerta, dizem especialistas.
O real, em tese costuma se beneficiar quando há alta na Selic, porque o diferencial de juros entre EUA e Brasil aumenta, tornando a moeda brasileira mais atraente para investimentos.