Mpox no Brasil voltam a aumentar, mas estão longe de se tornar uma epidemia, diz especialista
Dr. Marcelo Bechara explica que não há tratamento específico aprovado para a doença, mas que é possível cuidar dos sintomas mais graves
- Data: 21/08/2024 12:08
- Alterado: 21/08/2024 12:08
- Autor: Redação
- Fonte: Marcelo Bechara
Crédito:Reprodução
Na última semana, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a Mpox como Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII) mais uma vez. Apesar da notificação global, o Brasil ainda vive um cenário pouco alarmante. Ao todo, no país foram registrados cerca de 709 casos até o momento, e nenhum da nova variante (clade iib), que assola a República Democrática do Congo, onde há mais de 15 mil casos.
“Assim como o Ministério da Saúde, não acredito que vá se tornar uma epidemia, porém, é necessário monitoramento. É bom evitarmos exposição e locais endêmicos, cuidar dos imunocomprometidos e ter atenção com crianças, idosos e gestantes. A mutação agressiva ainda não chegou em nosso país e a torcida é para que se mantenha assim”, indica o Dr. Marcelo Bechara, clínico geral e cirurgião.
Como descobrir a contaminação?
Com uma série de sintomas, as primeiras manifestações da doença, como febre, aumento dos linfonodos, cansaço e dores musculares, podem ser confundidas com infecções virais comuns. Entretanto, o indício padrão é a erupção na pele, que são parecidas com bolhas ou feridas, podendo afetar rosto, palmas da mão, solas dos pés, virilha, bocas e muitos outros locais.
“Os sintomas podem variar, embora a maioria dos casos seja leve, em algumas ocasiões, a doença pode ser grave, especialmente em crianças, gestantes e pessoas imunocomprometidas. Fora as complicações, como infecções secundárias, pneumonia, sepses e até a encefalite, que pode levar à morte”, relata o médico.
Semelhante à varíola humana, a transmissão ocorre do contato direto com as lesões, fluidos corporais, gotículas respiratórias, interações íntimas ou materiais contaminados. Além do cuidado, para grupos específicos, como profissionais de saúde, pessoas vivendo com HIV/aids (PVHA) e pessoas que tiveram contato direto com fluidos e secreções corporais de pessoas suspeitas, prováveis ou confirmadas para Mpox, há vacinas disponíveis por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).
Segundo Marcelo, as vacinas utilizadas para prevenir agem de forma cruzada. “A vacina é a da varíola, que age desta maneira, pois é elaborada para outro vírus da mesma família. Normalmente, o imunizante apresenta extrema eficácia contra a Mpox”, afirma Bechara.
Não há um tratamento específico aprovado para a doença. Geralmente, os sintomas desaparecem por conta própria. Contudo, Bechara explica que é preciso ter alguns cuidados com pacientes em casos mais moderados ou graves. “A medicina pode dar suporte aos acometidos. Se necessário, remédios para dor e febre, além de muita água, descanso e boa alimentação. Também, sempre aconselhamos evitar coçar a pele para que não haja uma infecção dermatológica e para ter uma boa cicatrização”, conta o clínico geral.
Cenário da transmissão no Brasil
No estado de São Paulo, foram registrados 315 casos confirmados de Mpox, até julho, de acordo com dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES). Mesmo com tantos casos, os números sequer se aproximam do surto da doença em 2022, quando 4.129 casos foram registrados no estado durante todo o ano.
Por conta do aumento, o Governo paulista está monitorando os casos da Mpox no estado e algumas medidas já vêm sendo tomadas, como a divulgação de notas informativas e de orientação. Nos serviços de saúde, os profissionais já possuem recomendações técnicas divulgadas pela Secretaria de Estado da Saúde (SES) para o acompanhamento da doença, para que de forma preventiva possam auxiliar a população.
O Ministério da Saúde orienta que a pessoa com sintoma procure uma Unidade Básica de Saúde (UBS) para o teste inicial, onde é colhido o material das feridas e enviado para os laboratórios de referência que farão o diagnóstico.