PM atira contra carro em favela na região do Morumbi, em São Paulo
Momentos antes um policial militar foi baleado em abordagem a um veículo em alta velocidade, diz SSP
- Data: 06/08/2024 10:08
- Alterado: 06/08/2024 10:08
- Autor: Redação
- Fonte: Paulo Eduardo Dias/Folhapress
PM atira contra carro na favela Real Parque, na zona oeste de SP
Crédito:Reprodução
Um policial militar foi flagrado atirando com uma arma longa contra um carro estacionado em uma rua da favela Real Parque, na região do Morumbi, zona oeste de São Paulo, na noite desta segunda-feira (5). A ação, segundo a polícia, fez parte da abordagem a um veículo que trafegava em alta velocidade na região.
O vídeo que circula pelas redes sociais mostra o policial em pé e disparando uma sequência de tiros contra um carro escuro.
Segundo a SSP (Secretaria da Segurança Pública), policiais militares realizaram a abordagem a um veículo que trafegava em alta velocidade e “durante o acompanhamento, o veículo colidiu e os suspeitos atiraram contra os policiais, que intervieram. Um PM ficou ferido e foi socorrido ao Hospital Albert Einstein. Um suspeito veio a óbito. O caso foi apresentado no DHPP (Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa)”, afirmou.
Ainda segundo a pasta, todas as circunstâncias são apuradas pela Polícia Militar e pelo DHPP.
Outros vídeos e fotos mostram diversas viaturas e policiais no interior da favela na noite desta segunda.
Um dia antes, na noite de domingo (4), moradores de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, relataram à Folha de S.Paulo mais um caso de violência na região. Imagens enviadas à reportagem mostram policiais militares agredindo moradores em frente a um estabelecimento comercial.
Em um dos registros, feito por moradores e também publicado nas redes sociais, um grupo de policiais aparece agredindo um homem sozinho com golpes de cassetete e chutes. Em outro vídeo, um agente agride uma mulher, que está no chão, em uma das vielas da comunidade.
Recentes casos de violência policial em Paraisópolis mobilizaram ativistas e instituições de direitos humanos, deputados de partidos de esquerda e lideranças de moradores a criarem o “Comitê de Crise Paraisópolis Exige Respeito”.
A criação do grupo foi anunciada no começo de julho, na sede da Ouvidoria da Polícia, no centro da capital. O órgão afirma que desde maio recebe denúncias de violações de direitos humanos na favela, como invasão de domicílios, abordagens agressivas, impedimento do direito de ir e vir e toque de recolher contra comerciantes.
A Ouvidoria diz temer que a falta de investigação das denúncias possa ocasionar uma escalada de violência na comunidade.
Na noite de 5 de abril, um homem morreu na favela após reagir a uma abordagem de policiais militares da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar).
Na manhã de 17 de abril, um menino de sete anos sofreu um ferimento no rosto durante uma ação policial, quando seguia para a escola com a mãe, e perdeu a visão do olho direito. No dia seguinte ao episódio, moradores de Paraisópolis se reuniram no coração da favela para pedir paz e denunciar ações violentas da Polícia Militar.
A SSP (Secretaria da Segurança Pública) afirmou que a Polícia Militar instaurou Inquérito Policial Militar e apura todas as circunstâncias dos fatos. “A conduta dos policiais que aparecem nas imagens não condiz com as práticas da instituição e as devidas medidas serão tomadas”, afirmou a pasta em nota na manhã desta segunda-feira (5).
O 89º Distrito Policial (responsável por Paraisópolis), na Vila Suzana, informou que a PM apresentou no começo da madrugada uma ocorrência de “desobediência contra a autoridade policial” registrada na comunidade.