Lula estreia em atos eleitorais municipais
Presidente participa de convenções do PT, apoiando Luiz Fernando, em São Bernardo do Campo e Guilherme Boulos, em São Paulo
- Data: 20/07/2024 17:07
- Alterado: 21/07/2024 08:07
- Autor: Redação
- Fonte: FolhaPress
Lula demonstra apoio ao pré-candidato à Prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Fernando.
Crédito:Instagram/Reprodução
Esta foi a primeira participação do presidente em convenções municipais. No berço político de Lula, o PT vai repetir a chapa presidencial com o PSB. Luiz Fernando foi oficializado nesta manhã com o ex-deputado e ex-prefeito da cidade Dr. Dib (PSB) como candidato a vice. O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) também participou do evento.
Um dos planos do PT para este ano é retomar a força na Grande São Paulo. Berço político de Lula, hoje a sigla só comanda dois dos 39 municípios da região metropolitana. Além de Fernando, o partido escalou o deputado federal Alencar Santana em Guarulhos e o deputado estadual Emídio de Sousa em Osasco e conta com a reeleição de José Filippi em Diadema.
A última vez que o PT administrou São Bernardo foi 2016, com Luiz Marinho. O atual ministro do Trabalho de Lula aparece junto ao presidente e o candidato nos cartazes espalhados pela casa de eventos. Ele e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) estão no palanque. Os ministros paulistas Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Fernando Haddad (Fazenda) também eram esperados, mas não compareceram.
Lula é parte central desta estratégia. O partido deve centrar na figura do presidente em todos os locais em que ele teve vitória sobre Jair Bolsonaro (PL) em 2022. Retomar São Bernardo, onde se criou politicamente, é considerado também uma questão de honra para o presidente no cargo.
À tarde, Lula participa da convenção de Guilherme Boulos (PSOL) em São Paulo. Cerca de 10 mil pessoas são esperadas na zona norte da capital. A ideia do evento é exaltar também as gestões do PT na cidade. É a primeira vez que o partido não tem candidato a prefeito na capital desde a redemocratização. A ex-prefeita Marta Suplicy (PT) compõe a chapa com o deputado.
Lula e Alckmin
Os dois estão em lados opostos em outras cidades, como a capital paulista, onde o presidente participa na tarde deste sábado da convenção de Guilherme Boulos (PSOL) e o vice apoia sua colega de partido Tabata Amaral.
Em entrevista à Folha em maio, Alckmin usou o exemplo de cidades onde PT e PSB estão coligados para negar constrangimento com a rivalidade na eleição paulistana. O vice diz que abraçar projetos diferentes nas eleições locais é algo natural e que eventuais divergências não afetam a relação entre os dois.
Os ministros Luiz Marinho (Trabalho), do PT e ex-prefeito da cidade, e Luciana Santos (Ciência e Tecnologia), do PC do B, e a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, também participaram da convenção.
Lula pediu aos eleitores que tenham “noção de responsabilidade” ao votar e disse que, se Luiz Fernando for eleito, atuará em benefício de São Bernardo da mesma forma que quando Luiz Marinho era prefeito e o PT estava na Presidência, para levar investimentos e programas federais e melhorar a qualidade de vida na cidade.
Ele disse que do lado de Luiz Fernando estão “a maior experiência administrativa de São Paulo e a maior do Brasil”, após discursar sobre a longeva permanência de Alckmin no cargo de governador do estado e o fato de ele próprio ter sido o único presidente eleito três vezes.
No início da fala, quando cumprimentou políticos e autoridades, Lula citou a presença de José Maria Eymael, ex-candidato à Presidência e dirigente do Democracia Cristã –um dos partidos da coligação municipal–, e cantou o refrão do jingle que usa em suas campanhas, com os versos “ei, ei, Eymael, um democrata cristão”.
“É uma música que eu não esqueço”, disse Lula sobre o outrora adversário. O presidente também descontraiu ao chamar Alckmin pelo apelido de Chuchu. Contou que, quando decidiu concorrer a presidente em 2022, procurou o hoje vice e propôs que “o Lula com Chuchu precisa governar esse país”.
Ao discursar, Alckmin exaltou Lula, repetindo a mensagem de que ele “salvou a democracia no Brasil”, e alfinetou Bolsonaro ao lembrar as mortes na pandemia de Covid, “fruto do negacionismo, da irresponsabilidade daquele governo anterior, negacionista, [que] negou vacina”.
O vice afirmou que a vitória de Luiz Fernando e Dib impulsionará o crescimento do município e, junto com o governo federal, vai melhorar a vida da população. “Estamos juntos para servir a São Bernardo do Campo”, disse.
A aliança em São Bernardo foi anunciada no evento como repetição da “dobradinha que está dando certo no governo federal”, em alusão à parceria entre Lula e Alckmin. A coligação no município reúne nove partidos, a maioria ligada à base do presidente.
Gleisi disse ao microfone que a eleição municipal deste ano será diferente porque, além das questões locais, está em jogo o enfrentamento entre o campo democrático e a extrema direita representada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Ela conclamou o público a votar de forma que em outubro “o campo democrático progressista popular que venceu a extrema direita em 2022” seja vitorioso novamente. “Temos um dever histórico: não deixar a extrema direita voltar a governar este país”, afirmou.
São Bernardo, cidade onde Lula começou a militância política como sindicalista, nos anos 1970, é o berço do PT e, por isso, a vitória no município, hoje comandado pelo PSDB, é considerada simbólica pelos petistas.
Lula colocou como ponto de honra reconquistar a administração da cidade, determinou que o partido considere a disputa estratégica e deve ter uma presença mais intensa ao longo da campanha. Os principais adversários são Flávia Morando (União Brasil), apoiada pelo prefeito Orlando Morando (PSDB), e os deputados federais Marcelo Lima (Podemos) e Alex Manente (Cidadania).