Volkswagen investe R$ 3 bilhões para fazer nova picape e sedã

Valor faz parte do ciclo atual de R$ 16 bilhões; empresa quer setor automotivo fora do imposto seletivo

  • Data: 17/06/2024 15:06
  • Alterado: 17/06/2024 15:06
  • Autor: Redação
  • Fonte: Eduardo Sodré/Folhapress
Volkswagen investe R$ 3 bilhões para fazer nova picape e sedã

Linha de produção do Volkswagen T-Cross em São José dos Pinhais (PR)

Crédito:Divulgação

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A Volkswagen vai direcionar R$ 3 bilhões para a fábrica de São José dos Pinhais (PR). A unidade, que completa 25 anos em 2024, será responsável pela produção da nova picape da montadora. O modelo deverá ter versões flex com tecnologia híbrida, sendo capazes de rodar com gasolina, etanol e eletricidade.

A planta terá ainda a produção do sedã Virtus – a empresa planeja expandir a participação de mercado desse modelo, que hoje é feito apenas em São Bernardo do Campo (ABC).

O investimento faz parte do ciclo de R$ 16 bilhões anunciado pela Volkswagen no início do ano. Os aportes no Paraná ocorrerão entre 2024 e 2028. Os novos carros se juntam ao SUV T-Cross, que é montado em São José dos Pinhais desde 2019.

A unidade monta ainda dois modelos da Audi, os SUVs Q3 e Q3 Sportback. Juntas, as marcas alemãs somam mais de 3 milhões de veículos fabricados na unidade paranaense.

O início da produção do Vírtus está confirmado para 2025, mas a picape inédita ainda não tem data para estrear no mercado nacional. O utilitário deverá ter cabine dupla e porte similar ao da concorrente Fiat Toro.

Em 2018, na última edição do Salão do Automóvel de São Paulo, a Volkswagen exibiu o conceito Tarok. Havia a expectativa de que o modelo fosse lançado nos anos seguintes, o que não ocorreu.

A nova picape deve trazer alguns elementos daquele protótipo, mas com as atualizações de estilo e equipamentos necessárias após tantos anos.

A confirmação do investimento ocorre em meio à polêmica do imposto seletivo. O projeto de regulamentação da reforma tributária enviado pelo Ministério da Fazenda ao Congresso incluiu alguns veículos nesse regime diferenciado, cuja finalidade é taxar produtos prejudiciais à saúde e ao meio ambiente, como bebidas alcoólicas, cigarros e refrigerantes.

Ciro Possobom, presidente da Volkswagen do Brasil, diz que, apesar de problemas como as discussões atuais sobre tarifas, a estratégia da fabricante será mantida. “Estamos aqui há 71 anos, sabemos como funciona, sempre haverá os altos e baixos”, disse o executivo.

A preocupação é que a inclusão do setor automotivo nesse modelo de tributação faça alguns veículos serem sobretaxados, pagando alíquotas acima do conceito do IVA (Imposto sobre Valor Agregado), que deve ser implementado com a reforma tributária.

Hoje, segundo Possobom, os automóveis produzidos no Brasil recolhem entre 38% e 45% em tributos sobre seus valores. A expectativa do setor é que os ajustes tarifários promovidos pela reforma permitam reduções de preço para o consumidor final sem perda de rentabilidade, o que tornaria os carros mais competitivos.

Essa competitividade se tornou fundamental com a chegada massiva das montadoras chinesas ao mercado nacional. A Volkswagen tem tido dificuldades globais em avançar nos segmentos que envolvem veículos eletrificados.

Possobom explica que os processos de desenvolvimento e validação de produtos são longos na empresa, e essa é a forma de garantir a durabilidade e a confiabilidade dos produtos. É o que explica, por exemplo, a cautela em importar veículos 100% elétricos para o mercado brasileiro, mesmo que estejam sobrando na Europa.

“Teríamos que adaptar os carros para nosso mercado, fazê-los passar por um ciclo de testes muito grande”, afirma o presidente da Volkswagen do Brasil.

O executivo diz que fábricas como a de São José dos Pinhais estão aptas para produzir carros elétricos, mas que o custo desses veículos ainda é cerca de 40% maior que o de modelos a combustão.

“A bateria ainda é o grande gargalo do preço do carro elétrico no Brasil. Além disso, o transporte de componentes é muito caro, é preciso utilizar contêineres especiais para trazer peças, o custo é bem maior”, diz Possobom.

Apesar das dificuldades, o executivo vê um futuro menos complicado com as regras estabelecidas pelo programa Mover (Mobilidade Verde e Sustentabilidade). “Há pontos que são bons para nós, como a regulação da parte de emissões. A base é o carro flex, e modelos híbridos pagam menos.”

Quanto às novas marcas chinesas, o executivo afirma que é preciso criar uma competição justa, com estímulo à produção local. Na visão dele, as empresas que hoje ainda estão focadas na importação precisarão aprender a lidar com as dificuldades de montar automóveis no país.

“É preciso aprender a jogar o jogo aqui”, diz Possobom.

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  • Data: 17/06/2024 03:06
  • Alterado:17/06/2024 15:06
  • Autor: Redação
  • Fonte: Eduardo Sodré/Folhapress









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