Produção de veículos desaba em maio devido às enchentes no Rio Grande do Sul
Em relação a maio de 2023, a redução é de 26,8%
- Data: 07/06/2024 12:06
- Alterado: 07/06/2024 12:06
- Autor: Redação
- Fonte: EDUARDO SODRÉ - FOLHAPRESS
Produção
Crédito:Arquivo - Agência Brasil
As enchentes no Rio Grande do Sul e a paralisação dos servidores ambientais tiveram reflexos no setor automotivo em maio. Os dados divulgados pela Anfavea (associação das montadoras) nesta sexta (7) mostram queda de 24,9% na produção de veículos leves e pesados na comparação com o mês de abril.
Em relação a maio de 2023, a redução é de 26,8%. Com o resultado, a tendência de alta que vinha sendo registrada no acumulado do ano se transformou em retração. As 926,8 mil unidades montadas entre janeiro e maio representam uma queda de 1,7% em relação ao mesmo período do ano passado.
Nos emplacamentos de veículos, o mês de maio terminou com uma redução de 12% em comparação a abril. Contudo, na comparação com maio de 2023, houve crescimento de 10%, o que manteve números positivos nossa primeiros cinco meses de 2024 alta de 14,9%, com 929,7 mil veículos leves e pesados vendidos.
O mercado do Rio Grande do Sul teve queda de 64% na comercialização de carros, segundo Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea.
Além das enchentes no Rio Grande do Sul, o licenciamento de automóveis novos também foi impactado pela paralisação dos servidores ambientais, que mantêm carros retidos em pátios e portos no Brasil e no exterior, à espera de autorização para embarque e distribuição. O mês teve também um dia útil a menos em relação a abril.
Francisco Tripodi, sócio-diretor da consultoria Pieracciani, diz que as vendas e a produção certamente diminuirão em 2024 devido aos problemas no sul, que tem um polo automotivo relevante no país.
”Esse risco é real e as vendas certamente diminuirão devido à baixa produtividade resultante dessa situação no Rio Grande do Sul. As montadoras têm dado férias coletivas, o que pode ajudar a mitigar o impacto, mas o efeito sobre o faturamento e as vendas das empresas da região já é evidente.”
Tripodi afirma que o estado possui um polo automotivo muito forte, e a produção de um veículo pode ser interrompida pela falta de um único componente.
“Já vivenciamos uma situação em que uma grande montadora teve sua produção paralisada devido à falta de um parafuso importado, que enfrentou problemas de importação e desabastecimento. Na época, a solução foi encontrar um fornecedor local, homologá-lo rapidamente e, assim, substituir a importação pela produção local.”
Em nota, José Maurício Andreta Jr., presidente da Fenabrave (associação dos distribuidores de veículos), diz que a entidade não vai revisar suas previsões agora, por acreditar na retomada.
“Embora o momento seja de cautela, em razão das dificuldades enfrentadas no Rio Grande do Sul, cujos prejuízos das enchentes ainda estão sendo contabilizados, as condições favoráveis do crédito mantiveram o mercado aquecido no restante do país, seja em maio como no acumulado dos cinco primeiros meses deste ano, fazendo com que o mercado total continue apontando viés positivo”, afirma Andreta.
“O estado respondeu por cerca de 4% dos licenciamentos do Brasil até abril. Sabemos que houve perdas, mas parte dessa frota poderá ser reposta nos próximos meses, considerando os sinistros ainda não registrados.”