Jean Wyllys diz que homossexuais podem ser o grupo mais odiado da história
Em conversa com Antônio Abujamra no Provocações, o deputado federal e ex-BBB ainda fala sobre a rotina no Palácio do Planalto. Nesta terça-feira (25/6), às 23h, na TV Cultura
- Data: 21/06/2013 14:06
- Alterado: 21/06/2013 14:06
- Autor: Redação
- Fonte: Fundação Padre Anchieta
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Na próxima terça-feira (25/6), às 23h, na TV Cultura, Antônio Abujamra recebe o deputado federal e ex-BBB Jean Wyllys. O entrevistado fala, entre outros assuntos, sobre política e homossexualidade. “O homossexual é duplamente vítima da violência: dessa que atinge a todos nós, latrocínio, sequestro relâmpago, bala perdida, enfim… e só ele é vítima de outra violência que é chamada crime de ódio”.
O deputado também comenta sobre a rotina política no Palácio do Planalto: “a gente tem uma ideia muito estereotipada, estigmatizada do que é o Congresso Nacional, em especial a Câmara dos Deputados. E essa imagem é a ideia de pessoas que não trabalham, que estão ali a serviço do nada, isso se desfez. As pessoas lá trabalham; elas podem estar dedicadas ao enriquecimento pessoal, a sustentar seus privilégios, defender seus interesses paroquiais, mas elas trabalham, isso é fato”.
Único homossexual assumido na Câmara dos Deputados atualmente, Jean Wyllys fala sobre a principal diferença entre a sua postura e de seu predecessor, Clodovil: “a diferença é que ele era um homossexual assumido, mas ele não encampava essa bandeira da luta pelos direitos humanos da população homossexual”.
Ainda sobre a questão da sexualidade, Jean diz: “aqueles homens [da Câmara dos Deputados] se habituaram a colocar os homossexuais num lugar subalterno, como colocaram as mulheres durante muito tempo, como colocaram os negros. Para eles é muito difícil ver uma pessoa sair de um lugar subalterno em que foi colocada, para ganhar voz, se tornar sujeito e não objeto de discurso, e é isso que incomoda mais, eu ser sujeito e colocar o ponto de vista homossexual no debate sobre o país. Estamos pensando no país e esse ponto de vista não pode ser excluído, assim como o das mulheres, dos negros e dos povos indígenas. Se a gente quer construir um mundo comum, temos que dar espaço para todos os pontos de vista, e o Congresso Nacional nunca se habituou a fazer isso, aquele sempre foi um lugar de homens brancos, quase sempre”.
Além da visão atual, o deputado ainda fala sobre a questão da homossexualidade sob um contexto histórico: “Os homossexuais talvez sejam o grupo mais odiado da história, mais do que os judeus, eu diria, porque a homossexualidade é objeto de ódio não só religioso, também é objeto de um ódio secular. Há ateus que detestam homossexuais, que não querem filhos homossexuais. Há pessoas que mesmo sem uma formação religiosa não admitem a possibilidade de uma expressão da sexualidade humana que não seja aquela para procriação. E com esse tipo de discurso os homossexuais não só fomos difamados ao longo da história, como nunca tivemos nossos direitos reconhecidos amplamente”.
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