Palco político no RS se intensifica com Bolsonaro, filhos e Pimenta
Eduardo e Carlos Bolsonaro chegaram ao estado nos últimos dias, cerca de 15 dias após decretação de calamidade, e rechearam suas redes sociais com vídeos
- Data: 18/05/2024 16:05
- Alterado: 18/05/2024 16:05
- Autor: Redação
- Fonte: Ranier Bragon/Folhapress
Carlos, na região serrana de Bento Gonçalves, e Eduardo Bolsonaro na região de Eldorado do Sul
Crédito:Reprodução/Instagram
Cerca de 15 dias após o Rio Grande do Sul declarar estado de calamidade pública em decorrência das chuvas e das enchentes, dois filhos de Jair Bolsonaro (PL) chegaram ao estado e rechearam suas redes sociais e a de aliados com vídeos dos locais que visitaram.
A movimentação, que foi postada também nas contas do ex-presidente –ele saiu nesta sexta-feira (17) de uma internação hospitalar – engrossa o caldo de politização na região, cujo capítulo mais recente foi a indicação por Lula (PT) de seu chefe da Comunicação Social, Paulo Pimenta, para ministro extraordinário da reconstrução do Rio Grande do Sul.
Até então, os integrantes da família Bolsonaro estavam se limitando a atacar nas redes sociais a resposta do governo Lula à tragédia.
Se a nomeação de Pimenta – ativo antibolsonarista e cotado para disputar o governo do estado em 2026 – gerou críticas na oposição, a ida dos filhos de Bolsonaro foi alvo de ataques no PT.
Segundo o partido, a ida do vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PL) e o do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) tem o objetivo de fazer vídeos para redes sociais e aplacar a lembrança da errática e negacionista ação do pai na condução do governo durante a pandemia da Covid-19. Além de tentar mostrar presença em um estado em que Bolsonaro derrotou Lula em 2022 por 56,35% dos votos válidos contra 43,65%.
Carlos, por exemplo, chegou na quinta-feira (16) a Bento Gonçalves, acompanhado do ex-ministro da Comunicação Social de Bolsonaro e hoje seu advogado, Fabio Wajngarten. Na cidade, Bolsonaro teve 76% dos votos contra 24% de Lula.
No vídeo postado em suas redes e nas redes do pai, Carlos diz não saber como as pessoas tiram forças para sobreviver em uma situação como aquela e destaca o trabalho de voluntários.
“O trabalho dos civis está sendo fundamental para esse primeiro momento de alinhamento e de entendimento do que está acontecendo”, diz Carlos no vídeo.
O prefeito de Bento Gonçalves, Diogo Segabinazzi Siqueira (PSDB), disse à Folha que partiu dele o contato com os Bolsonaros, via Wajngarten, e que toda ajuda nesse momento é importante.
“O primeiro ponto é mostrar o que a gente está passando, sensibilizar o Brasil para o que a gente está passando”, afirmou o prefeito, que destacou ainda o envio à cidade de emenda parlamentar de Eduardo no valor de R$ 1 milhão.
Já Eduardo foi a Eldorado do Sul, uma das cidades mais atingidas, e deu voltas de jet ski na cidade alagada para mostrar a situação. Em outros vídeos, aparece em um helicóptero levando medicamentos e, em outro, retirando de um caminhão em Porto Alegre caixas de leite ao lado do deputado federal Zucco (PL-RS) e de assessores.
“O deputado Eduardo Bolsonaro é um formador de opinião, com uma enorme visibilidade, extremamente necessária para este momento em que precisamos canalizar todos os esforços para salvar vidas e atender os milhares de desabrigados”, disse Zucco.
“Inclusive, pedi a ele que fizesse a interlocução junto às embaixadas, porque a catástrofe é duas vezes maior que o furacão Katrina. E a comunidade internacional está tomando pé do gigantismo desse evento climático. Toda ajuda é bem-vinda.”
Zucco afirmou que Eduardo se prontificou a ir ao estado.
“Eles mesmos perceberam o desprezo total com que agiram na época da Covid, cuja iniciativas partiram do Parlamento. O Executivo abandonou o povo naquela época. Agora, estão vendo o Executivo atuando e querem se redimir, criando símbolos de que têm preocupação com o povo”, afirma o deputado federal Bohn Gass (PT-RS).
“A vinda deles aqui é só para fazer vídeo porque até agora eles só se mobilizaram em torno de fake news. E também vêm para andar de jet ski. Mas nos dias que as pessoas estavam nos telhados, correndo maior risco de vida, eles não estavam aqui”, diz a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS).
Bolsonaro, que esteve internado por 12 dias para tratar de uma infecção bacteriana, escreveu em suas redes sociais que Carlos estava na região serrana de Bento Gonçalves “revelando as peculiaridades dos problemas locais, expondo situação catastrófica do Vale, algo pouco exposto na mídia convencional que está focada na região de Porto Alegre, Lajeado e Canoas”.
“Diante do exposto, meu outro filho, o deputado federal Eduardo remanejou parte de suas emendas parlamentares para ajuda na região e outras áreas afetadas nesta enchente histórica que destruiu todo o estado em questão. Seguimos acreditando e fazendo nossa parte na união do nosso amado Brasil.”
Na quarta-feira (15) Lula anunciou novas medidas para o estado em uma solenidade em tom de comício na cidade de São Leopoldo, maior município governado pelo PT no estado, a cerca de 35 km de Porto Alegre e um dos mais afetados pela tragédia.
O evento foi marcado por gritos da plateia geralmente usados em campanhas petistas e por elogios a Paulo Pimenta.
“Infelizmente às vezes a gente vê situações como desse palanque, desse comício, com aplausos, gritos. As pessoas estão morrendo. Em uma situação como essa, tudo tem que ser solene e rápido”, diz o deputado federal Daniel Trzeciak (PSDB-RS).