Confira a diferença entre os sintomas da dengue e da gripe
Apesar de algumas manifestações semelhantes, é importante reconhecer sintomas que indicam possível evolução e gravidade de cada quadro
- Data: 04/05/2024 08:05
- Alterado: 04/05/2024 08:05
- Autor: Redação
- Fonte: Governo do Estado de SP
Crédito:Divulgação
Em algum momento, os sintomas da dengue e da gripe podem ser os mesmos: dor de cabeça, dores pelo corpo e nas juntas, febre e mal-estar. Apesar de ambas doenças serem virais, há outros sinais que as diferenciam, sobretudo aqueles que indicam uma possível evolução para quadros mais graves. Como o Brasil enfrenta um aumento no número de casos de dengue neste início de 2024, é importante conhecer esses sintomas para ajudar na identificação da enfermidade.
“A principal semelhança entre a dengue e a influenza é a febre de início súbito, geralmente a primeira manifestação das duas doenças, e a dor atrás dos olhos. Já a principal diferença são os sintomas respiratórios que aparecem logo nos primeiros dias de sintomas da influenza, como coriza, tosse produtiva e deglutição com dor, além das manchas vermelhas na pele que ocorrem tipicamente na dengue por volta de três a cinco dias”, explica o infectologista e gestor médico de Desenvolvimento Clínico do Butantan, Érique Miranda.
Segundo o infectologista, a duração dos sintomas também é um diferencial entre as doenças.
“Creio que a duração dos sintomas é um pouco maior na dengue, na qual a prostração e a dor muscular pode chegar a uma semana”, destaca.
A dengue é causada pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti, que habita, essencialmente, áreas urbanas e domiciliares, onde se alimenta essencialmente de sangue humano. Os mosquitos se proliferam em ambientes quentes e úmidos e depositam seus ovos em criadouros artificiais como recipientes com água parada, pneus, vasos de plantas, entre outros.
Como o A. aegypti é vetor dos quatro vírus da dengue (DENV-1, DENV-2, DENV-3, DENV-4), assim como dos vírus da Zika e chikungunya, se picar alguém infectado será capaz de transmitir o patógeno para outras pessoas.
A gripe, por sua vez, é causada pelo vírus Influenza, que geralmente circula no Hemisfério Sul nos meses de inverno, entre junho e setembro – por isso, a vacinação contra a gripe costuma se antecipar a este período. Como o influenza sofre mutações frequentemente, todo ano a Organização Mundial da Saúde (OMS) define as três cepas que irão compor os imunizantes para cada hemisfério, de acordo com os vírus que mais circularam no ano anterior. Em 2024, para o hemisfério sul, foram determinadas as seguintes cepas: A/Victoria/4897/2022 (H1N1); A/Thailand/8/2022 (H3N2); e B/Austria/1359417/2021 (B/linhagem Victoria).
Sintomas dengue x sintomas gripe
Os primeiros sintomas da dengue são febre alta, dores no corpo e atrás dos olhos, vermelhidão na pele e fadiga. Eles começam, em média, cinco dias após a picada do mosquito, período chamado de incubação, e podem durar de dois a sete dias.
Nessa fase, a doença é classificada como dengue clássica ou dengue sem sinais de alerta e pode ser controlada com hidratação intensa e medicações como dipirona ou paracetamol para controlar a dor (alguns remédios precisam ser evitados), até seu desaparecimento em alguns dias.
Outros sintomas mais específicos podem surgir na sequência, principalmente quando a febre cessa por volta do quinto dia. Essa é a fase da dengue com sinais de alerta, nome dado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) por indicar uma gravidade do quadro clínico. Nesse momento, é importante ter acompanhamento médico. Na dengue grave, a que mais preocupa, ocorre maior reação inflamatória sistêmica, que altera a coagulação do sangue e acarreta a perda de líquidos. Essa fase geralmente precisa de internação hospitalar.
Já os sintomas da gripe normalmente aparecem de forma repentina e incluem febre, dor de garganta, tosse, dores no corpo e dor de cabeça. É comum que eles desapareçam espontaneamente em aproximadamente sete dias, embora a tosse, o mal-estar e a fadiga possam permanecer por algumas semanas.
Nos adultos sadios, o quadro clínico pode variar de intensidade, ao passo que nas crianças a temperatura pode atingir níveis mais altos, sendo comum o aumento de linfonodos cervicais e quadros de bronquite ou bronquiolite, além de sintomas gastrointestinais. Nos idosos, é comum haver febre, embora a temperatura não atinja níveis muito altos, segundo o Ministério da Saúde.
Sintomas da dengue sem sinais de alerta
- Febre alta (40°C);
- Forte dor de cabeça;
- Dor atrás dos olhos;
- Náusea;
- Vômitos;
- Manchas vermelhas na pele.
Sintomas da dengue com sinais de alerta
- Dor abdominal intensa;
- Vômitos persistentes;
- Respiração ofegante;
- Sangramento de mucosas;
- Fadiga;
- Vômito de sangue;
- Desidratação e sensação de boca seca;
- Pele pálida;
- Fraqueza;
- Sonolência;
- Cansaço excessivo;
- Diminuição da temperatura do corpo;
- Aumento repentino do hematócrito (porcentagem de hemácias);
- Queda abrupta de plaquetas;
- Hipotermia.
Os sintomas podem se agravar ao fim da primeira semana e ficarem piores em uma pequena fração de pessoas.
Sintomas da dengue grave
- Febre hemorrágica da dengue (extravasamento do plasma sanguíneo, que causa hemorragias severas);
- Síndrome do choque da dengue (colapso circulatório e falência múltipla dos órgãos);
Sintomas da gripe
- Febre;
- Coriza;
- Dor de garganta;
- Tosse;
- Dor no corpo;
- Dor de cabeça;
- Dores articulares e musculares;
- Calafrios;
- Mal-estar;
- Cefaleia;
- Diarreia;
- Vômito;
- Fadiga;
- Prostração;
- Rouquidão;
- Olhos avermelhados e lacrimejantes.
Vacinação
Neste ano, uma vacina contra a dengue foi incorporada ao Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde. Com distribuição reduzida, a vacinação foi indicada somente para crianças e adolescentes. O Instituto Butantan desenvolve uma nova candidata a imunizante contra a dengue, de dose única, em fase final de pesquisa. Seus resultados devem ser apresentados à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) até o fim de 2024.
No Brasil, a campanha de vacinação promovida pelo PNI oferece a vacina contra influenza produzida no Instituto Butantan. Comprovadamente segura e eficaz, o imunizante integra o rol de vacinas do SUS desde 1999, ajudando a reduzir a transmissão do vírus e o número de casos graves e mortes. Em 2021, o imunizante entrou para a lista de vacinas pré-qualificadas da OMS, o que significa uma validação internacional às Boas Práticas de Fabricação do Butantan.