Inadimplência volta a subir em São Paulo após seis meses, aponta FecomercioSP
Atualmente, quase 1 milhão de famílias têm contas em atraso; fenômeno é resultado da alta da inflação em itens cotidianos, como alimentos e transportes
- Data: 08/04/2024 10:04
- Alterado: 08/04/2024 10:04
- Autor: Redação
- Fonte: FecomercioSP
Economia
Crédito:Marcello Casal Jr - Agência Brasil
Após seis meses, a inadimplência das famílias paulistanas voltou a subir no mês de março. A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) aponta que, no mês passado, 921,2 mil famílias tinham algum tipo de conta em atraso na metrópole. Assim, o porcentual de lares inadimplentes saltou para 22,7% (em fevereiro, era de 21,8%) [gráfico 1].
Embora o número de famílias endividadas esteja abaixo do registrado em março de 2023, o comprometimento da renda delas com dívidas segue preocupante. Hoje, um terço (31,7%) de tudo o que os lares recebem é destinado a pagamentos dessas despesas — que, em média, se prolongam por oito meses.
Os fatores que compõem esse fenômeno também se elevaram na análise quantitativa: o cartão de crédito, que endividava 85,8% das casas paulistanas, em fevereiro, agora o faz em 86,1% desses lares. O crédito pessoal, por sua vez, passou de 15,6% para 16,6%, enquanto o crédito consignado apontou aumento mais significativo: de 7,7% para 9%. Na percepção da Federação, esses dados sugerem que há uma demanda mais aquecida das famílias por recursos utilizados, posteriormente, para manter o consumo cotidiano, como alimentos e combustíveis. É assim que um dos principais motivos para o aumento da inadimplência em março, após meses de queda, foi justamente a inflação mais forte nesses dois grupos de produtos.
Esse fenômeno impacta mais fortemente as classes de renda mais baixa: entre as famílias com rendimentos abaixo de dez salários mínimos, sete em cada dez estão endividadas (71,3%), e mais de um quarto (26%) está inadimplente. Nas classes mais altas (acima de dez salários mínimos), as taxas são de 60,5% e 13,2%, respectivamente.
Essa conjuntura pode se consolidar caso a previsão do retorno da inflação, principalmente sobre alimentos e preços de transportes, se confirme no médio prazo. Se isso acontecer, ficará mais difícil para os paulistanos adiarem o pagamento das suas dívidas em favorecimento ao consumo diário — uma prática que a FecomercioSP observa desde o ano passado. Hoje, 2,78 milhões de famílias estão endividadas em São Paulo, das quais 921 mil estão inadimplentes e 391 mil, sem condições de pagar as despesas atrasadas no momento (9,6%).