Itaú Cultural recebe Conforto, peça que reflete sobre diferenças sociais

Tendo como ponto de partida a memória de sua primeira infância, a atriz Ana Flavia Cavalcanti trabalha a temática dando vida a uma babá, uma diarista e uma paquita

  • Data: 05/03/2024 07:03
  • Alterado: 05/03/2024 07:03
  • Autor: Redação
  • Fonte: Itaú Cultural
Itaú Cultural recebe Conforto, peça que reflete sobre diferenças sociais

Atriz Ana Flavia Cavalcanti

Crédito:Tiago Silva

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O Itaú Cultural apresenta de 7 a 10 de março (quinta-feira a domingo) a peça Conforto, com concepção, direção e atuação da atriz Ana Flavia Cavalcanti. O espetáculo trata da busca pelo aconchego, colocando no centro da cena o trabalho doméstico, a alienação parental e o direito à segurança alimentar e à moradia digna. O principal dispositivo para isso é a memória da primeira infância da artista.

As apresentações são gratuitas, como toda a programação do Itaú Cultural. Os ingressos são devem ser reservados pela plataforma INTI, com acesso pelo site www.itaucultural.org.br.

As memórias de infância fazem Ana Flavia reviver, em cena, sua trajetória pessoal e profissional – antes de se tornar atriz, ela trabalhou como babá quando criança. Nesse paralelo, a artista vive uma paquita; vive sua mãe, a quem acompanhava nas casas de família onde ela faz faxina; vive a filha de um pai ausente que o procura para receber um abraço e interpreta uma atriz que constrói a sua casa em uma praia paradisíaca no sul da Bahia.

Lembranças e diferenças

Conforto é também uma homenagem a outros brasileiros que têm memórias semelhantes e são costuradas ao longo do espetáculo. Faz, ainda, uma retrospectiva do cenário social dos últimos anos no Brasil.

A peça começa com a atriz usando um pulverizador customizado, o qual abastece com o amaciante diluído em água, borrifando a área externa e o espaço cênico. Assim, todo o espaço fica impregnado do perfume que ela própria sentia ao acompanhar a mãe e o identificava com a sensação de conforto.

Durante o espetáculo, a artista repete a frase “lá em casa não era assim não!”, trazendo a perspectiva da criança que ia com a mãe para as casas de família e entrava em contato com as desigualdades. Estas estavam desde o tamanho das casas que sua mãe limpava e na comida que era servida, até o elevador de serviço, a entrada destinada aos funcionários, os animais domésticos e o lixo.

Em outros momentos, a artista repete a frase “lá em casa era assim”, aqui reforçando os detalhes de sua rotina no bairro periférico de Caetetuba, em Atibaia, onde morava. Enquanto a mãe trabalhava, ela cuidava dos irmãos mais jovens, arrumava a casa, estudava. Seus momentos de lazer eram vividos ouvindo rádio, nadando nos rios da cidade. A melhor parte de seus dias era a beleza dos finais de semana, quando sua mãe estava em casa.

O espetáculo faz também uma crítica à fome que assola o país desde os anos de 1990. Para discutir segurança alimentar, a artista se inspirou nas imagens do café da manhã que era servido no programa matinal Xou da Xuxa, onde a apresentadora oferecia um banquete para uma pessoa escolhida da plateia.

“Esse café da manhã sempre me mobilizou. Durante a infância eu ficava grudada na tela da TV morrendo de vontade de comer aquelas coisas que eu nunca tinha visto ao vivo. A Xuxa servia favos de mel na boca das paquitas. Uvas verdes. Geleia de figo. Frutas variadas. Ricota. E a gente comendo pão seco com chá de erva cidreira”, conta a atriz.

Não à toa, Ana Flavia inicia o espetáculo vestida de paquita, ajudante de palco do programa de TV. Durante a apresentação, no entanto, a artista troca de figurino e volta para uma realidade mais próxima da sua primeira infância, usando uma roupa lavada e passada por sua mãe cheirando ao amaciante Comfort.

Sobre a atriz e diretora

Ana Flavia Cavalcanti é uma multiartista que transita entre a direção, atuação e a performance. Iniciou sua vida profissional aos oito anos de idade como babá de um recém-nascido, filho de uma vizinha. Natural de Diadema, região metropolitana de São Paulo, é filha de uma trabalhadora doméstica aposentada. A sua mãe e suas vivências foram as inspirações para a criação das performances A Babá Quer Passear e Serviçal, onde ela discute a condição atual das trabalhadoras domésticas no Brasil.

A atriz é formada em artes cênicas pelo CPT – Centro de Preparação Teatral, dirigido por Antunes Filho. Participou de estágios no Théâtre du Soleil e na École Lecoq durante 2011, ambos em Paris. Seu primeiro filme, o curta-metragem Rã, teve estreia internacional no 70th Berlinale – Berlin International Film Festival.

Atualmente, Ana Flavia integra o elenco das séries Os Outros, da GloboPlay, com direção de Luísa Lima; Notícias Populares, do Canal Brasil, com direção de Marcelo Caetano, e pode ser vista em Santo Maldito, série disponível na plataforma Star+. No cinema, também faz parte do elenco do filme A Casa de Antiguidades, de João Paulo Miranda Maria, Corpo Elétrico, de Marcelo Caetano, e Rainha, curta de Sabrina Fidalgo.

FICHA TÉCNICA:

Concepção, direção e atuação: Ana Flavia Cavalcanti

Supervisão artística: Isabel Setti e Fábio Osório

Performer convidada: Val Cavalcanti

Direção de arte e vídeos: Ana Flavia Cavalcanti

Cenário: Marília Piraju

Cenotecnia: Cássio Omae

Figurino: Ana Flavia Cavalcanti

Trilha sonora: Lua Bernardo

Execução de música ao vivo: Lua Bernardo e Beatriz França (stand in)

Iluminação: Cyntia Monteiro

Operação de Luz: Cyntia Monteiro e Angel Taize

Operação de Vídeo: Tiago Silva

Fotografias: Hanna Vadasz, Jorge Bispo e Felipe Avila

Produção: Rafael Ferro

Produção Executiva: Jandilson Vieira

Assistente de Produção: Mariana Mollys

Assessoria de Imprensa: Pedro Madeira e Rafael Ferro

Preparação Vocal: Isabel Setti

Designer: Jonas “Joe” Borges e Daniel Kubalack

Tratamento de Fotos: Sérgio Lisboa

SERVIÇO

Espetáculo Conforto

Concepção, direção e atuação: Ana Flavia Cavalcanti

De 7 a 10 de março (de quinta-feira a sábado às 20h, e no domingo às 19h)

Na Sala Itaú Cultural (Piso Térreo)

Capacidade: 224 lugares

Duração: 100 minutos aproximadamente

Classificação Indicativa: 12 anos (temas sensíveis, angústia e violência)

Entrada gratuita. Reservas de ingressos na plataforma INTI – acesso pelo site do Itaú Cultural www.itaucultural.org.br

PROTOCOLOS:

  • É necessário apresentar o QR Code do ingresso na entrada da atividade até 10 minutos antes do seu início. Após este horário, o ingresso não será mais válido.
  • A bilheteria presencial abre uma hora antes do evento começar, para retirada de uma senha para posteriormente ser trocada pelos ingressos de pessoas que não compareceram.

FILA DE ESPERA:

Os ingressos reservados valem até 10 minutos antes do início da sessão. Quem não conseguiu reservar o seu, pode comparecer ao Itaú Cultural no dia do evento e esperar por possíveis ingressos remanescentes. A fila começa a ser organizada uma hora antes do começo da atração e, caso haja desistência, os ingressos serão distribuídos às pessoas da fila por ordem de chegada.

Itaú Cultural

Avenida Paulista, 149, próximo à estação Brigadeiro do metrô

De terça-feira a sábado, das 11h às 20h.

Domingos e feriados 11h às 19h

Informações: pelo telefone (11) 2168.1777 e wapp (11) 9 6383 1663

E-mail: [email protected]

Acesso para pessoas com deficiência física

Estacionamento: entrada pela Rua Leôncio de Carvalho, 108.

Com manobrista e seguro, gratuito para bicicletas.

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  • Data: 05/03/2024 07:03
  • Alterado:05/03/2024 07:03
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  • Fonte: Itaú Cultural









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