Morre Iris Apfel, ícone da moda que trabalhou para Casa Branca e virou Barbie
A causa da morte não foi divulgada.
- Data: 02/03/2024 10:03
- Alterado: 02/03/2024 10:03
- Autor: Redação
- Fonte: FolhaPress
Crédito:Divulgação
A designer de interiores, referência de estilo e ícone da moda Iris Apfel morreu aos 102 anos na última sexta-feira (1º). A americana estava em sua casa em Palm Beach, na Flórida, e a informação foi confirmada em sua rede social, para seus 3 milhões de seguidores. A causa da morte não foi divulgada.
Apfel ficou conhecida pelo estilo único de se vestir, que incluía óculos grandes e de armação pesada, batons vermelhos de tons vibrantes, bijuterias ostensivas e roupas extravagantes. Ela se tornou um ícone pop, espécie de influenciadora fashion, que se autodenominava uma “estrela geriátrica” pela fama adquirida quando tinha mais de 80 anos de idade.
Nascida com o nome Iris Barrel em 1921 no Queens, em Nova York, ela estudou história da arte da Universidade de Nova York e arte na Universidade de Wisconsin. Trabalhou no veículo Women’s Wear Daily, foi aprendiz da designer de interiores Elinor Johnson antes de abrir sua própria empresa, que vendia e restaurava têxteis.
Ela passou a usar o sobrenome Apfel quando se casou com Carlos Apfel que morreu em 2015, aos 100 anos, um executivo de publicidade, em 1948. Até 1992, a Old World Weavers, empresa do casal, restaurou cortinas, móveis e outros tecidos na Casa Branca para nove presidentes dos Estados Unidos, de Harry Truman a Bill Clinton.
Mas apesar de já conhecida no meio da moda nos anos 1980 e 1990, e de ser presença constante nos principais desfiles e semanas de moda, Iris Apfel só foi ficar famosa internacionalmente nos anos 2000. Em 2005, ela foi tema de uma exposição no Metropolitan Museum of Art,o Met, em Nova York, de maneira acidental.
Diante do cancelamento de uma exposição, o museu foi atrás da designer para conseguir uma substituição de última hora. O Met então criou “Rara Avis: Selections From the Iris Apfel Collection”, em que exibia, pela primeira vez em sua história, o guarda-roupa de uma pessoa.
Segundo o New York Times, a mostra reuniu 82 conjuntos e 300 acessórios, incluindo pulseiras de baquelite dos anos 1930, braceletes tibetanos, um conjunto de viagem com estampa de tigre de seu próprio design, um casaco robusto de cordeiro mongol e esquilo da Fendi exibido em um manequim saindo de um iglu.
“Para se vestir assim, é preciso ter um senso visual educado. É preciso coragem. Eu fico pensando, não tente isso em casa”, disse Harold Koda, curador que ajudou a organizar a mostra.
A exposição foi um sucesso, viajou para outros museus, e fez de Apfel uma estrela. Carla Fendi, Giorgio Armani e Karl Lagerfeld estiveram presentes no Met. Ao longo da vida, ela também conheceu Chanel, Dior e Yves Saint Laurent.
A partir de 2005, a designer passou a figurar em editoriais de revistas e campanhas publicitárias e a dar entrevistas e ser chamada para dar palestras. Em 2007, publicou “Rare Bird of Fashion: The Irreverent Iris Apfel”, um livro sobre suas roupas e joias, com imagens do fotógrafo Eric Boman.
Em 2014, foi retratada em “Iris”, um documentário feito por Albert Maysles. Três anos depois, inspirou a Mattel a fazer um modelo da boneca Barbie com sua imagem que não foi colocada à venda.
Em 2018, lançou “Iris Apfel: Accidental Icon”, livro autobiográfico com pensamentos e reflexões sobre sua vida e seu estilo. Aos 97 anos, assinou um contrato de modelo com a agência global IMG.
No Brasil, Apfel inspirou o espetáculo “Através da Íris”, que ficou em cartaz em São Paulo em 2019. O monólogo teve direção de Maria Maya e interpretação de Nathalia Timberg, que deu vida à designer.
“As chaves do meu estilo são joias, um batom cheio de brilho e óculos escuros. Jamais fui capaz de usar apenas uma joia de cada vez”, ela disse à Folha em 2012, na época puxando a sardinha para o novo batom que havia criado para a MAC, o Scarlet Ibis (nome de um pássaro cor-de-rosa).
Na ocasião, também comentou ao jornal sobre se tornar um ícone fashion com mais de 80 anos. “A idade é só um número. E não é porque alcançamos um número mais alto que as coisas interessantes deixam de nos acontecer.”