Janeiro Roxo é mês de Campanha para conscientização e combate à hanseníase
Por ser uma doença crônica e incapacitante, se não tratada a tempo pode afetar a qualidade de vida de quem é infectado; manchas pelo corpo com alteração de sensibilidade e sensação de formigamento são alguns dos sintomas
- Data: 11/01/2024 19:01
- Alterado: 11/01/2024 19:01
- Autor: Renata Nascimento
- Fonte: PMD
Crédito:Dino Santos/PMD
Saber identificar os primeiros sinais de hanseníase e procurar ajuda profissional podem ser o diferencial no diagnóstico precoce e na cura da doença, reduzindo as chances de incapacidades ou danos neurais irreversíveis. Por isso, durante todo o mês, as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) de Diadema intensificarão a busca ativa em atendimentos e visitas domiciliares e sensibilização nos grupos de cuidado e nas salas de espera.
Caracterizado pela campanha Janeiro Roxo, o primeiro mês do ano destina-se a informação e conscientização da hanseníase, “uma doença de pele que, apesar de não estar tão prevalente, pode ser incapacitante se não tratada adequadamente, pois atinge nervos periféricos e causa lesões neurais”, alerta a coordenadora da Vigilância Epidemiológica de Diadema, Selina Guilhen Freitas dos Santos. Por isso é de interesse à saúde pública e notificação compulsória, ou seja, quando há suspeita da doença, o profissional de saúde deve avisar as autoridades sanitárias para que as medidas sejam adotadas.
Seus principais sinais são manchas (brancas, avermelhadas, acastanhadas ou amarronzadas) com alterações da sensibilidade (dor, frio e calor), áreas com diminuição de pelos e suor, sensação de formigamento ou fisgadas, diminuição ou ausência da sensibilidade e força muscular e caroços no corpo (em alguns casos avermelhados e dolorosos).
“É importante estar atento aos sintomas mais comuns da hanseníase que podem ser confundidos, no estágio inicial, com outras doenças dermatológicas. Ao apresentar alguns dos sintomas, a pessoa deve procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima para avaliação”, orienta Selina. Caso a lesão seja suspeita, o paciente é encaminhado ao Centro de Especialidades Quarteirão da Saúde Osvaldo Misso, para confirmação diagnóstica.
Quando há confirmação, os contatos domiciliares do paciente também são examinados e recebem orientação quanto ao tratamento.
Transmissão
A doença é causada pela bactéria Mycobacterium leprae e a transmissão se dá por meio de uma pessoa doente, sem tratamento, que elimina o bacilo pelas vias respiratórias, por meio de secreções nasais, tosses e espirros. O tratamento dura entre nove e 18 meses, de acordo com a gravidade de cada caso.
Casos
De acordo com dados do Boletim Epidemiológico – Hanseníase 2023, do Ministério da Saúde (MS), com dados do ano de 2022, a enfermidade acomete 1,05 pessoas a cada 10 mil habitantes no país. Na região sudeste, a prevalência da doença é de 0,44 e, no estado de São Paulo, chega a 0,28.
Em Diadema, na última década, foram confirmados e acompanhados 70 casos da doença. No ano passado, sete pessoas receberam o diagnóstico. “Um número bastante expressivo para uma doença que já deveria estar erradicada”, ressalta Selina. Já em 2022, foram 14 casos. “Para algumas doenças, como a hanseníase, ficar recluso em casa com uma pessoa doente aumenta a probabilidade de adoecer e diminui as chances de diagnóstico precoce. Nesse sentido, a pandemia pela covid-19 e seus picos também contribuíram para o aumento dos casos”, complementa.
Mesmo com tratamento gratuito pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e taxa de cura acima de 77% no país e 89% no Estado de São Paulo, de acordo com dados do MS, a doença ainda é estigmatizada pela sociedade. O tratamento eficaz para a cura da doença foi descoberto há menos de um século e apenas na década de 1960 a internação para os doentes deixou de ser compulsória. “Hoje, o diagnóstico no início da doença tem boas chances de cura. Por isso é importante ter informação e procurar o serviço de saúde”, afirma o secretário municipal da Saúde de Diadema, José Antônio da Silva.