Bolsonaro grava mensagem de apoio a líder conservador português
Ex-presidente Jair Bolsonaro faz vídeo pedindo apoio a André Ventura que concorre ao cargo de primeiro-ministro de Portugal na primeira quinzena de março
- Data: 04/01/2024 07:01
- Alterado: 05/01/2024 16:01
- Autor: João Pedro Mello
- Fonte: ABCdoABC
Crédito:Reprodução
Na tarde de ontem (02), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), interrompeu suas férias em Fortaleza, para definitivamente entrar em campanha uma vez mais, entretanto, desta vez não foi motivado para um pleito de cunho nacional. Em publicação em suas redes sociais, Bolsonaro gravou uma mensagem em vídeo de apoio, onde serve de cabo eleitoral para o candidato da extrema-direita portuguesa, André Ventura (do Partido português CHEGA), que concorre ao cargo de primeiro-ministro de Portugal, no dia 10 de março.
O vídeo dura pouco mais de 3O segundos, e durante toda a mensagem, o ex-presidente destina sua fala diretamente aos brasileiros que lá se encontram, reforçando a importância da vitória para o país nas eleições legislativas, em uma espécie de chamamento para o que chamou de “as pessoas de bem cada vez mais presentes”, em referência aos seus mais fiéis apoiadores, em terras portuguesas.
Durante o quase meio minuto de mensagem, Bolsonaro refere-se à nação luso com uma “grande maioria da população”, afirmando que ela estaria” do lado do bem”, e ainda deseja sorte aos votantes de André Ventura e ao partido CHEGA. Logo após, o próprio Ventura compartilha o apoio de ex-presidente em suas redes e agradecendo a Bolsonaro, tece críticas a esquerda brasileira, chamando-a de “antro de miséria e corrupção”, que geralmente tem como alvo principal em suas mídias sociais, o presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT).
Quem é André Ventura?
André Ventura se define como “conservador, liberal e nacionalista”, um advogado ex-comentarista futebolístico que já tentou a candidatura à Presidência da República, e tal como Jair Messias Bolsonaro no Brasil, virou uma espécie de símbolo para o ultraconservadorismo, em Portugal. Na esteira do conservadorismo, surge como fundador do CHEGA em 2019, partido de ideologia fundamentalmente populista radical, uma caricatura empoeirada do que ainda restou de herança semelhante ao governo de Jair Bolsonaro. Em moldes bastantes similares, ao gêmeo à brasileira, em quase uma cartilha básica a ser seguida, além de um pouco mais de instrução acadêmica, Ventura abraça as mesmíssimas pautas que Bolsonaro, tais como os ataques as ditas “minorias”, discursos contra imigrantes, contrário ao aborto, as cotas, e claro, a religiosidade como gancho central para fechar o pacote completo do ultraconservadorismo vigente mundial.
Não se pode esquecer, de mencionar o seu apreço efusivo pela classe militar, e claro, como seu genérico verde amarelo, uma sequência de grosserias e jeito orgulhoso ao destratar toda e qualquer órgão da imprensa que o contradiga. Em diversas oportunidades, André costuma falar em como Deus mudou sua vida, e principalmente, segundo sua crença, ele está em uma missão divina na terra. “Há um André antes e um André depois da conversão à fé católica”, declarou Ventura.
Dentre os passos da trajetória do líder do Partido CHEGA, aqui vale lembrar um episódio bastante polêmico, quando chamou os brasileiros de ignorantes em rede nacional portuguesa, durante a participação de um programa de mesa redonda esportiva da TVI. A situação ganhou repercussão pois houve um caso de racismo durante o jogo entre as equipes do Vitória de Guimarães e Porto. O ano era 2020, quando entre o então comentarista (Ventura) argumentava que, se a liga afirmar que houve racismo, ele seria o primeiro a condenar o tal caso. E mais, segundo André, havia um drama em torno destes casos para se tirar proveitos políticos dessas situações.
E foi justamente neste momento que o jornalista ao lado questiona para quem ele estava se referindo suas críticas, aos órgãos da justiça nacional ou de outros países? “É do Ministério Público, é da PSP… É da imprensa italiana, francesa, espanhola, americana, brasileira…são todos hipócritas?”, perguntou o jornalista Miguel Sousa Tavares. Então ele prontamente responde:
“Hoje a imprensa brasileira quando fala de Portugal sobre antissemitismo, racismo, aponta para mim. Não vamos falar de ignorantes, porque acho que não vale a pena falar de ignorantes. Vamos falar de Portugal, portugueses, século XXI”, dispara Ventura.
Ainda que pareça uma espécie de provocação com misto de rixa com imprensa que por vezes fazia oposição ao governo de situação, ao momento na era Bolsonaro. Além de dúbio e confuso, e de tamanha estupidez, é também de péssimo tom para quaisquer relações internacionais posteriores, até com a própria imprensa. Ainda mais após o final melancólico da gestão do ex-presidente americano Donald Trump, durante aquela celeuma para saber quem tinha saído vitorioso contra Joe Biden. Aquele fiasco criado e maximizado pelo ex-presidente estadunidense, mais parecia durar mil dias, até seu suspiro final. Ao término da corrida eleitoral, até a Fox News decidiu deixar de transmitir o pronunciamento do então presidente Trump (na época), ao perceber o conteúdo falacioso do comunicado “revelador” que estava prestes a dar — foi uma última cartada, mas que também não deu certo.
Com a mesma estirpe, temos aqui três exemplos que sentem orgulho de tratar mal a imprensa, sobretudo acerca das perguntas difíceis, não a chamada da imprensa “chapa branca”.
Brasil Colônia até quando (dizer)?
Em uma rápida retomada histórica, percebe-se nossa independência tupiniquim entranhada nas raízes de portuguesas, e logo de cara, justamente, quando a própria elite brasileira se dá por conta, nossos colonizadores desejavam voltar a ocupar esse posto já era tarde demais, e como o Rei estava fora a coisa só foi afunilando. Dentre outros “detalhes”, e fatores, existe um ponto triste e irônico que converge e ecoa junto a mensagem de ontem, com a nossa independência. Vale lembrar, no período em que Dom João VI retorna para casa, deixa o Brasil com seu filho Dom Pedro I, imaginando que o poder seria mantido — ledo engano —, já deveria saber que negócios x política em família nem sempre acabam bem para uma nação (tal frase realmente não foi referência pra nenhuma família específica).
Pense bem, para um partido que se diz bastante nacionalista, que fecha fronteiras e aumenta exponencialmente os casos de xenofobia, é no mínimo curioso pensar que, venha justamente do separatismo o ponto de partida ou liberdade política. Pensando é claro, como ato de total desespero da burguesia brasileira da época, ainda que motivado por uma briga entre a família real, é justamente motivada por tudo aquilo que serviu de eixo para tornar possível a independência daquele Brasil Colônia, para o país que hoje chamamos de casa.
Entretanto, é igualmente melancólico perceber como ainda vivemos acompanhando como alguns de nossos representantes se curvam a certos tipos que, francamente, não fazem bem a autoestima da nossa própria história colonial, mas até quando?
Em uma terra onde, os saques vêm desde tempos imemoriais, quando éramos Brasil Colônia—, mesmo assim, infelizmente, por vezes, a vontade e a desesperança nos traz o desejo de um povo que só faz a paz forjada no preto da fumaça escura de quem batalha pelo pão desde cedo, como as mães do Zé, do João no Seu Alfredo da vida. E lá sabe-se tem algo em que a carne que não lhe cheira nada bem. E mesmo assim, se tá triste a ordem, se estragou carniça do alimento das crianças feito urubu esperando um prato de vazio sem progresso, ou se tá pálido quando quer dizer “apátrida”. Mas vamos sim falar de século 21, sr. “Ventura”, que pode significar boa sorte ao perigo do acaso, então definitivamente, aos irmãos de idioma, eu desejo a força da inconfidência em a essa (a)ventura.
E a tudo que concerne parecer metalinguagem sobre o que a realidade do Brasil não parecer ter aprendido com seus erros, mesmo após 500 anos é totalmente verdade. O gigante é nanico que não dor(me) em berço esplêndido, ele baba, e vendo roubos enquanto seguimos buscando em arautos da justiça ou vestindo cavalos brancos ou soluções em caçadores de “mitos”, “marajás ou tanto faz! Um sonho de liberdade não deveria ter cores de bandeira, até porque na verdade, Pedro montava um asno quando bradou por independência e tinha diarreia, e mais, não se sabe quem põe os chifres do burro-de-miranda na cabeça de quem, pois no final das contas, dificilmente um deles terá, misericórdia pra dizer: o tal do CHEGA.