Anvisa: 25% dos alimentos vegetais no Brasil podem conter agrotóxicos acima do tolerado
Levantamento do órgão de vigilância sanitária mostra que um a cada quatro alimentos de origem vegetal pode ter contaminantes acima do tolerável
- Data: 06/12/2023 17:12
- Alterado: 06/12/2023 17:12
- Autor: Rodilei Morais
- Fonte: Folhapress
Resíduos de agrotóxicos estão presentes em muitos alimentos que chegam a mesa dos Brasileiros
Crédito:James Baltz/Unsplash
Um levantamento realizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de 2018 a 2019 e em 2022 indica que um a cada quatro alimentos de origem vegetal consumidos em território nacional possuem resíduos de agrotóxicos acima do limite tolerado. O estudo divulgado nesta quarta-feira (06) mostra ainda que produtos proibidos também estão presentes nos vegetais ingeridos pelos brasileiros.
O resultado faz parte do Programa de Análises de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos – o PARA. Criado em 2001, a iniciativa faz parte do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS), que a Anvisa em parceria com órgãos estaduais e municipais. Seu objetivo é garantir que o produto que chega aos pratos da população seja seguro do ponto de vista da saúde pública.
Em 2022, o programa analisou mais de 1.700 amostras de alimentos, sendo que, destas, em 41,1% não foram encontrados nenhum tipo de resíduo de agrotóxicos. 601 amostras tiveram resíduos dentro do que a legislação permite, enquanto em 25% os limites legais foram ultrapassados. Em um total de 3 alimentos, a agência considerou o valor identificado com potencial de risco agudo à saúde — quando uma curta exposição ao contaminante, ao longo de um dia, por exemplo, é suficiente para causar danos ao organismo humano.
No levantamento do período anterior, das quase 3.300 amostras estudadas, um percentual menor esteve ausente dos contaminantes químicos — 33,2%. Foram 41,2% com a presença de agrotóxicos dentro dos limites e 25,6% em inconformidade. Destas, 18 representavam um risco agudo à saúde (0,55% do total). Esta análise se refere aos anos de 2018 e 2019, já que em 2020 e 2021 o PARA foi suspenso devido à pandemia de COVID-19.
Agrotóxicos e o risco à saúde a longo prazo
Além do risco agudo, os agrotóxicos apresentam um potencial de risco crônico — referente a toda exposição aos químicos ao longo da vida de uma pessoa. O PARA analisou este potencial estudando um total de 21.735 amostras de 36 tipos diferentes de vegetais, considerando o período de 2013 a 2022 e 324 agrotóxicos distintos.
A Anvisa estima o risco crônico a partir dos dados de consumo de alimentos disponíveis graças a Pesquisa de Orçamentos Familiares do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (POF/IBGE). Combinando o quanto o brasileiro consome de cada alimento e as concentrações de agrotóxicos obtidas pelo PARA, é possível estimar se há um risco a longo prazo nas mesas da população. Nenhuma das substâncias estudadas, porém, apresentaram um risco significativo neste caso.