Estudante poderá escolher até 9 faculdades no Provão Paulista
ara 2024, serão oferecidas, ao todo, 15.369 vagas, desde faculdades com menor procura até as mais concorridas do país, como medicina na USP e na Unicamp.
- Data: 16/10/2023 12:10
- Alterado: 16/10/2023 12:10
- Autor: Laura Mattos
- Fonte: FOLHAPRESS
Crédito:Nívea de Oliveira/SEE
No Provão Paulista, o novo vestibular que será aplicado para todas as turmas do ensino médio nas escolas públicas de São Paulo, cada aluno poderá colocar como opção até nove cursos de graduação nas diferentes universidades do estado. O número de inscritos ainda não foi divulgado.
Para 2024, serão oferecidas, ao todo, 15.369 vagas, desde faculdades com menor procura até as mais concorridas do país, como medicina na USP e na Unicamp.
O Provão Paulista é um vestibular seriado, ou seja, será aplicado em todas as séries do ensino médio, e o ingresso na universidade dependerá do desempenho nos três anos. Como o Provão está sendo implementado agora, os formandos de 2023 farão apenas as provas deste ano, nos dias 28 e 29 de novembro. Em 2024, os alunos já terão as avaliações de dois anos a serem consideradas e, a partir de 2025, de todo o curso.
A intenção é que desde o 1º ano o estudante se sinta estimulado a estudar para conquistar uma vaga no ensino superior público. Como a inscrição é automática para toda a rede paulista e as provas são aplicadas nas escolas em dias letivos, há a expectativa de ampliar o acesso de alunos que não fariam um vestibular.
O peso das notas que irão compor o resultado final aumenta gradualmente ao longo dos anos, para que estudantes não se sintam desestimulados caso tenham um desempenho ruim no 1º ou no 2º ano.
A partir de 2025, quando já forem consideradas as avaliações dos três anos, o peso será de 15% para o 1º ano; de 25% para o 2º; e de 60% para o 3º (sendo, neste caso, 40% para as provas de múltipla escolha e 20% para a redação).
Embora a inscrição para a realização das provas seja automática, os estudantes do 3º ano terão que se cadastrar no Portal de Escolhas, em que deverão listar as suas opções. Não haverá, como é comum nos vestibulares tradicionais, restrições para a seleção de carreiras de áreas diferentes, segundo a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo.
Isso quer dizer que o aluno poderá, por exemplo, colocar medicina na USP como 1ª opção; engenharia na Unicamp como 2ª; direito na USP como 3ª, e assim por diante.
O Portal de Escolhas entrará no ar em 1º de novembro e, segundo o governo, ficará aberto até 8 de dezembro. Um edital sobre o Provão, publicado no Diário Oficial do Estado em 29 de setembro, havia definido o encerramento para 15 de novembro, mas a secretaria afirmou que será publicada uma nova versão, prorrogando o prazo.
No dia da aplicação do Provão, segundo o edital, as escolas funcionarão com um esquema típico dos vestibulares tradicionais, ainda que tenham que manter as aulas regulares para as demais turmas além das provas do 3º ano em 28 e 29 de novembro, serão aplicadas as do 1º e 2º ano nos dias 30 de novembro e 1º de dezembro.
Todo o sistema está sendo organizado pela Vunesp, fundação que realiza o vestibular da Unesp. Haverá horário de abertura e fechamento dos portões, tempo mínimo e máximo de permanência do aluno em sala de aula e fiscais externos. Os estudantes serão proibidos de utilizar celular ou qualquer aparelho de comunicação e, para ir ao banheiro, terão de ser acompanhados até a porta por um funcionário.
O professor que aplicar a prova não deverá ser o mesmo que dá aula para a turma. As provas serão impressas e de múltipla escolha. Para o 3º ano, haverá também a redação.
“O fato de as provas serem aplicadas em um dia letivo, e não no final de semana, como é comum nos vestibulares, é muito importante”, afirmou à Folha de S.Paulo o secretário estadual de Educação, Renato Feder. “Estamos falando de muitos alunos que não iriam se inscrever em vestibulares, prestar o Enem, e vamos levar a prova para eles”, disse.
Está prevista a oferta de bolsas de estudo para jovens socioeconomicamente vulneráveis que ingressarem nas faculdades via Provão, mas o governo ainda não definiu os valores nem os critérios. Além disso, as universidades se comprometeram a ofertar programas de auxílio, como os de moradia e alimentação.
Feder diz que a expectativa é a que o Provão Paulista se consolide nos próximos anos como processo seletivo e que as universidades ampliem a oferta de vagas por meio desse sistema. Para esta primeira edição, USP, Unesp e Unicamp ofertaram cerca de 13% do total de vagas. A longo prazo, já se cogita que essa avaliação seriada possa substituir os vestibulares de cada uma das instituições no caso dos candidatos das escolas públicas de São Paulo.
Atualmente, além do Provão, o aluno da rede pública pode concorrer às vagas das universidades estaduais paulistas por meio do Enem e do vestibular de cada uma delas. Se aprovado em mais de uma das opções no Provão, bem como pelo Enem ou pelos vestibulares, o estudante tem de optar por apenas um curso para se matricular.
As instituições têm cotas de 50% das vagas para candidatos de escolas públicas, e as vagas para o Provão foram definidas dentro desse percentual, retiradas da parcela destinada ao Enem e/ou do vestibular próprio de cada uma. Dentro desse número, haverá ainda uma reserva para estudantes pretos, pardos e indígenas.
Na USP, as vagas do Provão reduziram a entrada via Enem. A distribuição foi homogênea entre todos os cursos, cerca de 15% do total de vagas cada um, dos mais aos menos concorridos.
“A USP quer aproveitar o Provão para se tornar ainda mais acessível para alunos de escola pública, por isso haverá vagas em todos os cursos, mesmo os mais disputados, como os de medicina”, disse Gustavo Mônaco, diretor da Fuvest e membro do Conselho Universitário da USP.
“Costumamos visitar escolas públicas para incentivar os alunos a prestarem a Fuvest, mas percebemos que muitos deles têm medo de se inscrever. Por isso, o Provão terá um papel indutor importante para esses estudantes que ficavam fora do vestibular.”
Na Unesp, serão oferecidas para o Provão Paulista 10% do total de vagas no caso dos cursos mais disputados e até 30% para aqueles que possuem menor procura.
Pró-reitora de graduação da Unesp, Célia Maria Giacheti disse acreditar que o Provão ampliará a conexão entre a universidade e os alunos da escola pública.
“Os estudantes terão mais oportunidades para, ao longo dos três anos do ensino médio, se interessarem pelo ensino superior”, disse. “Essa é uma parceria que pode ampliar o acesso a alunos da escola pública nas universidade e transformar vidas.”
Na Unicamp, da mesma forma que na USP, uma parte das vagas do Enem foi para o Provão, e haverá opções em todos os cursos.
Há na rede estadual de São Paulo 1,1 milhão de estudantes no ensino médio, sendo 435 mil no 1º ano, 359 mil no 2º e 356 mil no 3º. O Provão também se estende a matriculados nas Etecs e em escolas públicas municipais e federais de São Paulo. Alunos da rede pública de outros estados puderam se inscrever no Provão Paulista até o dia 6 de outubro eles terão que fazer a prova em São Paulo.