Nego Bispo e Inaicyra Falcão são personagens dos novos episódios da série Trajetórias

Nesta sexta-feira, 29 de setembro, entram na Itaú Cultural Play os minidocumentários do quilombola piauiense e ativista político Antônio Bispo do Santos, conhecido como Nego Bispo, e da baiana Inaicyra Falcão, cantora lírica, pesquisadora e professora das artes cênicas. Ambos fazem parte da segunda temporada da série Trajetórias, dirigida por Murilo Alvesso e produzida pelo Itaú Cultural, que soma 10 episódios sobre a vida e obra personalidades brasileiras da arte e cultura do país. Todos receberam o Prêmio Milú Villela – Itaú Cultural 35 anos, realizado em 2022.

Tendo estreado em 8 de setembro, todas as sextas-feiras, entram dois novos episódios no catálogo da plataforma de cinema brasileiro. Já estão disponíveis o da poeta Leda Maria, da atriz Léa Garcia (março 1933-agosto 2023), do grupo teatral Ói Nóis Aqui Traveiz, da fotógrafa Cláudia Andujar, da multi-instrumentista Cátia França e de Danilo Santos Miranda, diretor regional do Sesc São Paulo. Depois de Bispo e Inaicyra, subirão os minidocumentários do líder indígena Marcos Terena e da ativista LGBTQIA+ Neon Cunha, encerrando a temporada no dia 6 de outubro.

O acesso para a série na IC Play é gratuito e pode ser feito via site www.itauculturalplay.com.br e dispositivos móveis Android e IOS.

Universo quilombola

Antônio Bispo dos Santos é lavrador, poeta, escritor, professor e ativista político. Referenciado no universo quilombola brasileiro por seu extenso trabalho acadêmico, tem sua trajetória atrelada à questão fundiária e ao uso da terra.

Formado por mestres e mestras de ofícios por meio da oralidade e por saberes ancestrais, foi o primeiro de sua família a ter acesso à educação formal, onde concluiu o ensino fundamental. Foi em 2017, que sua relação com o mundo acadêmico se inicia com o projeto Encontro de Saberes, na Universidade de Brasília (UNB), lecionando a disciplina Confluências Quilombolas Contracolonização.

Conhecido como uma das principais vozes do pensamento das comunidades tradicionais do Brasil, Nego Bispo coordenou mais de 15 ocupações no Piauí, onde nasceu em 1959, no município de Francinópolis.
Em 2007, lança seu primeiro livro, Quilombos, modos e significados, reeditado em 2015 com novo título, Colonização, quilombos. Modos e significações. A obra contesta o atual modelo de desenvolvimento econômico ao qual o Brasil e os países latino-americanos se rendem, além de traduzir os ensinamentos de seu povo para os moldes acadêmicos.

Canto lírico e artes cênicas

Nascida em Salvador, em 1958, Inaicyra Falcão dos Santos é cantora lírica, pesquisadora e referência no campo das artes cênicas. Em sua trajetória passou por todos os graus acadêmicos e em instituições de ensino no Brasil e em outros países como França, Estados Unidos e Inglaterra.

Ela descende de grandes líderes religiosas afro-brasileiras, como Marcelina da Silva (Costa da Mina, século XIX – Salvador, 1885), sacerdote fundadora do candomblé no país. Filha de Deoscóredes Maximiliano dos Santos, mais conhecido como Mestre Didi (1917-2013), Inaycira foi inserida muito nova por sua família na religião e em contato com as artes.

Como pesquisadora e docente tem livros publicados como Corpo e Acenstralidade: uma proposta pluricultural de dança-arte-educação (2002), que destaca a importância dos gestos na construção de memórias. É, também, coorganizadora do livro Rituais e Linguagens da Cena: trajetórias e pesquisas sobre o corpo e ancestralidade (2012), onde são reunidos artigos de alunos, estudantes e artistas que trazem sua ideologia para a cena e pesquisa.

Em 2000, como cantora lírica, Inaicyra gravou o disco Okan Awa: Cânticos da Tradição Yorubá, em homenagem a sua avó Mãe Senhora (1890 – 1967), também líder religiosa de grande projeção. Sua trajetória é marcada pela luta contra o racismo estrutural e levou para o mundo a cultura afro-brasileira.

SERVIÇO:

Série Trajetórias – segunda temporada
Direção: Murilo Alvesso
Produção: Itaú Cultural.
Na Itaú Cultural Play www.itauculturalplay.com.br