Evasão escolar ainda é um tema sensível na educação brasileira
Para estimular os alunos, troca de conhecimentos e ideias, o convívio e a valorização de boas experiências escolares fazem a diferença
- Data: 26/09/2023 11:09
- Alterado: 26/09/2023 11:09
- Autor: Redação
- Fonte: Escola Lumiar
Escola Lumiar Pinheiros
Crédito:Divulgação
Pelo menos 1,04 milhão de crianças e adolescentes em idade escolar ficaram de fora das escolas este ano, de acordo com o Censo Escolar da Educação Básica 2022. São estudantes de 4 a 17 anos de idade que deixam de ter acesso à educação. O Censo aponta que a maior parte dos excluídos tem 4 anos, soma 399.290 crianças que não puderam frequentar as escolas. Dos 14 aos 16 anos, o número também é expressivo, 250.497 jovens que deixaram de dar continuidade à sua educação formal. Outros 241.641 adolescentes de 17 anos iniciaram os estudos no Ensino Médio, mas abandonaram a escola antes de completá-lo.
A evasão escolar ainda é um tema sensível na educação brasileira e traz graves consequências sociais e econômicas, como despreparo profissional, dificuldades no mercado de trabalho, depressão e aumento da desigualdade. Os motivos para o abandono da escola são variados, entre eles dificuldades no aprendizado, bullying, violência e falta de interesse do estudante no conteúdo didático. O desafio da educação contemporânea é engajar o estudante para qualificar a experiência de aprendizagem e levá-lo a uma jornada de sucesso. O especialista em neuroeducação, o espanhol Francisco Mora, afirma que o aprendizado precisa despertar a emoção.
Metodologias diferenciadas e inovadoras, ambiente de comunicação, tecnologias acessíveis, incentivo à autonomia, atividades práticas mão na massa, projetos colaborativos e valorização das habilidades são algumas das propostas para aumentar o interesse dos estudantes pela rotina de ensino-aprendizagem. Na Escola Lumiar, crianças e adolescentes se apropriaram de seu protagonismo e criaram um congresso organizado e voltado para eles próprios. O Congresso Lumiar para Estudantes (CLuE) promove a troca de conhecimentos e ideias, o convívio e a valorização de boas experiências escolares, entre estudantes do Ensino Fundamental II e Ensino Médio.
Os alunos vivenciam essa experiência e relatam avanços de conhecimentos diversos. “Num congresso há vários aprendizados, não só sobre os temas apresentados, mas também sobre como debater, como apresentar um trabalho, falar em frente a muitas pessoas”, pondera o estudante Gabriel Sucena Mikail, de 13 anos, um dos entusiastas do evento. Ele conta que se inscreveu para todos os grupos do Congresso deste ano, mas vai precisar escolher alguns já que a demanda é grande, e está avaliando que trabalhos irá apresentar.
“O CLuE é importante porque envolve todas as unidades da escola, faz com que pessoas de diferentes locais se conheçam e possam demonstrar diversas opiniões sobre vários assuntos, apresentar trabalhos para compartilhar conhecimento. A inclusão e integração do evento são muito importantes”, afirma Gabriel. Camilla Lopes da Silva, de 13 anos, também é entusiasta do evento e uma das voluntárias para participar inclusive da produção do congresso. “É um evento nota 10. Contribuo no CLuE do meu jeito, desenhando minhas ideias e ajudando os outros”, explica.
Camila avalia que o congresso envolve mais os estudantes na educação. “O CLuE aceita e ouve todas as ideias dos estudantes para inovar e deixar mais coloridas as coisas. Eu sinto que o colorido é importante na educação porque a Lumiar ensina um método diferenciado e não padronizado, ela está criando pessoas novas e não robôs, e isso é muito bom para toda a humanidade. Talvez, num futuro bem próximo, nós vamos mudar o mundo e renovar para melhor, criando pessoas boas e melhores na vida”, acredita a estudante.
Vitor Alcântara, de 14 anos, estreia no congresso este ano na expectativa de compartilhar suas pesquisas com outras pessoas. “Temos no congresso esse espaço de troca e de compartilhar saberes e conhecimento, uma porta aberta para conhecermos projetos e pessoas novas”, explica. O estudante também vai trabalhar na organização do congresso, relacionada a transporte, acomodação e alimentação.
“Sei que aprenderei diversas coisas”, avalia. Pedro El Banat Lobo, de 13 anos, diz que a troca de experiências e conhecimento é um grande motivador“ Estou um pouco nervoso, mas também animado e ansioso pela experiência. É uma forma de expressar os conteúdos que gostamos de aprender e estudar para outros estudantes, que podem também se interessar pelo tema. Você pode aprender muito com outros projetos que estarão sendo apresentados no dia e também com a experiência de um congresso”, alega Pedro.
Integração
Este ano, o CLuE vai contar com a participação de todas as nove escolas do Grupo Lumiar e a expectativa é reunir 300 estudantes. “Teremos estudantes representantes de todas as escolas participando desse evento, que ficou muito grande”, afirma Graziela Miê Peres Lopes, Diretora Geral das Escolas Lumiar, que tem unidades em São Paulo, Capital (Pinheiros, Morumbi e Vila Olímpia), Santos, Campinas e Criciúma.
Segundo ela, o congresso permite a integração e a convivência de estudantes de contextos e lugares diferentes, dentro de uma mesma proposta de ensino-aprendizagem dinâmica e inovadora. Os temas do congresso são definidos pelos próprios estudantes. “Eles decidem se vão apresentar um projeto ou se conduzir alguma oficina, e eles podem escolher aquilo que é mais relevante, que eles mais gostam ou que trazem melhores resultados”, afirma Graziela.
Toda a criação, organização e produção do CLuE é de responsabilidade dos estudantes, com o apoio dos tutores. “Isso ajuda a gente a trazer um monte de novas referências, a aumentar o repertório de todos os estudantes, a partir dos interesses e dos projetos dos colegas. São novas possibilidades de interesse, novas metodologias de trabalho e novas possibilidades de produtos finais”, afirma a diretora. Segundo ela, a escola estimula ainda o engajamento das crianças e adolescentes na rotina da escola com a participação em diferentes comissões, desde organizar os brinquedos e celebrar aniversários até cuidar das plantas, promover rodas de leitura e produzir jornal.
“Tudo isso impacta a formação e o desenvolvimento dos estudantes. A escola valoriza a produção de todos os estudantes e a autopercepção, um convite ao próprio estudante para valorizar suas produções, escolher aquela que mais gostou, que tem mais relevância, empoderando o estudante. Também estimulamos, a quem participa da comissão organizadora, cerca de 40 estudantes voluntários, o desenvolvimento de habilidades relacionadas à gestão e comunicação”, aponta Graziela. Ela acrescenta que esse empoderamento promove protagonismo, habilidades socioemocionais e relacionadas ao pensamento crítico, à argumentação, à reflexão e à empatia.