Osesp, Guerrero e Martino encerram o Festival Diálogos Latinos
Repertório dos concertos, que acontecem entre 17 e 19/ago na Sala São Paulo, traz terceira e quarta “Fantasias Brasileiras”, de Francisco Mignone, e duas peças de Mussorgsky
- Data: 14/08/2023 11:08
- Alterado: 14/08/2023 11:08
- Autor: Redação
- Fonte: Osesp
Osesp
Crédito:Laura Manfredini
Ao longo de quatro semanas da Temporada 2023 – Sem Fronteiras, a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo – Osesp recebe uma seleção de regentes e solistas do México e das Américas Central e do Sul, em programas que também contam com obras compostas sob esse recorte, na primeira edição do festival Diálogos Latinos. É um projeto que reafirma, por parte da Orquestra, a valorização do diálogo constante com a produção musical sinfônica brasileira e também com a de nossos vizinhos latinos-americanos.
Na quarta e última semana dos Diálogos Latinos na Sala São Paulo, entre os dias 17 e 19/ago, a Osesp estará novamente com o regente costa-riquenho Giancarlo Guerrero – um visitante frequente de nossos músicos – e com o pianista brasileiro Fabio Martino como solista convidado. O programa começa e se encerra com obras do russo Modest Mussorgsky (Uma Noite no Monte Calvo e Quadros de uma Exposição), e entre elas apresenta a terceira e a quarta Fantasias Brasileiras do brasileiro Francisco Mignone. Vale lembrar que a performance de 18/ago, às 20h30, será transmitida ao vivo no canal oficial da Osesp no YouTube.
Baseada em diversas fontes literárias russas sobre reuniões de bruxas nas montanhas de Kiev, Uma Noite no Monte Calvo foi escrita por Modest Mussurgsky (1839-1881) em 1867 e apresentada a Balakirev, que não quis publicá-la por considerá-la “ousada” demais. O argumento narrativo, do próprio Mussorgsky, descreve bem a ambientação: “Reunião de feiticeiras, suas discussões e fofocas. Cortejo de Satã. Glorificação maléfica de Satã. Sabá”. O compositor afirmava se tratar de uma “obra tumultuada, uma realização realmente russa e original”, mas que acabou sendo engavetada. A música se inicia de forma frenética, com os violinos evocando a reunião das bruxas e dos espíritos malignos. A alternância das fanfarras nos metais nos remete ao tão esperado momento da chegada de Satã, e os ritmos marcados representam os diversos momentos de uma missa negra.
Em 1874, a Academia de Artes de São Petersburgo organizou uma mostra em homenagem ao artista plástico Viktor Hartmann, que morrera vítima de um aneurisma aos 39 anos. “A arte russa está órfã”, escreveu Mussorgsky ao saber da morte de um de seus amigos mais próximos. Decidido a homenageá-lo, escolheu dez obras de Hartmann e compôs o ciclo para piano Quadros de uma Exposição, estreado pelo compositor em um recital privado. Editada apenas em 1886, cinco anos após sua morte, a partitura caiu no ostracismo, até que, em abril de 1922, Maurice Ravel foi procurado pelo maestro Sergei Koussevitsky, que lhe encomendou uma versão orquestral, que foi estreada na Ópera de Paris em 19 de outubro daquele ano.
As quatro fantasias escritas para piano e orquestra, bem como o bailado Maracatu de Chico-Rei, todos do período de 1929 a 1936, vincularam a vida e a obra de Francisco Mignone (1897-1986) à de Mário de Andrade, com quem estudara no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo e discutira, no regresso da Europa, os caminhos de sua linguagem musical. A fantasia é um gênero musical praticado desde o século XVI e, embora tenha passado por transformações significativas, conservou por características principais certa proximidade com os improvisos e a alternância de andamentos internos à obra. Em contraste com a consagrada fuga, no gênero de forma mais livre “eram frequentes as mudanças de compasso, de andamento e de temas”, na explicação do compositor e escritor Joaquín Zamacois. Desse “modelo” Francisco Mignone sem dúvida tirou proveito, sabendo explorar com sabedoria o colorido orquestral, comum a todas as quatro fantasias por ele compostas. Além de ótimo pianista, ele foi um orquestrador muito hábil, como prova toda a sua obra.
Os concertos da série Diálogos Latinos têm o copatrocínio de Itaú, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Realização: Fundação Osesp, Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas, Ministério da Cultura e Governo Federal – União e Reconstrução.
SERVIÇO
17 de agosto, quinta, às 20h30
18 de agosto, sexta, às 20h30 – Concerto Digital
19 de agosto, sábado, às 16h30
Endereço: Sala São Paulo | Praça Júlio Prestes, 16, Campos Elíseos
Taxa de ocupação limite: 1.484 lugares
Recomendação etária: 07 anos
Ingressos: Entre R$ 39,60 e R$ 258,00 (preços inteiros)
Bilheteria (INTI): Neste link