Peça revê clássico de Molière e atualiza contexto da história

Alterando o ponto de vista narrativo para as vozes femininas, espetáculo do Grupo Lunar de Teatro traz Escola de Mulheres para os dias atuais

  • Data: 25/07/2023 14:07
  • Alterado: 25/07/2023 14:07
  • Autor: Redação
  • Fonte: Assessoria
Peça revê clássico de Molière e atualiza contexto da história

Grupo Lunar de Teatro revê clássico Escola de Mulheres

Crédito:Ronaldo Gutierrez

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Molière Jean-Baptiste Poquelin é um dos grandes mestres da comédia satírica e marcou a dramaturgia francesa com suas críticas aos costumes da época. Porém, em 1662, o mundo era bem diferente e, ainda bem, muitas coisas mudaram. Foi em 1662 que Molière escreveu e encenou Escola de Mulheres, uma peça que conta a história de Arnolfo e Inês, uma menina de 4 anos que será moldada para ser a esposa perfeita pelo burguês. Rever essa história com uma crítica ao machismo limitante é um dos objetivos de Escola de Mulheres –  Um sátira ao Patriarcado, peça que estreia no dia 9 de agosto, no Teatro Itália. 

No original de Molière, Arnolfo, um quarentão machista, adota Inês, uma garota de 4 anos para criá-la, ou moldá-la, do jeito que ele acha que uma esposa deve ser. Tudo isso para evitar que não seja feito com ele o que ele faz ou adoraria fazer com o marido das mulheres bonitas e inteligentes: pôr-lhes um chifre. Na peça do século XVII, a história é contada do ponto de vista do homem. Porém, na versão de 2023, idealizada pela dupla Suzana Muniz e Mau Machado, o público terá contato com o ponto de vista da mulher. Na adaptação, ainda cômica, do Grupo Lunar, o foco é na personagem principal, Inês, e no corpo de mulheres, que se alternam entre um tom irônico e de companheirismo em relação à protagonista. 

 Aqui, a comédia satírica e irônica, que pesa ainda mais a crítica num mundo moldado por uma estrutura extremamente machista, é a grande arma. É ela que torna possível o diálogo de um tema tão pesado com o público em geral. Suzana Muniz, diretora, atriz e responsável pela adaptação do texto, diz que, muitas vezes, esse é um riso nervoso, incômodo. “Infelizmente, como vimos recentemente nos noticiários, o homem ainda usa seu poder na sociedade para obrigar meninas a se casarem ou mesmo para tentar moldar mulheres, limitando sua liberdade. E isso não acontece só em culturas distantes, mas também num Brasil bem próximo do que vivemos nas grandes metrópoles”. 

Suzana ainda diz que, mesmo com a comédia muito presente, a montagem mostra a importância da sororidade entre mulheres para derrubarem o patriarcado. “Sempre que vemos um caso de abuso de homem, por mais absurdo que seja, é preciso a voz de diversas mulheres para derrubá-lo e apontá-lo como culpado. Aqui isso não é diferente e fica claro que somente se unindo as mulheres conseguem uma existência mais próxima do possível”.

 As canções compostas por Mau Machado para essa peça, com arranjos do Grupo Lunar e cantadas e tocadas ao vivo, provocam uma reflexão além da sátira e nos ajudam a mostrar ao público o quão surreal é uma história dessas. Elas são mais um elemento fundamental que compõe esse alerta crítico sobre o patriarcado, fazendo a ponte da história com os tempos atuais.

 Brasil e Europa

A encenação mistura a cultura européia do século XVII com o folclore brasileiro e de tradições afro-brasileiras, trazendo elementos cênicos coloridos e momentos ritualísticos. Tudo isso dialogando com os personagens típicos da Commedia Dell’Arte. A fusão entre a linguagem européia do século XVII e o folclore brasileiro também se dá na música ao vivo, unindo o lírico e o popular.  

O espetáculo tem como base a linguagem de coro cênico. Nela, o elenco permanece no palco durante todo o tempo, compondo imagens, jogando com a cena e tocando instrumentos ao vivo. Todas as trocas de cenários e figurinos é feita ao vivo também. No figurino, fuxico, fitas e cores remetem à cultura brasileira e são aplicados em roupas do século XVII, numa releitura livre. As máscaras lembram a Commedia Dell’Arte e trazem também a influência do folclore.  

ESCOLA DE MULHERES – UMA SÁTIRA AO PATRIARCADO – Estreia dia 9 de agosto, quarta, às 20 horas, no Teatro Itália. Temporada: Até 30 de agosto, quartas, às 20 horas. Ingressos: R$ 40 (inteira) – compra antecipada pelo SymplaDuração: 90 minutos. Indicado para maiores de 12 anos. 

 Idealização: Suzana Muniz e Mau Machado

Texto: Molière

Direção geral e adaptação: Suzana Muniz

Direção musical, música e letra: Mau Machado

Arranjos: Grupo Lunar de Teatro

Elenco: Ana Clara Fischer, Angelina Miranda, Mau Machado, Pamella Bravo, Silvio Eduardo, Suzana Muniz, Tom Freire e Vitor Ugo. 

Preparação vocal: Ana Clara Fischer

Preparação corporal de Commedia Dell’Arte: Flávia Bertinelli

Preparação corporal de Coro Cênico: Mau Machado e Suzana Muniz

Consultoria de Tradições afro-brasileiras: Cláudia Alexandre

Figurino: Daíse Neves

Cenografia e elementos cênicos: Vitor Ugo

Máscaras: Rafael Mariposa

Luz: Dida Genofre

Operação de Luz: Jessica Estrela

Fotos: Ronaldo Gutierrez

Produção Executiva: Silvio Eduardo

Apoio: Centro Cultural Omoayê e Allemande Escola de Música

Teatro Itália – Av. Ipiranga, 344 – República. Capacidade: 292 pessoas. Informações: https://www.teatroitaliabandeirantes.com.br/detalhe/escola-de-mulheres-uma-satira-ao-patriarcado  

Redes sociais Grupo Lunar de Teatro: 

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Instagram: @grupolunardeteatro

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  • Data: 25/07/2023 02:07
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