Brasil está abaixo da meta de vacinação para eliminar o HPV
Além de proteger contra infecções sexualmente transmissível, a vacinação previne alguns tipos de câncer
- Data: 28/03/2023 14:03
- Alterado: 28/03/2023 14:03
- Autor: Be Nogueira
- Fonte: ABCdoABC
Crédito:Foto: Gabriel Jabur/Agência Brasília
Estudo da Fundação do Câncer divulgado no domingo, 26, revela que todas as capitais e regiões estão com a vacinação contra o HPV (Papilomavírus humano) abaixo da meta estabelecida pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Isso significa que, até 2030, o Brasil não deverá atingir a meta necessária para a eliminação da doença. De acordo com o Ministério da Saúde, estima-se que o País tenha ao menos 10 milhões de infectados.
Em todo o Brasil, a cobertura vacinal da população feminina entre 9 e 14 anos alcança 76% para a primeira dose e 57% para a segunda dose. A adesão à segunda dose é inferior à primeira, variando entre 50% e 62%, dependendo da região.
Na população masculina entre 11 e 14 anos, a adesão à vacinação contra o HPV é inferior à feminina no Brasil como um todo. A cobertura vacinal entre meninos é de 52% na primeira dose e 36% na segunda, muito abaixo do recomendado.
A coordenadora do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar e do Centro de Vacinação do Hcor, Dra. Juliana Oliveira da Silva, explica que a baixa adesão à vacina contra HPV pode estar relacionada ao fator cultural. “Atualmente, existe muita desinformação sobre a vacina porque acreditam que ela incentiva as meninas (e meninos) a iniciarem as relações sexuais mais cedo. É preciso mudar esse pensamento, ampliar a adesão para prevenir a infecção e evitar complicações que podem custar tantas vidas”.
Quem deve tomar a vacina
Adolescentes entre 9 e 14 anos. “Se entende que a vacinação nessa população vai ter um maior impacto, porque essas pessoas estão vacinadas antes mesmo de iniciar sua vida sexual”, destaca o infectologista da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do Instituto I’Dor, José Cerbino Neto.
Mas também pessoas que vivem com HIV/aids, transplantados de órgãos sólidos, de medula óssea ou pacientes oncológicos na faixa etária de 9 a 45 anos podem ser vacinados gratuitamente no SUS e nos centros de referência de imunobiológicos especiais.
No entanto, os benefícios da vacinação atingem a todas as pessoas até 45 anos, pois tem a capacidade de proteger de infecção sexualmente transmissível, até mesmo de câncer. Nesses casos, quem tiver interesse, pode obter a vacina em clínicas privadas de imunização, segundo autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Vacinal contra HPV diminui riscos de câncer
Sete em cada dez casos de câncer de colo de útero são causados pela papilomavírus humano (HPV), que também causa nove em cada dez casos de câncer de ânus e está relacionado a neoplasias malignas no pênis, vagina, vulva, boca e garganta.
O Infectologista, explica também que poucos dos mais de 100 tipos de HPV estão relacionados ao câncer. Mas reforça que a vacina contra o HPV protege contra os tipos 16 e 18, considerados os mais perigosos. E também contra duas cepas responsáveis por verrugas genitais.
As estimativas do Ministério da Saúde revelam que metade de todas as mulheres diagnosticadas com câncer do colo de útero têm entre 35 e 55 anos de idade e muitas, provavelmente, foram expostas ao HPV na adolescência ou na faixa dos 20 anos de idade.
Entenda a sigla e como ocorre contágio
O HPV é um vírus que infecta pele ou mucosas oral, genital ou anal, tanto de homens quanto de mulheres, provocando verrugas na região genital e no ânus, e pode evoluir para um câncer, a depender do tipo de vírus. E pertence ao grupo de infecções sexualmente transmissíveis (DST), sendo a mais comum,
Muitas pessoas com HPV não desenvolvem nenhum sintoma, mas ainda podem infectar outros indivíduos pelo contato sexual. Não há cura para o vírus, o tratamento visa apenas eliminar as verrugas, que também podem desaparecer por conta própria.
Segundo o Ministério da Saúde, os primeiros sintomas podem aparecer de dois a oito meses após a infecção, mas continuam a existir chances mesmo duas décadas após o contato.