Especialistas falam sobre os três primeiros meses do governo Lula
Especialista ressalta que a geração de emprego e renda é ainda um cenário muito desafiador
- Data: 05/04/2023 12:04
- Alterado: 05/04/2023 12:04
- Autor: Redação
- Fonte: Assessoria ESPM
Crédito:Ricardo Stuckert/PR
O governo do presidente Lula está com dificuldade em construir uma maioria no congresso e segue sem grandes realizações nesses 100 dias iniciais, segundo a professora de relações internacionais da ESPM, Denilde Holzhacker.
O episódio do dia 8 de janeiro foi bastante emblemático, unindo governo, instituições, representantes de estados e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) a favor da democracia. “O ataque extremista capturou a agenda do governo durante um tempo e mostrou um senso de união nacional até entre os não apoiadores do governo, mas não reflete mais o momento. O espírito da primeira semana tem se perdido em disputas internas, atrapalhando de fato as entregas que a sociedade deseja”, diz.
Do ponto de vista das relações diplomáticas, Fábio Andrade, professor de relações internacionais da ESPM, diz que houve uma atenção na retomada dos acordos multilaterais, sobretudo com Mercosul e BRICS, além de países europeus como a França. “Também podemos destacar uma maior conexão entre a política externa e a política de preservação do meio ambiente, e o prestígio internacional do próprio presidente Lula, que alguns teóricos chamam de diplomacia presidencial. Pode-se concluir que, provavelmente, o presidente deve tomar mais a frente em grandes negociações e viagens internacionais”, afirma.
Para Andrade, três meses de governo é pouco para avaliar resultados, mas dá para perceber as prioridades elencadas. “Fica evidente a preocupação com a agenda social. Houve um resgate do programa Bolsa Família, retomada do programa de vacinas e do Mais Médicos”, diz. O especialista ressalta um ponto de preocupação, que ainda não conseguiu se consolidar, que é a geração de emprego e renda em um cenário externo muito desafiador com a iminência de uma crise financeira.
Sobre perspectivas, Holzhacker pensa que ainda há muitas indefinições e vai depender da capacidade do governo em conseguir aprovação para projetos e reformas, mas a expectativa é que a reforma tributária e o arcabouço fiscal avancem no segundo semestre.