Princípio evolutivo: diretor de vendas da Iveco Bus fala do crescimento da marca
A marca italiana apresentou em 2022 um aumento de vendas de 102% na América Latina e de 108% no Brasil
- Data: 09/05/2023 14:05
- Alterado: 31/08/2023 17:08
- Autor: Luiz Humberto Monteiro Pereira
- Fonte: AutoMotrix
ônibus elétrico Iveco E-Way
Crédito:Divulgação
Desde que a pandemia da Covid-19 chegou ao Brasil, em 2020, a restrição à circulação de pessoas fez com que o segmento de transporte coletivo fosse um dos mais impactados do setor automotivo. No ano passado, embalou uma recuperação. No mercado brasileiro, a produção de ônibus em 2022 somou 31,7 mil unidades, alta de 67,7% sobre o ano anterior. Foi o maior volume fabricado em oito anos. O crescimento ocorreu por conta da recuperação do mercado interno e também das exportações, especialmente para o países latino-americanos. Dentre as empresas que produzem chassis de ônibus no Brasil, a que mais cresceu foi a Iveco Bus. A marca italiana apresentou em 2022 um aumento de vendas de 102% na América Latina e de 108% no Brasil. “E acreditamos que ainda há muito mais espaço para avançar. Nossos produtos são projetados para oferecer baixo consumo de combustível, robustez, conforto e segurança, alinhados com o compromisso por um transporte mais verde. Esses atributos são fatores decisivos de compra e contribuem, de forma significativa, para o nosso crescimento”, comemora Danilo Fetzner, diretor de Vendas da Iveco Bus. Gaúcho de Caxias do Sul, o executivo é graduado em Comércio Exterior pela Universidade de Fortaleza (CE) com MBA em Finanças pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Na Iveco Bus desde setembro de 2020, Fetzner soma mais de 12 anos de experiência no setor automotivo, incluindo uma passagem pela Mercedes-Benz.
P) Quais foram os destaques da expansão nas vendas da Iveco Bus?
Danilo Fetzner – Galgamos ao longo de 2022 importantes conquistas. Como o fornecimento de 130 micro-ônibus Daily Scudato 70C14G CNG para o transporte local de passageiros na cidade de Valledupar, na Colômbia, e de 530 unidades da Daily Minibus 45-170 para a Secretária de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo. Em setembro do ano passado, a Iveco Bus lançou o chassi 170G21, primeiro ônibus movido a Gás Natural Veicular (GNV) fabricado na Argentina, que integra a família Natural Power. Em novembro, somente na Fenatran, a maior feira de transportes da América Latina, comercializamos 120 unidades da Daily Minibus.
P) Que produtos puxaram esse crescimento?
Danilo Fetzner – Nosso carro-chefe atualmente é a Daily Minibus. Somos líderes de mercado e muito tradicionais no segmento de leves. Enxergamos uma alta demanda para a Daily sobretudo graças ao seu design, economia e desempenho. O modelo é feito sob estrutura de chassi, permitindo que o cliente faça adaptações de acordo com a sua necessidade, diferente da concorrência com monobloco. A versão Vetrato também permite que o cliente configure a parte interna do modelo conforme seu jeito. O chassi 10-190, que se aplica ao “Caminho da Escola”, tem o motor mais potente do mercado, com 190 cavalos, e se destaca na aplicação urbana e da rodoviária, porque são veículos que alimentam os corredores e linhas do BRT, onde as ruas são mais fechadas e o operador precisa de veículos menores e mais ágeis. Produzido no Complexo Industrial de Sete Lagoas, em Minas Gerais, nosso chassi de 17 toneladas a diesel vem conquistando cada vez mais espaço no segmento de fretamento pela sua versatilidade, desempenho e baixo consumo de combustível.
P) Quais são os principais diferenciais competitivos dos produtos da Iveco Bus em relação aos concorrentes?
Danilo Fetzner – Nos modelos Daily Minibus 45-160 e 50-180, os destaques são o pós-tratamento projetado para 400 mil quilômetros, o tanque de Arla de 17 litros com autonomia para 4 mil quilômetros e o sensor de pressão nos pneus. Nos Bus 10-190 e 17-280, as suspensões dianteira e traseira com molas semi-elípticas proporcionam maior durabilidade e o freio pneumático nos dois eixos amplia a segurança. Já o 170G21, que roda com gás natural ou biometano, combina versatilidade e economia com seu conjunto de seis cilindros de gás (80 litros em cada), totalizando cem metros cúbicos e uma autonomia de 250 quilômetros. Com 204 cavalos e 76,4 kgfm, entrega ótima potência e torque para ônibus de 12 metros nas aplicações urbana e de fretamento. E temos o elétrico E-Way, apresentado na Fenatran 2022, importado da Itália. Com PBT de 20 toneladas, entrega 255 kgfm, um torque superior ao dos motores a diesel nos ônibus urbanos. É disponível em quatro configurações: 9,5 metros 4×2, 10,7 metros 4×2, 12 metros 4×2 e 18 metros articulado. No mercado brasileiro, ainda há barreiras econômicas para fazer o negócio do ônibus elétrico “virar”. Somente cidades com alta capacidade de subsídio conseguem implantar a tecnologia, como São Paulo. Somado a isso, há os impactos da pandemia, que limitaram a capacidade de investimento dos operadores urbanos e a consequente renovação de frota. Na América Latina, nosso mercado de exportação tem grande potencial, com diferentes matrizes e políticas públicas que suportam a matriz energética. O Chile é um exemplo de mercado em que o ônibus elétrico tem tido grande aceitação.
P) No segmento de caminhões, a Iveco tem investido no uso do gás. Como está a evolução dos negócios da Iveco Bus nesse setor?
Danilo Fetzner – Com nossa expertise em gás natural, temos negociações avançadas para o ônibus movido a gás na América Latina. Nosso chassi de 17 toneladas movido a GNV, produzido na Argentina, tem um alto potencial, principalmente para a aplicação urbana, sendo uma alternativa muito competitiva para o elétrico nos locais onde a matriz favorece a produção de gás ou o orçamento público não paga a tecnologia do elétrico, ainda muito cara. O modelo funciona tanto a gás quanto com o biometano, com seis cilindros de 80 litros de capacidade cada. São detalhes importantes para o cálculo de custo do cliente (TCO), em comparação com o diesel e o elétrico. Além disso, nossa autonomia é de cerca de 250 quilômetros. Em se tratando de uma quilometragem diária urbana, não é tão baixa.