Advogado comenta sobre a gravidade dos erros médicos em procedimentos estéticos
Artigo de Francisco Gomes Junior, advogado-sócio da OGF Advogados
- Data: 01/05/2023 11:05
- Alterado: 01/05/2023 11:05
- Autor: Redação
- Fonte: OGF Advogados
Francisco Gomes Junior
Crédito:Divulgação
Infelizmente, não é incomum nos depararmos com denúncias de erros médicos graves em todo o país. Desta vez, dezenas de mulheres denunciam a clínica FVG Cirurgia Plástica e o cirurgião Felipe Villaça Guimarães em Belo Horizonte, Minas Gerais, por uma série de erros médicos cirúrgicos, que provocaram sequelas temporárias e permanentes nas pacientes.
As pacientes possuem relatos assustadores. Uma delas (que não identificarei por questões de segurança) informa que “sofreu desgaste e assédio pelo profissional da clínica. Ele queria que eu tomasse ansiolíticos e barbitúricos (um tipo de sedativo) para dormir durante as sessões”. Ela desenvolveu problemas de saúde depois que sua cirurgia deixou cicatrizes graves.
Outra paciente diz “ter um buraco na barriga. Sinto dores no umbigo, não tenho sensibilidade na região. A única coisa que sinto é uma dor terrível e tristeza quando me olho no espelho e vejo que fui mutilada”.
Ao notarem variadas denúncias em relação à mesma clínica e profissional, as mulheres criaram um grupo de conversação, para relatar suas experiências e encontrar os erros em comum que foram praticados. Com a troca de experiências e documentação, as vítimas realizaram Boletins de Ocorrência para que as autoridades policiais investiguem os casos e busquem apoio do Ministério Público do Estado, além do grupo denunciar os erros para a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
Como advogado de uma das vítimas verifiquei que se trata de aparentes erros em série, bastante graves. As vítimas processam na esfera cível a clínica e o cirurgião pleiteando a reparação pelos danos morais, materiais e estéticos que sofreram, mas também deve-se apurar as responsabilidades criminais. A cirurgia objetiva um resultado e definitivamente não deve deixar cicatrizes, necroses e outros tipos de sequelas físicas e psicológicas, nestes casos os responsáveis devem responder por seus atos.
Sabe-se que há mais de 30 vítimas que descrevem um modus operandi repetido e com procedimentos que devem ser apurados. Inicialmente, há a suspeita de que a clínica e o médico agendam várias cirurgias no mesmo dia e horário e a paciente que contratou o Dr. Felipe, acaba sendo operado por outro médico que sequer conhece. Tal fato foi constatado quando pacientes obtiveram relatórios de hospitais onde se lê que o médico que realizou a cirurgia não foi o contratado.
Além disso, parece haver divergência entre os valores pagos e as quantias lançadas pela clínica nas notas fiscais, outro fato que merece melhor apuração para verificar se não há sonegação de impostos.
A Polícia Civil de Minas Gerais confirma estar apurando os fatos narrados nas denúncias efetuadas para verificar a conduta do profissional médico. O caso vem ganhando repercussão e vem sendo abordado em várias reportagens e matérias televisivas.
Destaco a importância da imprensa que informa o ocorrido, porque isso faz com que as pessoas prestem maior atenção no momento de escolher onde realizar uma intervenção cirúrgica, pesquisando também antecedentes e queixas anteriores sobre os profissionais envolvidos.
Por sua vez, o médico Felipe Villaça, por meio de nota, comenta os casos e afirma que “no volume cirúrgico que temos hoje, intercorrências médicas sempre existirão. De maneira alguma me eximo de minha responsabilidade sobre estes supostos casos. Da mesma forma, de maneira alguma me refiro a estes pacientes com descaso ou desídia”.