Na escola, elas são mães de todo mundo e ganham novas perspectivas
Programa Mães Guardiãs, da Prefeitura de São Paulo, escolhe mulheres da comunidade para acompanhar os alunos de perto para evitar evasão e conflitos na escola
- Data: 12/05/2023 15:05
- Alterado: 12/05/2023 15:05
- Autor: Redação
- Fonte: Prefeitura de São Paulo
Crédito:Prefeitura de SP
Um projeto de sucesso da Prefeitura de São Paulo mostra, diariamente, que no coração de mãe sempre é possível caber mais um. Chamado Mães Guardiãs, o programa conta 4 mil mulheres contratadas especialmente para ajudar a evitar a evasão escolar. Mães que tenham filhos matriculados na rede municipal de ensino ou mulheres que pertençam à comunidade escolar são responsáveis por acompanhar se os alunos estão frequentando as aulas.
Com previsão de preencher mais 904 vagas, o programa da Prefeitura paga atualmente uma bolsa-auxílio de R$ 1.367 para seis horas diárias de atividades, de segunda a sexta-feira. Elas ainda colaboram para a boa convivência dos estudantes, ajudam no fortalecimento da participação familiar, atuam na defesa dos direitos humanos e auxiliam no cumprimento dos protocolos sanitários para a saúde coletiva. Geralmente, essas mulheres moram nas regiões em que atuam, o que reforça o vínculo com a comunidade.
O projeto, iniciado durante a pandemia como forma de gerar trabalho e renda e também colaborar para que os alunos permaneçam nas salas de aula, é feito em parceria entre as secretarias de Desenvolvimento Econômico e Trabalho (SMDET) e Educação (SME), dentro do programa Operação Trabalho (POT).
Realização pessoal e profissional
Queli Cristina Nunes Martins, 43 anos, tem uma filha, a Kathillyn, de 10 anos. Mas ganhou alguns filhos postiços desde que entrou no Mães Guardiãs, em outubro do ano passado, na EMEF Maurício Goulart, Cidade Tiradentes, na Zona Leste, perto de onde mora.
Assim que chega à escola, às 7h, ajuda na acolhida dos alunos e depois entra em mais de 20 salas de aula, para fazer a chamada. Quando observa faltas injustificadas e estudantes com baixa frequência, a primeira providência é tentar contato telefônico com a família e, não obtendo sucesso, vai a campo.
Nessas horas, ela se depara com situações de vulnerabilidade, conflitos familiares, problemas de moradia e, ao observar a realidade de cada família, consegue ajudar aquele aluno a voltar para o lugar de onde nunca deveria ter saído: a escola.
“Tinha estudante que vinha para a escola uma vez por mês ou então faltava 15, 20 dias. Graças ao Mães Guardiãs e a essa ponte que fazemos entre a família e a escola, conseguimos trazê-lo de volta. É muito gratificante, pois muda a nossa vida e a vida deles”, afirma.
Queli, pedagoga de formação, percebeu que o Mães Guardiãs era uma possibilidade concreta de voltar ao mercado de trabalho. Ela garante que o projeto trouxe um novo olhar sobre as necessidades reais dos alunos, da escola e dos professores. “Como pedagoga, mudei minha visão. O programa tem me ajudado, pois sou recém-formada e as oportunidades não são muitas para quem não tem experiência. Tem sido um desafio diário.”
Programa ampliado e novas atribuições
Em 2023, dentro do programa Proteção Escolar e Cultura de Paz, as Mães Guardiãs ampliaram seu campo de atuação e mais 2 mil mulheres vão reforçar a equipe. Agora, elas também podem colaborar com a disseminação de uma cultura de paz e não violência, reportar à equipe pedagógica qualquer evento observado que viole a dignidade, segurança ou os direitos humanos fundamentais de bebês, crianças e adolescentes, além de ampliar a possibilidade de comunicação entre as unidades escolares e comunidades.
As participantes promovem ações voltadas para a proteção do direito à escolarização, com o apoio no acompanhamento da frequência escolar e visitas domiciliares nos casos de frequência irregular.
Queli Cristina está sempre atenta ao que acontece ao seu redor, inclusive quando o assunto são as questões de segurança. “A gente que é mãe já costuma ser observadora por natureza, por isso, nossa atuação é importante nesse sentido. Claro que nosso papel é sempre atuar em equipe com todos os funcionários da escola para todos os temas”, diz.
Aprendizado e planos
Mãe de dois filhos, um menino de 5 anos, o Joaquim Bernardo, e uma adolescente de 14, a Nataly, Carina Evangelista Amaral, 35, é mais um exemplo dos impactos positivos que o programa Mães Guardiãs pode trazer. Ela atua na EMEI Engenheiro Goulart, na Zona Leste da capital, das 13h30 às 18h30, e conta que a sensação de ser “mãe” de outras crianças é algo transformador.
“Tenho uma relação muito legal com os alunos e foi algo inesperado. Minha rotina é passar nas salas de aula, fazer a lista das crianças que faltaram. Se houver mais de duas ou três faltas na semana, fazemos a busca ativa, que é saber a razão pela qual o aluno não está indo”, explica.
Carina fala que a função despertou diversas reflexões a respeito dos diferentes papéis dentro da comunidade escolar. “A gente entende o lado do aluno, dos pais, dos professores. O Mães Guardiãs é um projeto muito importante para todos. Particularmente, me fez pensar no futuro e ver o quanto a educação é capaz de transformar a vida das pessoas.”
Desempregada havia cinco anos, encontrou no programa, além de uma fonte de renda, mais autonomia, autoestima e novos aprendizados. “Trabalhava no comércio e, depois que meu filho mais novo nasceu, fiquei sem emprego. Quando soube do programa, resolvi me inscrever. Me envolvi tanto que agora estou cursando Pedagogia EAD para ser professora.”
O início de tudo
O Mães Guardiãs surgiu em 2021, durante a pandemia para que as mães pudessem ajudar com os protocolos sanitários nas escolas. “O prefeito Ricardo Nunes solicitou a continuação e a ampliação desse programa, devido ao sucesso que foi levar as mães para dentro do ambiente escolar, garantindo a elas qualificação profissional e geração de renda”, explica a secretária de Desenvolvimento Econômico e Trabalho, Aline Cardoso.
O secretário de Educação, Fernando Padula, lembra que as mães passaram a contribuir para a permanência das crianças nas escolas e para o fortalecimento de vínculos com as famílias. “Precisamos de todos os esforços para manter a permanência e, consequentemente, o fortalecimento das aprendizagens”, destaca.