Grupo XIX de Teatro apresenta Hysteria e Hygiene em maio

Como parte das ações do projeto 5X XIX haverá também o lançamento do livro dos 19 anos de trajetória do grupo no dia 28 de maio

  • Data: 04/05/2023 15:05
  • Alterado: 04/05/2023 15:05
  • Autor: Redação
  • Fonte: Assessoria
Grupo XIX de Teatro apresenta Hysteria e Hygiene em maio

Hysteria e Hygiene

Crédito:Divulgação

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Os dois primeiros espetáculos do Grupo XIX de Teatro, Hysteria e Hygiene, peças que projetaram o grupo nacionalmente, poderão ser vistas novamente em uma mostra especial no projeto 5X XIX, que visa a manutenção e a continuidade dos 18 anos de residência artística do grupo na Vila Maria Zélia.

Hysteria, que trata das intrincadas relações sociais da mulher brasileira no final do século 19, acompanha a história de cinco mulheres internadas no hospício diagnosticadas como histéricas, será apresentado de 6 a 21 de maio, em 6 sessões, aos sábados e domingos, às 15h.

A peça que lançou o XIX em 2001 estabelece uma comovente relação com a plateia. Ao entrar no casarão do antigo Armazém da Vila Maria Zélia, os homens vão para uma arquibancada na posição de observadores. As mulheres sentam lado a lado no espaço cênico estabelecendo uma cumplicidade entre as personagens. Esta interação, aliada a textos previamente elaborados, gera uma dramaturgia híbrida e única a cada apresentação.

Hygiene, que recria os sonhos e desencantos de imigrantes europeus amontoados em cortiços paulistanos no século 19, terá duas sessões dias 27 e 28 de maio, sábado e domingo, às 15h.

No dia 28, após a sessão, haverá também o lançamento do livro digital XIX – 19 anos: Memórias e Reminiscências de duas décadas do grupo XIX de teatro.

A segunda peça do grupo é encenada ao ar livre por entre as ruas e casarões da Vila Maria Zélia e mostra a higienização urbana que avançou no Brasil, obrigando várias famílias a deixar as suas casas. O público é colocado em cena como agente compositor do espetáculo caminhando em procissão, participando de uma festa de casamento ou de uma roda de samba. Estão presentes na trama o samba, o sincretismo religioso, as lutas operárias, entre outras manifestações socioculturais.

O projeto 5X XIX prevê até o final do ano a circulação do espetáculo infantil Hoje o Escuro Vai Atrasar Para Que Possamos Conversar; a realização dos Núcleos de Pesquisa com mostra final dos espetáculos criados, e o início do novo processo criativo inspirado na obra; O Atlas do Corpo e da Imaginação, do escritor português Gonçalo M. Tavares.

Luiz Fernando Marques destaca a importância do passar do tempo no amadurecimento dos espetáculos. “Hysteria e Hygiene nasceram para fazer um atrito entre dois tempos, o século 19 e o tempo em que elas foram feitas. Fazer essas peças agora continua tendo essa dinâmica. Ao longo do tempo percebemos como alguns assuntos ganharam importância, algumas questões ficaram mais densas, outras ganharam um sentido mais político. Quando estreamos elas tinham um significado mais nostálgico e hoje ganham outra relevância. O entendimento com a luta feminista, de classe, de raça, as questões de moradia se apresentam hoje com novas nomenclaturas que fazem algumas questões levantadas pelas peças estarem mais decupadas para o público e para nós também. Sentimos que as pessoas estão mais preparadas para essas lutas seculares. Outro ponto interessante é o modelo de políticas públicas para o teatro de grupo que possibilitou a montagem desses espetáculos. O modelo de criação no qual o XIX estava inserido, numa criação coletiva e autoral, era uma novidade na época que se transformou na linguagem do grupo e de outros coletivos.  Atualmente, até pelo fim de muitas políticas de estado que ajudavam na manutenção desses grupos, ficou cada vez mais difícil a produção de espetáculos. Então assistir a Hysteria e Hygiene também é assistir um modelo de política pública que pensava nesse formato de criação”.

Sobre os espetáculos

Hysteria foi a primeira peça montada pelo grupo e estreou em 2001. Ganhou 5 prêmios, incluindo o de revelação teatral pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte), além de ter sido indicada para o Prêmio Shell de Teatro.

A história de passa no final do século 19, nas dependências de um hospício feminino. Cinco personagens internadas como histéricas revelam seus desvios e contradições – reflexos diretos de uma sociedade em transição, na qual os valores burgueses tentavam adequar a mulher a um novo pacto social. Cenicamente, abdica-se do palco e dos recursos de sonoplastia e iluminação, optando-se por um espaço não convencional, onde a plateia masculina é separada da feminina que é convidada a interagir com as atrizes.

O espetáculo soma mais de 350 apresentações em mais de 80 cidades brasileiras e 14 cidades no exterior. Em 2005, o grupo cumpriu uma temporada de dois meses em 8 cidades francesas por ocasião do Ano do Brasil na França. Mais tarde, em 2008, embarcou para a Inglaterra, apresentando-se em Londres e Manchester a convite do Barbican Center e do Contact Theatre. Em 2009, participou do projeto Palco Giratório do SESC, realizando apresentações em 58 cidades das 5 regiões do Brasil.

Hygiene, encenada à luz do dia, nos prédios históricos da Vila Operária Maria Zélia, é baseada em uma pesquisa sobre o processo de higienização urbana no Brasil do final do século 19, onde um grande contingente de culturas e ideias dividem o mesmo teto – o cortiço. Desse caldeirão de misturas surgem os embriões de importantes manifestações de nossa identidade, assim como as desigualdades sociais que marcam profundamente os nossos dilemas atuais.

Contando a história de operários, imigrantes, lavadeiras, meretrizes, ex-escravos, curandeiros, comerciantes do Rio de Janeiro da virada para século 20, quando a habitação virou uma questão pública e a sociedade, inspirada por modelos urbanos europeus, resolve pôr em prática a ideia de uma casa uni familiar, o Grupo XIX traz à tona as características que marcaram profundamente a construção da identidade brasileira. O samba, o sincretismo religioso, as lutas operárias, entre outras manifestações socioculturais tiveram seus embriões gerados nessas habitações coletivas.

Por esta peça o grupo foi indicado ao prêmio Shell de Teatro – 2005 e ao Prêmio Bravo! Prime de Cultura como um dos três melhores espetáculos do ano e foi premiado como melhor espetáculo no Prêmio Qualidade Brasil 2005 – São Paulo.

Mais informações pelo Instagram @grupoxixdeteatro

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  • Data: 04/05/2023 03:05
  • Alterado:04/05/2023 15:05
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