Após decepção no Mundial, judô do Brasil acende alerta para Paris-2024

Diferente do Mundial de 2022, quando conquistou dois ouros, uma prata e um bronze, o Brasil sabia que a edição deste ano seria diferente

  • Data: 17/05/2023 15:05
  • Alterado: 17/05/2023 15:05
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo
Após decepção no Mundial, judô do Brasil acende alerta para Paris-2024

Crédito:Reprodução

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Na arte do caminho suave, o Brasil passou por dificuldades. Beatriz Souza e Rafael “Baby” Silva, no último dia de competições individuais, foram os responsáveis pelas duas medalhas do país no Mundial de Judô, finalizado no fim de semana, em Doha, no Catar. Desfalcado de Mayra Aguiar, campeã do mundo em 2022, e Daniel Cargnin, medalhista olímpico, o país ficou para trás em relação a outros concorrentes e faz com que o sentimento de alerta esteja ligado.

Diferente do Mundial de 2022, quando conquistou dois ouros, uma prata e um bronze, o Brasil sabia que a edição deste ano seria diferente. Além de não contar com os medalhistas, a seleção brasileira não teve Larissa Pimenta, atleta que figura entre as melhores do mundo em sua categoria. Somado a isso, Amanda Lima e William Lima, jovens com grande destaque na base, estrearam em Mundiais adultos em 2023.

Desfalcado de dois candidatos ao pódio, a projeção de pódios da seleção brasileira caiu. Campeã mundial em 2022, Rafaela Silva decepcionou ao ser derrotada na estreia. Beatriz Souza manteve sua constância e foi ao pódio pelo terceiro Mundial seguido e Rafael Silva mostrou que vive bom momento faltando 15 meses para os Jogos Olímpicos de Paris-2024.

O que faz o sinal de alerta ficar ligado é o desempenho da equipe. Durante os dias de competições individuais, os judocas brasileiros venceram 22 lutas no total. O desempenho deixa o país atrás de Japão, França, Itália, Geórgia, Canadá, Israel e Usbequistão, países que brigam por pódio com o Brasil e fazem com que os brasileiros fiquem um pouco mais longe do pódio nas grandes competições.

De todos os brasileiros que estiveram em Doha, apenas Beatriz Souza, Rafael Silva, que conquistaram os dois bronzes do país, e Amanda Lima, que fazia sua estreia em um Campeonato Mundial, chegaram para a disputa de medalhas. Mesmo com os desfalques e com jovens compondo a equipe e começando sua trajetória em grandes competições, o desempenho ficou abaixo do esperado quando olhamos para vitórias.

Na disputa por equipes, novidade no último ciclo olímpico que acontece no último dia de competição, o Brasil foi superado pela Geórgia por 4 a 3 nas oitavas de final e não chegou na disputa por medalhas em Doha.

RAFAELA SILVA DECEPCIONA

Sem poder contar com Mayra Aguiar, fora por conta da questão física, Rafaela Silva era a grande chance real de medalha de ouro do Brasil no Mundial deste ano. Campeã do mundo em 2022 e líder do ranking mundial, a brasileira sabia da responsabilidade e decepcionou.

“Eu cheguei como uma das favoritas na competição, e, com certeza, as minhas adversárias me estudaram bastante. Acabei surpreendida por uma luta muito rápida. Até agora não entendi de tão rápida que foi”, disse Rafaela.

MEDALHAS OPOSTAS

Beatriz Souza e Rafael Silva, o Baby, salvaram o Brasil de passar em branco em um Mundial pela primeira vez em 14 anos. Contudo, os dois judocas representam caminhos opostos na modalidade nos últimos anos.

Bia Souza apareceu para o grande público no ciclo olímpico para Tóquio, disputado em 2021, quando disputava a posição de número 1 da categoria mais pesada do Brasil com Maria Suelen Altheman, que se aposentou recentemente. A medalha de bronze conquistada em Doha na última semana comprovou o excelente momento vivido pela atleta.

Mesmo vindo de uma lesão, Bia superou as adversárias e ficou entre as medalhistas pela terceira vez seguida em Mundiais, o que a faz voltar a figurar entre as melhores do mundo.

Por outro lado, Rafael Silva foi para o Mundial deste ano como o judoca mais experiente entre os homens brasileiros. Aos 36 anos, Baby foi o atleta mais velho da categoria em Doha e conquistou sua quarta medalha em Mundiais na carreira. Além disso, o judoca, dono de dois bronzes olímpicos, confirmou que os Jogos de Paris-2024 serão sua última competição como atleta profissional.

“Essa medalha no Mundial é algo que realmente coroa essa decisão (de continuar competindo após os Jogos Olímpicos de Tóquio). O que me motiva é que ainda consigo melhorar nos treinos, ainda estou melhorando aspectos técnicos. Chegar lá e colocar isso à prova, conseguir trocar de igual para igual com adversários muito mais novos, acho que me motiva bastante ainda. A sensação de conseguir ir ao bloco final, conseguir ter aquele frio na barriga da disputa por medalha… Me alimento muito desses momentos. Olimpíadas são um momento em que essa energia é dobrada. Vale a pena continuar treinando e sonhando. Falta um ano e pouquinho só. Vou me preparar bastante para essa última dança”, disse.

RENOVAÇÃO

As duas últimas campanhas do Brasil em mundiais de judô evidenciam dois pontos. Em 2022, a seleção brasileira conquistou quatro medalhas, com Mayra Aguiar, Rafaela Silva, Beatriz Souza e Daniel Cargnin, e ficou em segundo lugar no quadro de medalhas da competição. Em 2023, Beatriz Souza e Rafael Silva colocaram o país no pódio.

A repetição do nome de Bia Souza nos dois anos e a constância de Mayra, Rafael e Rafaela na última década saltam aos olhos e mostram que, mesmo com Bia e Daniel Cargnin tendo aparecido no último ciclo olímpico com bons resultados, a renovação do judô brasileiro pode ter um problema após Paris.

Rafael Silva oficializou que irá parar após a próxima Olimpíada, Mayra Aguiar já vem trabalhando com um controle maior de competições por conta das lesões e Rafaela Silva convive um pouco com as dúvidas perante seu desempenho em grandes competições.

Se olharmos para além destes nomes, o judô brasileiro mostrou no Mundial deste ano que, apesar de ter excelentes talentos na base, pode sofrer com resultados abaixo do esperado a partir do ciclo olímpico para Los Angeles-2028.

TEMPO ATÉ PARIS

O desempenho no Mundial de 2023 traz um copo que pode ser visto como meio cheio ou meio vazio. Pelo lado positivo, o Brasil conseguiu se manter entre os medalhistas mesmo sem contar com dois de seus melhores nomes na delegação e com a grande esperança de pódio caindo na primeira luta.

Pelo lado negativo, o Brasil não conseguiu evitar a queda no número de vitórias totais e a ficou fora da disputa de medalhas na disputa por equipes. Independente do olhar para o judô brasileiro após o Mundial, existe tem para se aprimorar as coisas boas e trabalhar o que não foi bom.

Na reta final para os Jogos Olímpicos, o Brasil deve passar a focar na corrida olímpica para conseguir classificar os 14 atletas, que é o número máximo, para Paris. Com a vaga garantida, os judocas buscam se colocar na melhor posição possível no ranking mundial para chegar bem na Olimpíada e conseguir manter a tradição do judô de seguir conquistando ao menos uma medalha olímpica para o país, o que acontece desde 1984.

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  • Data: 17/05/2023 03:05
  • Alterado:17/05/2023 15:05
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo









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