MAM SP se expande pelo Parque Ibirapuera com exposição inédita em realidade aumentada

‘Realidades e Simulacros’, exposição com curadoria de Cauê Alves e Marcus Bastos, explora o diálogo entre elementos virtuais e físicos no Parque Ibirapuera

  • Data: 17/07/2023 15:07
  • Alterado: 17/07/2023 15:07
  • Autor: Redação
  • Fonte: MAM São Paulo
MAM SP se expande pelo Parque Ibirapuera com exposição inédita em realidade aumentada

Vista da obra de Fernando Velázquez

Crédito:Luís Felipe Abbud

Você está em:

Explorar o diálogo entre o virtual e o físico,perceber a realidade ao redor de outra maneira e interagir com as dimensões de uma mesma experiência. Esse é o convite que a nova exposição do Museu de Arte Moderna de São Paulo traz ao público. Em cartaz a partir de 22 de julho, Realidades e Simulacros apresenta obras inéditas em realidade aumentada no Jardim de Esculturas e em diferentes pontos do Parque Ibirapuera. A iniciativa é realizada pelo MAM e conta com patrocínio da 3M por meio da Lei de Incentivo à Cultura, parceria com a Urbia e apoio da Africa Creative

Com curadoria de Marcus Bastos, artista e pesquisador na convergência entre audiovisual, arte e novas mídias, e de Cauê Alves, curador-chefe do MAM, a exposição reúne obras do Coletivo ColetoresDaniel LimaDudu TsudaEder SantosFernando Velazquez, Giselle BeiguelmanKatia MacielLucas BambozziPaola Barreto e Regina Silveira. Cada artista recebeu conviteda curadoria para criar experiências digitais, obras virtuais em realidade aumentada que integram o jogo de multiplicidades que é a exposição. 

“As obras criadas especialmente para a exposição permitem o contato com diferentes realidades e/ou simulacros e propõe um jogo de tensões que sobrepõe camadas de informação e realidade. Um jogo entre o factual e o fabulatório, entre o visto e o imaginado, entre o concreto e o inventado”, re?etem os curadores no texto que acompanha a mostra. 

“O MAM é uma instituição conectada às possibilidades oferecidas pelas novas tecnologias e busca, por meio de diferentes ações, democratizar o acesso à arte. A realização da exposição Realidades e Simulacros acontece nesse contexto. É mais uma iniciativa do museu para expandir sua atuação para além dos limites físicos e alcançar públicos diversos”, diz Elizabeth Machado, presidente do MAM. 

“É uma satisfação realizar essa exposição com o Museu de Arte Moderna e dar ao público a oportunidade de explorar os principais pontos do Parque Ibirapuera, de forma diferenciada e totalmente conectada com a nova realidade tecnológica do mundo, sem perder os encantos da beleza natural e incomparável que o lugar proporciona a quem o frequenta. A Urbia mantém iniciativas de democratização do acessoà arte e essa mostraem parceria com o MAM vem de encontro aos valores da empresa que acredita que a cultura e o lazer são componentes essenciais para o desenvolvimento humano”, comenta Samuel Lloyd, diretorComercial da Urbia. 

Obra digital,experiência presencial

No entornodo MAM, no Jardim de Esculturas, um disco voador paira sobre os visitantes. Trata-se de Rasante (2023), obra de Regina Silveira. A artista dialoga com o imaginário da ?cção cientí?ca, muito presente em ?lmes e histórias em quadrinhos, e cria um disco voadorque se coloca em relaçãoà arquitetura de Oscar Niemeyer, no Parque Ibirapuera. “A sobreposição entre a realidade e a ?cção ecoa a combinação entre o radioteatro e a notícia jornalística. Em 1938, uma transmissão de rádio do diretor de cinema norte-americano Orson Welles causou pânico ao dramatizar A Guerra dos Mundos, de Herbert George Wells. Entretanto, no século XXI o trabalho de Regina Silveira tende a gerar mais fascínio do que medo”, comentam os curadores. 

Sombras pouco nítidas sugeremum percurso por uma ?orestade sons plantada no entorno da Praça da Paz. Em RevoAR :: a Vida é uma Utopia (2023), Dudu Tsuda convida o visitante a utilizar fones de ouvido para adentrar uma paisagem sonora que misturasons da Mata Atlântica originalmente existente na região do Ibirapuera com sons de animais da região, de espíritos da ?oresta e de entidades fantásticas criadas a partir das cosmovisões dos povos originários brasileiros. 

Alinhadas entre o MAM São Paulo,a Oca e o Pavilhãoda Bienal de São Paulo,uma escultura digital do
Coletivo Coletores reúnecorpos que representam três povos: latinos, africanos e resistentes de outras partes do globo. Monumento à Resistência dos Povos (2023) apresenta ?guras brancas como o mármore em posição de defesa e aborda a ideia de contra monumentos ao problematizar questõessobre a cidade, a memória e a violênciacotidiana sofrida pela população. 

Em Rádio Detín (2023), Paola Barreto leva ao entorno da Oca imagensde um manto branco que carrega sons gravados pela artista em uma viagem ao Benim. A obra é um convite para interagir com as árvores do Ibirapuera pelas lentes de uma experiência visual e sonora que oscila entre o documental e o poético. O percurso permite re?etir sobre um espectro amplo de sentidos da ancestralidade. A natureza e as culturas que antecederam o colonialismo são entendidas pela artista como vetores que permitem pensar um tempo que está além da duração da vida humana. 

Flutuando no Parque e re?etindoseu entorno, entreo MAM e o pavilhãoda Bienal de São Paulo,a enorme Bolha (2023), de Katia Maciel, apresenta um aspecto lúdico. Em geral, as bolhas duram pouco. Elas estouram quandoa elasticidade que surge da junção das moléculas de detergente e água serompe com a evaporação. Mas na obra A Bolha, esse momento é alargado, o instante em que a bolha estoura parece nunca chegar. Para os curadores, “no sentido metafórico, estourara bolha é também alargarnossos horizontes, é nos relacionarmos com realidades diversas. A artista nos faz pensar que talvez a bolha em que vivemos seja mais resistente do que imaginamos, já que o dentro e o fora da bolha, o simulacro e a realidade, permanecem”. 

Lucas Bambozzi explora processos de reconhecimento de padrões por meio de Incerteza arti?cial (2023), obra realizada a partir de inteligência arti?cial que escaneiaa região entre a Ponte Metálica, a Praça da Paz e seu entornono Ibirapuera, nomeando o que encontra. Mas, para os algoritmos, as coisas nem sempre parecem ser o que são. Neste processo, os equívocos geram instabilidades resultantes dos limites da capacidade que as máquinas têm de identi?car seres ou coisas. 

Em Brejo das delícias (2023), Giselle Beiguelman faz uma incursão na história do Parque Ibirapuera, a partir de uma pesquisa das espécies nativas, anteriores à sua urbanização. Com base em estudos botânicosda ?ora paulistana, foram identi?cadas cerca de 50 espécies que habitavam sua área originalmente alagadiça. Inspiradas em ilustrações botânicas, as criaturas aqui apresentadas foram feitas com inteligência arti?cial, fundindo as espécies originárias em novos seres vegetais, que ganham vida por meio de recursos de realidade aumentada. Dessa forma, abordamtambém a diversidade das imagens técnicas que povoam nossas noções de natureza e paisagem. 

Logo em frente ao Planetário do Ibirapuera, Eder Santos posiciona a pirâmide nomeada Ouragualamalma (2023)A pirâmide é uma ligação entreo céu e a terra, uma arquitetura que conecta ambos, é uma imagem ancestral que se refere tanto a uma realidade anterior à colonização, quanto a uma realidade decolonial. 

Fernando Velázquezleva ao Lago do Ibirapuera uma criatura feita de elementos orgânicos, vegetais e minerais. Com Górgona 01 (2023), o artista re?ete sobre um modo de viver em um planeta recon?gurado por suas catástrofes. A aparição da criatura no Lago pode surpreender tanto pelo caráter quimérico quanto pelo aspecto de porvir, re?etindo sobre os caminhos por onde o antropoceno pode levar a vida. 

Em outro ponto do Lago, próximoao Portão 09 do Ibirapuera, Daniel Lima apresenta uma réplica da embarcação usada por Pedro Álvares Cabral na invasão da América em 1500. Reconstruída pelo governo brasileiro para homenagear os 500 anos de descobrimento do Brasil, por erros no projeto e problemas técnicos, ela naufragou e não participou do evento o?cial emPorto Seguro, no ano 2000. Com seu Monumento à Colonização (2023), o artista propõe, não sem ironia, um “monumento inverso” que aponta para o modo como esse tipo de celebração revela nossa mentalidade colonizada e incapaz de projetar um futuro emancipado para o país. 

A jornada de visitação pode ser realizada de diferentes formas e trajetos. É possível fazer o percurso andando a pé, de bike ou com o Ibira Tour, um passeio feito em carrinhos elétricos com guias da Urbia.

Dentro do Parque,haverá, também, sinalizações físicas instaladas em locais próximos às obras para otimizar o percurso do público. Ainda que as obras sejam digitais, a exposição foi desenvolvida para ser vista presencialmente no Parque, com o uso do celular, pelos mais de 55 mil visitantes que transitam diariamente ali. 

Nem site, nem aplicativo 

O conjunto de obras em realidade aumentada foi instalado em diferentes pontos do Ibirapuera por meio de georreferenciamento – um processo de sistema de referência – e pode ser acessado pelo celular, através de uma plataforma criada para a exposição.

A plataforma realizada para a mostra não é um site e nem um aplicativo, é um meio que conectao virtual ao físico. Não é necessário fazer download para acessar, pois ela está integrada ao site do museu e também pode ser acessadapelo celular direto no link MAM

O projeto expográ?co digital foi pensado a partir do conceito do cubo brancoe concentra elementos que ajudam na jornada de visitação: a lente, uma espécie de câmera pela qual o visitante pode ver e fotografar as obras; o mapa, que apresenta a localização das obras no Parque e ajuda o visitante a chegar até os pontos; e a ?cha catalográ?ca, que concentra sinopses das obras, informações sobre os artistas e referências utilizadas no processo de pesquisa e criação dos trabalhos. 

O desenvolvimento de Realidades e Simulacros contou com uma equipe técnica formadapor Luís Felipe Abbud, do Estúdio Hiper-Real, responsável pelos modelos 3D e animações das obras; Bruno Favaretto Renato de Almeida Prado, do Museu.io, que realizaram a programação da exposição, e Celso Longo Daniel Trench, do cldt design, que assinam a identidade visual. 

Sobre a expogra?a digital, Bruno Favareto e Renato de Almeida Prado explicam: “buscamos assim uma estética minimalista que auxiliasse os visitantes em seu ?uxo pelo Parque e no uso da tecnologia em si, mas que ao mesmo tempo permitisse a experiência com a obra de forma isolada ou com o mínimode informação
desejada”. 

Para além das paredes do museu 

Realidades e Simulacros é mais uma iniciativa do Museu de Arte Modernade São Paulo para expandir suas fronteiras físicas e proporcionar experiências que utilizem linguagens contemporâneas para impactar públicos diversos, traduzindo poéticas artísticas e cultura por meio da tecnologia digital. 

A exposição dialoga conceitualmente e dá continuidade aos pensamentos das ações realizadas em 2020 e 2021. No primeiro, o MAM levou obras emblemáticas de seu acervo para as ruas de São Paulo por meio de projeções em grande escala em empenas cegas de edifícios da cidade. A iniciativa surgia como resposta às dinâmicas sociais impostas pela pandemia de covid-19 e buscava democratizar o acesso à arte. Já em 2021, em parceria com Microsoft e a Africa Creative, o museu lançou um projeto educativo inédito no jogo Minecraft: “MAM no Minecraft”, uma combinação de arte, educação e games, com reproduções do espaço do museu e de obras do acervo, jogos pedagógicos, atividades lúdicas e propostas de aulas. 

Realidades e Simulacros integra a programação comemorativa dos 75 anos do MAM e 30 anos do Jardim de Esculturas. No decorrer do período expositivo, serão anunciadas ativaçõesna exposição realizadas pelo Educativo do museu, como visitas mediadas, o?cinas a partir dos temas e obras, e outros.

Serviço:

Realidades e Simulacros

Mostra coletiva com Coletivo Coletores, Daniel Lima, Dudu Tsuda, Eder Santos, Fernando Velazquez, Giselle Beiguelman, Katia Maciel, Lucas Bambozzi, Regina Silveira e Paola Barreto.

Curadoria: Cauê Alves e Marcus Bastos

Abertura: 22 de julho, sábado, às 11h

Período expositivo: 23 de julho a 17 de dezembro de 2023

Local: entorno do Jardim de Esculturas, Praça da Paz e região dos Lagos do Ibirapuera

Endereço: Avenida Pedro Álvares Cabral, s/nº – Entrada pelos portões 1, 3, 9 e 10 Entrada gratuita

Compartilhar:

  • Data: 17/07/2023 03:07
  • Alterado:17/07/2023 15:07
  • Autor: Redação
  • Fonte: MAM São Paulo









Copyright © 2024 - Portal ABC do ABC - Todos os direitos reservados